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‘O Atlético é a minha grande chance’ afirma Ricardo Drubscky

20 mai 2013 - 09h49
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Três meses inteiros apenas treinando os jogadores, sem ir a campo por uma partida oficial. Uma situação muito inusitada no futebol brasileiro, mas pela qual passou o técnico Ricardo Drubscky no Atlético. E por opção. O clube escalou o time sub-23 no Campeonato Paranaense. O elenco principal apenas realizou trabalhos físicos, técnicos e táticos, fez amistosos no exterior e foi estrear em março, na Copa do Brasil. Situações fora do comum não são novidades para este treinador de 53 anos. No ano passado, Drubscky foi contratado para comandar o Furacão na Série B, após a demissão de Juan Ramón Carrasco. Ficou apenas dois jogos e depois deu lugar a Jorginho, passando a trabalhar no sub-23. No entanto, oito rodadas depois, lá estava ele retornando ao comando do time A. Uma experiência que ele acredita ter sido fundamental para o acesso do rubro-negro à elite do futebol brasileiro.

– Voltei de uma forma iluminada. Foi uma história diferente. Sempre se tem algo de especial quando alguém faz sucesso. Se tivesse sido orgulhoso e fosse embora, talvez estivesse em time de pequeno porte até hoje – declarou

Drubscky, que espera que esta história diferente vivida atualmente possa terminar novamente com um final feliz. Em entrevista ao LANCE!, o

técnico do Atlético fala sobre a longa preparação do time para o Brasileiro, a condição do atual elenco, as apostas, e vê o atual momento do Furacão como o grande marco da sua carreira.

Como está a expectativa para a Série A do Brasileiro?

Lógico que é a melhor possível. Mantivemos a base que subiu e fizemos bons jogos este ano pela Copa do Brasil. O grupo é jovem, está buscando espaço no cenário nacional, com uma ideia de jogo interessante e coisas boas à volta, como a estrutura que o Atlético oferece.

Até onde acredita que o Atlético possa chegar?

Não gosto de fazer esse tipo de previsão. São 38 jogos e ficar fazer contas é dificil. Estamos bem preparados e pensando jogo a jogo, para depois buscar nosso espaço e almejar até onde podemos chegar.

Até agora, o Atlético fez apenas três jogos oficiais no ano. Quais são os prós e contras disto?

Considero que fizemos seis jogos oficias, porque para mim a Marbella Cup era oficial, com dificuldade grande, mas foi um número pequeno realmente (no torneio, realizado na Espanha, o Furacão goleou o Ludogorets Razgrad, por 6 a 2, venceu o Dínamo Kiev por 1 a 0 na semifinal e,

venceu por 1 a 0 a decisão sobre o Dinamo Bucareste). Em contrapartida, fizemos semanas de treinamentos muito boas. Não tenho como avaliar, é uma experiência nova e vamos ter que sentir ao longo da competição. O que eu espero é que o time não sinta a falta de ritmo.

Apesar da mesma base, quais são as diferenças do Atlético de 2012 para 2013?

Estamos com quase a mesma base, mas em processo de evolução nos treinamentos. A linha de trabalho é a mesma, os jogadores são os mesmos, a comissão técnica é a mesma, então estamos buscando melhorar a nossa condição de jogo.

E qual a diferença de se disputar uma Série B e uma Série A?

Como treinador, disputei uma Série A pelo Ipatinga (em 2008). Já como coordenador e diretor de futebol, foram várias. A diferença é que tem um pouco mais de ritmo, um nível técnico melhor. Mas isso depende das equipes. Na Série B, é uma disputa pelo acesso, pelo ouro. Tem muito mais ansiedade, um ritmo mais acelerado.

Quais as principais dificuldades que o time pode encontrar?

Não sei dizer. Temos um bom grupo nas mãos e tudo que um clube pode oferecer em estrutura. Acreditamos no nosso trabalho. Talvez as dificuldades possam ser os adversários fortes, mas com certeza vamos oferecer dificuldades para eles.

Não ter a Arena por mais um ano pode dificultar a campanha?

Somos um grupo que ainda não conhece a Arena, não acho que vá fazer falta. A diretoria fez um acordo muito interessante com a Vila Capanema para ficarmos em Curitiba. Vamos ter o nosso torcedor do lado.

Da garotada que veio do sub-23, tem algum que você acha que possa se tornar titular rapidamente?

Por ser garotada, não gosto de citar nomes, mas um menino igual ao Douglas Coutinho, que foi um dos artilheiros do Paranaense, é claro que se destaca. Tem apenas 19 anos, fez gol em quase todos os jogos e se destacou muito. Assim como outros garotos. “Puxamos” sete no total. O Santos já estava conosco e é um excelente goleiro, o Léo foi contratado para o time principal e repassamos para o sub-23. Todos vão nos ajudar e dar o tempero de juventude ao grupo. Tem também o Crislan, Rafael Zucchi, Marcos Guilherme e Zezinho.

Qual a importância dentro e fora de campo dos mais experientes, como Paulo Baier e Elias?

É fundamental. O Paulo é o ídolo maior. É o cara que identifica o time com a torcida. Ele vem sendo um símbolo importante, os meninos o respeitam muito. Trabalho aqui há três anos, dois como diretor e um como treinador. Já trabalhei em outros clubes e vejo no Atlético um clube

muito especial, e o Paulo Baier sabe se colocar à altura do clube, ser referência. O Elias é experiente, como o João Paulo e outros jogadores com bagagem. É bom ter essas referências.

Qual a sua avaliação sobre o espanhol Fran Mérida?

O Mérida já entrou em dois jogos, mas por termos feito poucos jogos eu utilizei poucos jogadores também. Ele está nos nossos planos, tem talento na distribuição de jogo e na visão de jogo. É um excelente jogador, que já defendeu a seleção da Espanha na base.

Você ainda espera mais reforços para o Brasileirão?

Estamos ainda aguardando um ou dois jogadores. Depois que começa a competição, aparecem carências que precisam ser ajustadas. Nunca se pode fechar as portas para contratações.

Esta pode ser a grande oportunidade de sua carreira?

Eu tenho 30 anos de profissão. Como treinador, 22 anos, pelo menos. Já fui gestor de grandes clubes e esta função me deu uma formação extra, por não ter sido atleta. Já dirigi times das Série B e C, fui campeão de Copa São Paulo três vezes, de Série D do Brasileiro, subi para a Série A. Agora é o Atlético que está sendo para mim uma grande oportunidade. Estou há quase um ano aqui e me sinto muito maduro. Este ano é o ano de fixação da minha condição de treinador. Estou confiante nisso.

No ano passado você chegou, comandou o time em apenas dois jogos e perdeu o cargo. Depois que você voltou a ser o treinador. Isso mexeu com você?

Faz parte do futebol brasileiro. Tudo acontece aqui. Após os dois jogos, o presidente ficou indeciso e me realocou para o sub-23. Pensei muito e

não imaginava que voltaria tão rápidamente. O presidente me pediu muito para ficar, porque precisava de mim. Eu não estava me sentindo carta fora do baralho. Aceitei de peito aberto e fiz o meu melhor.

Você acha que foi importante dessa sua reciclagem?

Eu me comprometi a voltar, mas sem “retorno”, senão ficaria desagradável. Voltei, mas parece que de uma forma muito iluminada. Voltei com prestígio, o grupo me abraçou e nem tivemos tempo de olhar para trás. Foi uma vitória atrás da outra e uma trajetória meteórica. Tivemos performance de campeão, em uma Série B em que tudo estava fora da curva. Três, quatro times com 71 pontos, algo que era campanha de

campeão. Não vai acontecer mais. Foi uma história diferente. Sempre se tem algo de especial quando alguém faz sucesso. Se tivesse sido or-

gulhoso e fosse embora, talvez estivesse em time pequeno até hoje. Já fui cogitado até em alguns clubes grandes do Brasil. Foi especial para

seguir minha carreira e buscar meus objetivos.

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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