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Pressão sobre Blatter aumenta por escândalo de corrupção na Fifa

28 mai 2015 - 09h17
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A pressão sobre o presidente da Fifa, Joseph Blatter, cresceu nesta quinta-feira com o aprofundamento do escândalo de corrupção na entidade máxima do futebol mundial, à medida que aumentaram as críticas de importantes políticos ocidentais e grandes patrocinadores fizeram alertas à federação.

Presidente da Fifa, Joseph Blatter, em foto de arquivo. 30/11/2011
Presidente da Fifa, Joseph Blatter, em foto de arquivo. 30/11/2011
Foto: Arnd Wiegmann / Reuters

Apesar das declarações da Fifa de que a prisão de sete importantes dirigentes por acusações de corrupção feitas nos Estados Unidos não afeta suas atividades, Blatter não foi visto nesta quinta-feira e não compareceu ao congresso médico da entidade.

O suíço de 79 anos, que raramente perde um evento relacionado à Fifa e, geralmente, faz uma parada para falar com a imprensa, também foi uma ausência notável na quarta-feira, quando não participou de uma reunião de delegados de futebol de países africanos, reunidos em Zurique antes do Congresso da entidade, marcado para sexta-feira.

O diretor médico da Fifa, Michel D'Hooghe, da Bélgica, disse às autoridades médicas: "O presidente Blatter pede desculpas por não poder vir hoje por causa das turbulências de que vocês já ouviram falar".

Mas Blatter participou de uma reunião fechada com representantes das seis confederações continentais da Fifa nesta quinta para "discutir a atual situação", de acordo com um representante da Fifa.

Essas "turbulências" incluem uma investida de policiais à paisana no início da manhã de quarta-feira em um dos hotéis mais luxuosos de Zurique, com a prisão de sete das figuras mais poderosas no futebol mundial, incluindo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol José Maria Marin, e sob o risco de extradição para os Estados Unidos por acusações de corrupção.

As autoridades suíças também anunciaram uma investigação criminal sobre a atribuição das próximas duas Copas do Mundo, marcadas para a Rússia em 2018 e o Catar em 2022.

Autoridades dos EUA disseram que nove dirigentes do futebol e cinco executivos de marketing e mídia esportiva estão sendo acusados de corrupção envolvendo mais de 150 milhões de dólares em subornos.

Essas ações provocaram a crise mais grave nos 111 anos de história da Fifa, com confederações agora aparentemente em guerra aberta umas com as outras, apenas um dia antes de Blatter concorrer à reeleição como presidente da Fifa para um quinto mandato, na sexta-feira.

Blatter, que nega as acusações de envolvimento em corrupção na Fifa, disse em um comunicado na quarta-feira: "Deixe-me ser claro: tal conduta não tem lugar no futebol e vamos garantir que aqueles que se envolvem nisso fiquem fora do jogo."

DIVISÃO NO MUNDO DO FUTEBOL

O caso abriu uma fissura no mundo do futebol. A Uefa, a confederação europeia de futebol, pediu o adiamento do Congresso da Fifa e da eleição do presidente, em meio a sugestões de que poderia boicotar o evento, mas a AFC, a confederação asiática, apoiou Blatter e disse que a eleição tem de seguir em frente.

O secretário britânico de Relações Exteriores, Philip Hammond, disse haver "algo profundamente errado no centro da Fifa", enquanto o secretário de Esportes, John Whittingdale, declarou que "uma mudança na liderança da Fifa é muito necessária".

A Grã-Bretanha há muito tempo critica a Fifa e foi derrotada em sua campanha para sediar a Copa do Mundo de 2018, concedida à Rússia.

A promotoria suíça também abriu um inquérito criminal para apurar as acusações de má gestão e lavagem de dinheiro relacionadas com a atribuição do direito de sediar o torneio de 2018 e o evento 2022 ao Catar.

Blatter, no entanto, tem o aval do presidente russo, Vladimir Putin, que acusou os Estados Unidos de ingerência em área fora de sua jurisdição ao pedirem a prisão dos dirigentes da Fifa.

"Esta é mais uma flagrante tentativa de estender a sua competência a outros Estados", disse Putin, acrescentando que as prisões foram uma "clara tentativa" de evitar a reeleição de Blatter, e que ele tem o apoio da Rússia.

Enquanto isso, os principais patrocinadores da Fifa, incluindo muitos que têm apoiado solidamente a entidade apesar de quase 20 anos de alegações de suborno e corrupção, parecem estar inesperadamente preocupados com o desenrolar dos acontecimentos em Zurique.

Em um comunicado contundente, algo raro para a empresa, a Visa afirmou: "É importante que a Fifa faça mudanças agora, para que o foco permaneça sobre essas mudanças. Se a Fifa não fizer isso, nós informamos que vamos reavaliar nosso patrocínio."

A empresa alemã de artigos esportivos Adidas assinalou que a Fifa deveria fazer mais para estabelecer padrões de conformidade transparentes. A Anheuser-Busch InBev, cuja marca Budweiser é patrocinadora da Copa do Mundo de 2018, informou que está monitorando de perto os desdobramentos na Fifa.

A Coca-Cola Co, outra patrocinadora da Fifa, disse que as acusações tinham "manchado a missão e os ideais da Copa do Mundo da Fifa e temos repetidamente expressado nossas preocupações sobre essas graves alegações".

No Rio de Janeiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) retirou o nome "José Maria Marin" da fachada de sua sede na zona oeste da cidade um dia após a prisão do ex-presidente da entidade na Suíça.

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