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Presidente do CSA: 'Daremos trabalho, mas sem sonhar com título'

8 abr 2013 - 11h16
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Adversário do Cruzeiro na estreia da Copa do Brasil, o Centro Sportivo Alagoano (CSA) inicia a competição sem muitas perspectivas. Nem mesmo o presidente do clube, Jorge VI, crê em uma campanha vitoriosa no torneio. Ciente das dificuldades que enfrentará logo no primeiro compromisso, o dirigente garante que o seu desejo é fazer renda com a ida da Raposa a Maceió. A possibilidade de disputar o jogo de volta também atrai o mandatário, que demonstra aversão ao esporte.

– Nunca mais quero trabalhar com o futebol, porque é o único único trabalho que o empregado erra e quem paga é o patrão. Se o atacante, amanhã, erra um pênalti, o presidente é quem escuta – avaliou.

Em entrevista exclusiva ao LANCE!Net, Jorge VI revela os problemas que enfrenta na gestão do clube de Maceió, conta por que, no momento, quer deixar o futebol e ainda demonstra os seus anseios, sobretudo em relação às conquistas no ano do centenário do CSA.

Confira, abaixo, o bate-papo na íntegra:

LANCE!Net: Como você se tornou presidente do CSA?

Sou um torcedor comum, de arquibancada. Dos últimos presidentes do clube, sou o único que não é rico. Durante mais de vinte anos, trataram o clube de maneira muito ruim. Isso aqui ficou jogado às traças. Entramos para mudar e resolver os problemas do clube. Quando assumi, nem energia tinha no CT... Na verdade, não era um CT, era um lixão. Em nossa gestão, saneamos o clube e fizemos com que virasse um CT. Hoje, nós temos três campos para treinar. Encontrei o CSA com uma dívida de R$ 10 milhões. Quando acabou meu primeiro mandato, a dívida já tinha caído para R$ 2 milhões. Quando acabar a minha gestão, em outubro desse ano, vou sair com a sensação de missão cumprida e com a cabeça erguida.

LANCE!Net: O que espera para o ano do centenário do clube?

Estamos lançando um livro para esse ano. Ainda não podemos dar detalhes, mas esse é um dos nossos objetivos. Mas o que eu quero em campo? Eu quero ser campeão ou vice do Campeonato Alagoano. Mas espero que a gente fique nas primeiras colocações. Caso o ASA ou CRB fiquem à frente, não vai nos atrapalhar em nada, porque aí garantiremos a classificação para a Série D, Copa Nordeste e a Copa do Brasil 2014. Ainda quero conseguir o acesso para a Série C. Desta forma, eu garanto o calendário inteiro para o próximo ano.

LANCE!Net: O CSA já eliminou Santos e Vasco da Copa do Brasil. O que espera do confronto diante do Cruzeiro?

Espero que atue da mesma forma. Sempre fizemos boas campanhas na Taça de Prata, que era uma espécie de Segunda Divisão do Brasileiro. Chegamos ao vice-campeonato em três oportunidades. Mas na Copa do Brasil, eu pedi à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que colocasse um time grande para nos enfrentar. É importante, porque faremos a renda do jogo. Espero que a gente faça uma boa partida aqui em Alagoas e chegue ao segundo jogo para disputar a classificação. Sabemos que será difícil, mas vamos lutar. Mostraremos para o Brasil o Rei Pelé, os nossos jogadores, porque Alagoas é um celeiro de craques.

LANCE!Net: O orçamento moderado é o principal problema para formação de grandes times?

Exatamente. Podemos qualificar o elenco somente com dinheiro. Tem coisa que é absurda no futebol hoje. Se eu tivesse um orçamento de R$ 500 mil mensais, teríamos um time praticamente imbatível. Para você ter ideia, teve um ano que chegamos à semifinal da Copa Nordeste com jogador recebendo vale-transporte apenas. Eliminamos grandes clubes, como Vitória, Bahia... Eu já vi de tudo no futebol, não dá para dizer que é impossível ganhar. Há uma pequena possibilidade.

Jorge VI está em seu segundo mandato à frente do CSA (Foto: Divulgação / CSA)

LANCE!Net: Qual o orçamento do clube hoje?

Com R$ 300 mil mensais, a gente sustenta a escolinha, as categorias de base, o elenco profissional e o quadro de funcionários. Logicamente, o profissional é o mais caro. Mas, hoje, o futebol chegou a números absurdos. Não tem condição de manter os valores nesses níveis. Então, na quarta-feira, será o duelo de Davi e Golias, pelo menos em relação aos valores. Sabemos que, dentro de campo, as coisas mudam. Os jogadores se motivam mais. Pode ter certeza que vamos dar muito trabalho ao Cruzeiro.

LANCE!Net: Caso o CSA elimine o Cruzeiro, o que você vislumbra para a equipe?

Sabemos que será difícil vencer o Cruzeiro. É difícil, mas não impossível. Podemos ir longe, mas sem sonhar com título. Em relação a isso, a gente sabe que não tem condições de chegar lá. Hoje, no futebol, manda quem tem dinheiro. Ou seja, se você está bem financeiramente, você tem tudo. Em uma semifinal ou final, contra um Flamengo, Corinthians, o árbitro apita a favor deles. Tanto na Conmebol de 1999, quanto na Taça de Prata, sempre apitaram contra a gente. Na final da Conmebol, o juiz expulsou um jogador nosso que espirrou. O árbitro achou que o atleta reclamou algo com ele e expulsou. Não preciso dizer mais nada. Sempre fomos garfados.

LANCE!Net: O que o senhor fez para mudar o panorama financeiro do clube e contar com alguns atletas tarimbados, como Flávio e Diego Clementino?

Trouxe credibilidade. Antes de eu chegar aqui, o time não tinha crédito para comprar um pão sequer. Somos honestos. Criamos credibilidade. Às vezes, um jogador sai em dezembro e recebe tudo o que tem direito. Um ou outro entra na justiça, mas nunca deixamos ninguém sair à revelia. O Flávio foi revelado aqui e já venceu as três principais divisões do Campeonato Brasileiro – A, B e C. Ele quer vencer a Série D conosco e também o Alagoano. Mas ainda temos atletas jovens, que podem dar certo. O Everaldo, por exemplo, é o artilheiro do Estadual, veio do Grêmio e pode ir bem. Estamos oxigenando o futebol alagoano.

LANCE!Net: Em quem o senhor aposta para decidir o jogo contra o Cruzeiro?

Aposto no Diego Clementino e no Everaldo, porque normalmente são os atacantes que decidem os jogos. Eles são rápidos, jogam de forma aberta. É complicado, mas acreditamos no fator torcida. É o nosso décimo segundo jogador. Em termos de número não, mas se analisarmos o fanatismo, a torcida é semelhante às torcidas de Bahia, Atlético-MG, Flamengo, Santa Cruz, Corinthians...

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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