A questão da violência entre torcedores ganhou bastante destaque nas últimas semanas por conta de tristes casos. Em fevereiro, o jovem boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, morreu ao ser atingido por sinalizador disparado por torcedor do Corinthians em partida pela Libertadores. Na última quinta-feira, membros de uma organizada do Palmeiras agrediram jogadores do time alviverde no aeroporto Aeroparque, em Buenos Aires.
Nesta sexta, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, visitou a redação do Terra e foi abordado sobre o tema. Para Rebelo, é necessário que seja aplicada punição para quem comete tais atos, tanto na esfera criminal quanto na esportiva.
"O torcedor que praticou esse ato na Argentina deveria ser proibido de viajar e acompanhar o time nos seus jogos. Mas há ainda um caso de reincidência. Um desses já havia se envolvido em tentativa de agressão a jogadores. Isso não pode acontecer. Tem que haver a aplicação da legislação penal e há de se aplicar a legislação esportiva também", disse o ministro.
A agressão ocorrida contra os jogadores fez com que o Palmeiras anunciasse medidas pesadas contra a Mancha Alviverde. O presidente do clube, Paulo Nobre, disse inclusive que cortou o diálogo com a organizada e deixou um aviso: o clube não se comportará como refém de torcedores.
Aldo Rebelo critica "organizadas" e aponta conivência de dirigentes:
Para Rebelo, uma saída para evitar situações como as quais o Palmeiras passa é uma atuação diferente dos clubes. O ministro sugeriu, por exemplo, que os times não aceitem torcidas organizadas que lidam com membros criminosos e/ou violentos.
"Acho que às vezes há uma certa conivência entre as direções dos clubes e as torcidas. É preciso que o clube estabeleça regras. Ou seja, essa relação não pode ser conivente com a prática de violência, ameaça ou qualquer tipo de relação criminosa. A direção do clube tem que ter como primeira exigência que a torcida não acolha ou acoberte a prática de delito ou de grupos que ajam dentro da torcida. É um princípio que todo clube deveria assumir", disse Rebelo.
A agressão de uma torcida organizada do Palmeiras aos jogadores nesta quinta-feira, em um aeroporto da Argentina, foi apenas mais um capítulo das confusões envolvendo torcedores do clube com atletas e técnicos. Membros da organizada cobraram jogadores após a derrota por 1 a 0 para o Tigre e partiram para cima de Valdivia no saguão. Relembre outros dez casos, do mais recente para o mais antigo:
Foto: AFP
Em janeiro de 2013, o lateral direito Fabinho Capixaba foi xingado por torcedores nas imediações de um salão de cabeleireiro, e entrou em conflito físico com o agressor, em uma rua na frente do Palestra Itália
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Em outubro de 2011, o volante João Vitor foi agredido por um grupo de torcedores quando estava com mais dois amigos na loja oficial do Palmeiras para comprar camisas. O jogador teria sido provocado e entrado em um enfrentamento com os torcedores, saindo com a boca machucada por causa de chutes no rosto. O atleta foi afastado do elenco pouco depois e deixou o clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antes ídolo do clube, o atacante Kleber foi alvo de protestos em outubro de 2011, quando um grupo de torcedores foi até o condomínio onde o jogador mora, em Osasco, com uma faixa para pedir sua saída do clube. Já em frente ao Palestra Itália, um boneco do jogador foi surrado e queimado. No mês seguinte, ele saiu do Palmeiras rumo ao Grêmio
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Na chegada da delegação palmeirense ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para um jogo contra o Internacional em junho de 2011, alguns membros de torcida organizada hostilizaram os jogadores. O volante Marcos Assunção se revoltou e discutiu asperamente com os torcedores, chegando a ser ameaçado, para defender atletas criticados como Luan e Adriano "Michael Jackson"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Após a goleada por 6 a 0 sofrida para o Coritiba em maio de 2011, pela Copa do Brasil, o atacante Luan foi quem pagou o preço. Um coquetel molotov (arma incendiária) foi atirado para dentro do CT Academia de Futebol e atingiu o carro do jogador, quebrando o vidro da janela. Luan continuou sendo criticado por torcedores, e em 2013 acertou sua saída do clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em abril de 2010, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil contra o Atlético-GO, o meia Diego Souza foi substituído e muito xingado por um grupo de torcedores no Palestra Itália. O jogador, que já vinha sendo criticado pela torcida desde o fim do Brasileiro de 2009, ficou furioso e respondeu com muitos palavrões. Acabou saindo do Palmeiras no mês seguinte e acertando com o Atlético-MG
Foto: Getty Images
Em dezembro de 2009, o atacante Vagner Love, principal contratação alviverde do ano, foi agredido por três torcedores quando saía de uma agência bancária na capital paulista. O atleta teve seu carro chutado e também recebeu pontapés. Após o episódio, acertou sua transferência para o Flamengo para a temporada 2010
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Na semana anterior à agressão contra Vagner Love, o também atacante Lenny também passou por situação muito semelhante. O jogador estava saindo de um banco quando foi cercado e ameaçado por torcedores organizados do Palmeiras
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em novembro de 2008, foi a vez do técnico Vanderlei Luxemburgo sofrer com a violência de torcedores organizados. Em embarque do Palmeiras no Aeroporto de Congonhas, cerca de 20 torcedores causaram confusão e trocaram empurrões com o treinador, que precisou imobilizar o braço machucado após o episódio. Ele deixou o Palmeiras em junho do ano seguinte, após polêmica envolvendo o atacante Keirrison
Foto: Helio Suenaga / Gazeta Press
Hoje ídolo no Corinthians, o técnico Tite também foi ameaçado por torcedores organizados em setembro de 2006, em episódio que culminou com seu pedido de demissão do clube. O treinador saiu alegando desavenças com o diretor Salvador Hugo Palaia, e foi alvo de protestos de torcedores no Aeroporto de Cumbica, precisando de escolta policial para deixar o local