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Presidente do Coritiba dispara: ‘O diálogo com o Atlético é difícil‘

22 abr 2013 - 16h37
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Villson Ribeiro de Andrade talvez seja um dos principais responsáveis pela reestruturação do Coritiba. Após o rebaixamento à Série B em 2009 e a interdição do Couto Pereira devido aos incidentes após o empate em 1 a 1 com o Fluminense, o atual presidente chegou à diretoria em 2010. Dois anos depois, tornou-se o mandatário coxa-branca.

Em entrevista ao LANCENet!, Vilson analisa sua gestão em frente ao Alviverde e o atual momento do futebol brasileiro, explica conquistas fora de campo, como a volta de Alex e a reforma no Couto Pereira e fala da sua relação com o Atlético-PR e o presidente Mário Celso Petraglia.

Como o senhor avalia os atuais campeonatos estaduais?

Entendo que os torneios estaduais são importantes. Um exemplo foi a decisão do primeiro turno do atual Paranaense, com 30 mil pessoas no estádio, em Londrina. E também há jogadores jovens que se destacam na competição e equipes maiores contratam. Uma mudança precisa acontecer, mas no calendário, que deve ser mais racional. Aí você consegue ter um espaço maior para a competição. Vejo que campeonatos como o Paulista não são deficitários. O nosso, infelizmente, ainda é.

Qual a importância de uma possível conquista do tetracampeonato paranaense?

Como tenho dito, o tetracampeonato não é um canequinho, mas um esforço de pessoas bem intencionadas. Somente quem ama seu clube sabe o valor de um título. Temos há muitos anos a hegemonia no Paraná e, para a rivalidade local, se manter na frente é fundamental.

O futebol paranaense conta com bons dirigentes?

O futebol paranaense hoje tem pessoas que prestam serviços relevantes, como Joel Malucelli, que é comprovadamente um empresário de sucesso. Em Londrina, tem o Sérgio Malucelli, que fez um investimento enorme e conta com um dos melhores CTs do país. Temos em Cianorte um grande empresário. O próprio Operário tem representado o nosso futebol muito bem. Na Copa do Brasil, nesta semana, os times do estado eliminaram os paulistas. Tratar de forma pejorativa os dirigentes daqui é algo infeliz.

Como está a relação do Coxa com o Furacão e, principalmente, a sua relação com o Mário Celso Petraglia, após o desentendimento do ano passado?

O Atlético, como instituição, é nosso adversário, mas não nosso inimigo. Me recuso a usar esta palavra. Nós, dirigentes, somos meros passageiros e não temos procuração para agir em nome próprio, mas a representação para buscar o melhor para as instituições. Quando alguém se intitula acima da instituição, se comete um equívoco. Minha relação com os atuais dirigentes do Atlético é dificultada por questões de relacionamento. Mas o Coritiba, sempre estará aberto ao diálogo.

O Atlético ter outra vez indicado o Couto Pereira à Federação Paranaense de Futebol para uma partida (NR: ocorreu isso no Atle-Tiba que acabou sendo realizado na Vila Olímpica) sem avisar o Coxa, dificulta a relação?

Esse tipo de atitude só cria uma situação de constrangimento a todos. O diálogo fica difícil e questionamos qual o objetivo disso.

Presidente está contente com o momento vivido pelo Coxa (Foto: Divulgação/Site oficial do Coritiba)

No começo do mês, o senhor se reencontrou com o Petraglia na reunião visando ao retorno da Copa Sul-Minas. Como foi o reencontro?

Tenho minhas visões. Mas como defendo os interesses do Coritiba, não sou a pessoa física, e sento na mesa com quem quer que seja, desde que seja para defender os interesses do Coritiba. Tivemos uma reunião inteligente, sem nenhum problema pessoal.

É possível de fato o retorno da Copa Sul-Minas?

As arestas são o grande problema. Estaduais não podem ser abandonados, nem as federações e a CBF, a quem somos filiados. A vontade dos clubes é uma, mas, se não puder viabilizar o investimento financeiro, não há chance.

Como analisa sua gestão até agora no Coritiba?

Pegamos o clube em janeiro de 2010 em uma situação de calamidade. O clube estava na Série B, praticamente condenado pelas invasões que aconteceram. Houve a interdição do estádio,a perda da autoestima do torcedor, uma série de problemas trabalhistas e dívidas a credores e fornecedores. Foi um trabalho difícil para equilibrar o clube. Por ano, cerca de 20% a 25% do nosso orçamento é para pagar dívidas acumuladas. Ainda é um momento difícil, mas o Coritiba hoje tem uma condição bem melhor.

Mesmo diante das dificuldades, o Coxa venceu três Paranaenses, retornou à Série A do Brasileirão e decidiu duas Copas do Brasil. Como conseguiu, apesar de tudo?

Foi um trabalho muito forte, com uma visão muito clara do nosso produto. Temos que estar sempre investindo. Contratamos muitos jogadores jovens. Este ano procuramos dar um salto de qualidade, ao trazer jogadores rodados como Alex, Deivid, Bottinelli, Leandro Almeida. Mas o sucesso, ou insucesso, a gente não domina no futebol. Em 2012, tivemos vários titulares no departamento médico. O Coritiba teve gastos enormes com atletas que não utilizou.

Com as novas cotas de televisão, a diferença entre os clubes parece aumentar. Como o senhor vê o atual momento do futebol brasileiro?

O futebol vive um momento difícil, pois é deficitário no mundo todo. Só o alemão não é deficitário na Europa. No Brasil, estamos vivendo a bolha da Copa-2014. Ela está trazendo uma série de expectativas e os clubes tiveram alto investimento da TV. Em 2012, o Corinthians arrecadou R$ 350 milhões, mas isto não vai ter continuidade. Como os clubes estão fazendo contratos longos e antecipando as verbas da televisão, muitos não vão começar 2014. Se não houver racionalidade e equilíbrio, vamos ter sérias dificuldades nos clubes do Brasil. Muitos só não estão em falência, por uma legislação especifica.

Como o Coritiba pode se manter entre os melhores no Brasileirão, nessa situação?

Com inteligência e buscando alternativas, que não sejam só a televisão. Ajuda dos empresários paranaenses, dos torcedores. Com eles, vamos aumentar a nossa qualidade.

Alex é visto como a maior contratação da História do Coritiba (Foto: Felipe Gabriel)

O clube já está melhor financeiramente para fazer investimentos como os deste ano?

Investimos muito porque buscamos posições melhores do que nos últimos anos. Queremos estar entre os seis, sete melhores do Brasil e ter uma conquista nacional. Isto consolida a autoestima e também os investimentos que estamos fazendo.

A torcida pode sonhar com o título do Brasileirão este ano?

O Campeonato Brasileiro é o mais difícil do mundo. Claro que sonhamos com o título, mas é uma luta difícil. Conseguirmos vaga na Libertadores já seria um prêmio muito grande.

E a Copa do Brasil?

A Copa do Brasil está mais difícil. Mas ir às oitavas é obrigação, por termos sido vice-campeões nos últimos dois anos.

Qual foi o tamanho do prejuízo na semana passada, quando o clube viajou à Paraíba e não jogou contra o Sousa?

Nosso prejuízo é mais psicológico. O time viajou até Juazeiro do Norte, depois mais três horas e meia de ônibus, aí suspenderam o jogo. Temos de administrar isso, e dar tranquilidade ao elenco. A questão financeira vamos avaliar com calma.

Como se sente sendo o presidente que repatriou o Alex?

Sempre digo que foi uma grande alegria. O Alex tinha propostas financeiras melhores, mas, além do amor ao clube, gostou do planejamento de reestruturação do Coritiba. Ele tem aspectos positivos, não só em investimentos, mas também de valores imensuráveis, como a relação com jovens atletas e a liderança no grupo.

Time do Coritiba já foi duas vezes vice-campeão da Copa do Brasil no comando de Vilson (Foto: Felipe Gabriel)

Por conta da forte ligação do Alex com a Turquia, a vinda dele também promoveu a marca Coritiba fora do Brasil?

Hoje temos um acesso dentro das nossas mídias sociais, que varia de 12 a 15 mil acessos de turcos. Sempre brinco que a maior torcida do Brasil não é do Flamengo ou do Corinthians, e sim do Coritiba. São 35 milhões de turcos, mais os dois milhões dos torcedores do Coritiba.

A tão esperada construção do terceiro anel do setor Mauá será outra realização sua?

Desde muito jovem vinha ao Couto Pereira e indagava quando fecharíamos aquela área. Sempre vi notícias, interesses, mas nunca de fato acontacer. O setor Pro Tork será realizado na nossa gestão e é uma imensa alegria. Um investimento próprio do clube e não será usado dinheiro público. Construir com dinheiro público é uma coisa. Com dinheiro próprio, tirando de outros recursos, é difícil. O que foi feito com a desculpa da Copa foi uma injustiça com os demais clubes do Paraná. Um clube só acabou privilegiado e vai trazer para si um patrimônio. Mas o contribuinte do Paraná não terá dúvidas que vamos ficar atentos.

Como o senhor avalia sua gestão no Coritiba? Está satisfeito ou ainda acredita que há muito o que se fazer?

Ainda há muito o que se construir. Não é um trabalho que em dois, três anos se consegue. Você tem que ter o conceito do projeto e conseguir deixar isso às gestões futuras. Aí sim, sairia realizado. Eu me vejo como uma pessoa que se dedica ao seu clube. E quando você ama, não espera reconhecimento.

Como o senhor vê o Coritiba nos próximos anos?

O objetivo da nossa gestão é deixar o clube estruturado, com uma grande torcida e sempre disputando as principais competições, sendo respeitado pelos principais times do Brasil. O Coritiba está no caminho certo e respeita seus adversários, que não são inimigos.

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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