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Paraguaios tentam confirmar volta ao olimpo em final da Libertadores

16 jul 2013 - 20h26
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Fazia uma década que o Decano do futebol paraguaio não disputava uma final de um torneio continental. Nesta quarta-feira, contra o Atlético-MG, o Olimpia reviverá o protagonismo sul-americano que desfrutou com os seus três títulos de Copa Libertadores (foi campeão 1979, 1990 e 2002) e dois de Recopa (1991 e 2003) após superar temporadas que representaram uma mancha negra em sua história - tal qual aquela no centro do uniforme da equipe.

"Depois de 11 anos, voltamos a uma final da Libertadores. Isso é muito importante para nós, pois ninguém acreditava mais que o Olimpia fosse capaz de um feito desses", comentou o zagueiro Julio Manzur, um dos que mais conhecem o futebol brasileiro, já que atuou no Santos em 2006. "Para mim, também foi um recomeço. Fiquei sete meses sem jogar antes de chegar ao Olimpia (estava no Guaraní, também do Paraguai) e, graças à torcida e à direção, agora vou disputar uma decisão."

Enfrentando problemas financeiros que culminaram na saída do folclórico presidente Marcelo Recanate, substituído por Oscar Netto, o Olimpia de Julio Manzur teve a sua última grande glória internacional justamente contra um clube brasileiro, em uma final de Libertadores. No ano do seu centenário, 2002, o time paraguaio bateu a então sensação São Caetano nos pênaltis e deu uma grande "volta olímpica" no Pacaembu."O Olimpia é copeiro. Já ganhou a Libertadores três vezes. Assisti aos melhores momentos do jogo deles contra o time da Colômbia (Independiente Santa Fe). Perderam por 1 a 0, mas era para terem tomado 6 a 1. Há muito tempo que não via um jogo assim, com a bola batendo no goleiro, na trave... Parece um time predestinado em finais e, por isso, o Atlético tem de tomar muito cuidado", advertiu Jair Picerni, técnico do São Caetano naquela ocasião.

A tradição justifica o discurso do comandante que envergava as mesmas cores do Cruzeiro em 2002. A história mais recente, não. Campeão intercontinental em 1979, o Olimpia deixou de inspirar medo em seus rivais ao ficar 11 anos sem ganhar nem sequer um título paraguaio - levantou novamente o troféu nacional apenas em 2011. Na pré-temporada para 2013, as dívidas fizeram com que alguns jogadores rejeitassem as concentrações - o técnico Ever Hugo Almeida também não pôde alugar o Yatch e Golf Club, como queria, para preparar a equipe.

Para piorar, o lateral esquerdo Sebastián Ariosa desabafou ao descobrir um câncer no mediastino recentemente e passou a considerar a aposentadoria. "Não recebo o meu salário há nove meses. A situação está insustentável. Não há mais paciência. Quando se ouve a palavra câncer, qualquer um se abate", declarou o uruguaio à imprensa paraguaia. Na mesma época, o capitão Richard Ortíz deixou o Olimpia para defender o Toluca, do México.

Com tantos problemas, contudo, o time mais antigo do Paraguai se comportou como um verdadeiro Rei de Copas, conforme se propaga. Assim como nos tempos em que o holandês William Paats (considerado o "pai" do Olimpia e do futebol no país sul-americano) cativava seguidores para a equipe, os comandados de Ever Hugo Almeida passaram a contagiar os torcedores alvinegros de Assunção com a boa campanha na Libertadores de 2013. Sem economizar nem sequer unhadas.Para superar o Fluminense nas quartas de final, os jogadores do Olimpia assumiram com orgulho a opção por uma estratégia violenta. O principal alvo era o centroavante Fred, que teria gozado da crise financeira dos paraguaios. "Ele queria se agigantar sobre nós, falando de dinheiro. Disse a Hernán Pérez que achava fácil jogar futebol, pois ganhava R$ 1 milhão", acusou o zagueiro Salustiano Candia. "Nós nos revezamos para bater no Fred. O Manzur deu uma forte, mas o árbitro não viu. As manhas valem muito", completou. Segundo o auxiliar Iván Almeida, os atletas paraguaios nem sequer foram à manicure "para ficar com as unhas bem grandes para Fred".

Nas semifinais, o Olimpia soube agarrar o seu bom momento com unhas e dentes. Os resultados positivos deram confiança para a equipe paraguaia, que começou a "avistar um Belo Horizonte", como definiu o veterano atacante uruguaio Juan Manuel Salgueiro. "Tudo vai depender do nosso desempenho dentro de casa. Acredito muito, pois o Olimpia é uma equipe com história, que já ganhou três Copas Libertadores. É preciso respeitar o que o clube construiu", avisou o jogador, que marcou cinco gols no torneio e reabilita-se de contusão.

Salgueiro tem mais um motivo para estar otimista. Em 2009, ele era um reserva de luxo do Estudiantes que conquistou a Libertadores em cima do Cruzeiro, no mesmo Mineirão da decisão de 2013. "É interessante que a final seja no mesmo local, mas são campeonatos diferentes. Desfrutei o anterior de outra maneira. A Libertadores de 2009 foi muito linda e eu me orgulho de ter pertencido àquele plantel. Tomara que tudo aconteça para o Olimpia como foi com o Estudiantes e que eu seja campeão novamente", declarou o uruguaio.

Da mesma maneira que seus companheiros, no entanto, Salgueiro não deixou de ser respeitoso ao Atlético-MG. Ele e os demais jogadores do Olimpia citaram a presença de Ronaldinho Gaúcho para enaltecer o adversário. Curiosamente, o clube paraguaio também guarda uma boa recordação do astro brasileiro: na Libertadores de 2012, no meio de sua reestruturação, alcançou um empate por 3 a 3 com o Flamengo (então defendido pelo meia, autor de um gol de pênalti na partida) após estar perdendo por 3 a 0 no Engenhão.

Mas, em se tratando do histórico de confrontos com o Olimpia, a vantagem é do Atlético-MG. Em 1972, no primeiro encontro entre os clubes pela Libertadores, ocorreram dois empates: por 0 a 0 e por 2 a 2. Em 1981, houve novo 0 a 0 no Paraguai, porém também um triunfo por 1 a 0 dos brasileiros em casa. Em 1992, no 90º aniversário do Decano, a equipe de Belo Horizonte conquistou o título da Copa Conmebol ao ganhar por 2 a 0 como mandante e perder por 1 a 0 como visitante. O retrospecto negativo foi mencionado no site oficial do próprio clube paraguaio, com um adendo: "É hora de reverter as estatísticas".Não é somente o Olimpia que pretender mudar os números negativos. Sem as mesmas glórias de seu oponente, o Atlético-MG entrará em campo também para construir uma nova história a partir desta quarta-feira - com o sonho de adentrar o olimpo dos campeões da Libertadores, onde os paraguaios já estiveram três vezes.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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