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Patrocinadores pressionam Fifa após novo escândalo de corrupção

28 mai 2015 - 08h23
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A Fifa deve iniciar nesta quinta-feira seu congresso anual, apesar de alertas de patrocinadores de que podem rever seus contratos após a prisão de sete dirigentes acusados de corrupção.

A Visa diz que vai rever seu contrato se a Fifa não fizer mudanças. A Coca-Cola e a Adidas expressaram preocupação.

A Nike, patrocinadora da CBF, disse em comunicado que estava cooperando com as autoridades, apesar de não ter sido citada na denúncia da Justiça americana.

Uma parte da nota divulgada na quarta-feira pelo Departamento de Justiça americano se refere a uma investigação específica de possíveis irregularidades em um acordo de patrocínio "de uma grande empresa de roupas esportivas dos EUA" para a CBF.

Sete dirigentes da Fifa foram presos na quarta-feira acusados de corrupção; mais um oitavo se entregou.

A Fifa baniu provisoriamente de atividades relacionadas ao futebol 11 dos 14 acusados pela Justiça americana. Eles são suspeitos de crime organizado, fraude e lavagem de dinheiro.

Mas a entidade diz que a eleição de sexta-feira - na qual o presidente da Fifa, Joseph Blatter, busca um quinto mandato - será mantida.

Blatter, que não foi citado na denúncia, disse em comunicado que "essas más condutas não tinham lugar no futebol e vamos garantir que aqueles que se envolveram nisso sejam tirados do jogo".

Ele deve fazer sua primeira aparição desde as prisões nesta quinta, no congresso da Fifa. Mas ele já cancelou sua presença em uma conferência de medicina - seu porta-voz disse que "por razões óbvias".

Promotores da Suíça abriram uma investigação separada da americana sobre o processo de escolha do país-sede das Copas de 2018, Rússia, e de 2022, Catar.

Patrocinadores

Com as denúncias de corrupção, os patrocinadores mais importantes da Fifa e do futebol se pronunciaram, aumentando a pressão sobre a Fifa por mudanças.

Veja abaixo como as empresas se posicionaram:

Visa - "Esperamos que a Fifa tome atitudes rápidas e imediatas para resolver essas questões. Se a Fifa falhar na tarefa, já informamos que iremos rever nosso patrocínio."

Coca-Cola - "Esta longa controvérsia manchou a missão e os ideais da Copa do Mundo da Fifa."

Nike - "Como fãs em todo o mundo, somos apaixonados pelo jogo e estamos preocupados pelas acusações gravíssimas" diz o comunicado, de acordo com a agência Reuters. "A Nike acredita no jogo limpo e ético tanto nos negócios quanto no jogo e se opõe fortemente a qualquer forma de manipulação ou suborno. Nós temos cooperado, e vamos continuar a cooperar, com as autoridades."

Adidas - Disse que está "inteiramente comprometida em criar uma cultura que promova os mais altos padrões de ética e conformidade, e esperamos o mesmo dos nosso parceiros."

McDonald's - Disse que os últimos acontecimentos são "extremamente preocupantes" e que monitorava a situação de perto.

Hyundai Motor - Disse que estava "extremamente preocupada sobre os procedimentos legais contra alguns executivos da Fida e que vai continuar monitorando a situação de perto."

Os patrocinadores da Fifa tem suas marcas exibidas em estádios e o direito de usar a marca da Fifa em suas propagandas.

Reações

A Uefa, entidade ligada à Fifa que comanda o futebol europeu, reagiu aos últimos acontecimentos dizendo que eram um "desastre para a Fifa e manchavam a imagem do futebol como um todo".

A entidade disse que a corrupção estava profundamente enraizada na cultura da Fifa. Afirmou ainda que o congresso da Fifa corria risco de virar uma farsa e que a votação deveria ser adiada.

Já a CBF, em nota oficial, disse que "apoia integralmente a investigação" e que "aguardará, de forma responsável, sua conclusão, sem qualquer julgamento que previamente condene ou inocente."

'Ano após ano'

Os suspeitos são acusados pela Justiça americana de receber subornos e propinas estimadas em mais de US$ 150 milhões em um período de 24 anos (desde 1991).

A secretária de Justiça dos EUA, Loretta Lynch, disse que executivos da Fifa "usaram suas posições para pedir propinas. Eles fizeram isso várias vezes, ano após ano, torneio após torneio".

"Os réus promoveram uma cultura de corrupção e ganância que criou um campo injusto no maior esporte do mundo", disse o diretor do FBI James Comey.

Os sete presos em Zurique foram o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, os vice-presidentes da Fifa Jeffrey Webb e Eugenio Figueredo, além de Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas e Rafael Esquivel. Eles podem ser extraditados para os EUA.

Eles foram banidos de atividades esportivas pela Fifa, assim como Jack Warner, Nicolas Leoz, Chuck Blazer e Daryll Warner.

Jack Warner, que já foi vice-presidente da Fifa, se entregou à polícia em Trinidad e Tobago, onde vive, na noite de quarta-feira. Ele é acusado de pedir US$ 10 milhões em propinas do governo da África do Sul para que sediassem a Copa do Mundo de 2010.

Warner - que pagou fiança de US$ 395 mil, mas passou a noite na cadeia devido à problemas burocráticos - diz que é inocente.

Leoz, de 86 anos, está hospitalizado com gripe. Seu advogado, Fernando Barriocanal, disse que o paraguaio estava surpreso com as acusações e pronta para se defender.

Acusações

Segundo a secretária de Justiça dos EUA, as acusações incluem:

- recebimento de propinas para negociar direitos de marketing e transmissão de torneios

- subornos para influenciar decisões sobre onde as competições aconteceriam - incluindo a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e a Copa América de 2016, nos EUA

- crime organizado

- lavagem de dinheiro

- obtenção de dinheiro por meios fraudulentos

Em um segundo caso, promotores da Suíça abriram procedimentos criminais "contra pessoas suspeitas de crime de má conduta de gerenciamento e lavagem de dinheiro relacionadas à escolha dos países-sedes das Copas de 2018 e 2022."

A polícia suíça interrogará dez executivos da Fifa que participaram da votação para escolher a Rússia e o Catar.

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