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Sonho de Bob Marley, futebol jamaicano estreia na Copa América neste sábado

13 jun 2015 - 06h14
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Antes de se tornar ídolo mundial, antes mesmo de ser músico, Bob Marley se entregou ao futebol, sonhou com o futebol e sofreu fisicamente com o futebol, mas nunca deixou de ser um apaixonado pelo esporte, até sua morte, em 11 de maio de 1981, quando tinha apenas 36 anos.

Pouco mais de três décadas depois, a seleção jamaicana, que ganhou apelido de 'Reggae Boys', em referência ao ritmo que Marley ajudou a popularizar em todo o planeta, chega como convidada para a Copa América, de olho em desenvolver ainda mais seu jogo e iniciar sua caminhada de volta a Copa do Mundo.

A estreia dos compatriotas do astro acontecerá neste sábado, às 16h (horário de Brasília), contra o Uruguai, em Antofagasta. O jogo é válido pelo grupo B do torneio, que ainda conta com Argentina e Paraguai.

Bob Nasty Marley nasceu, praticamente, com uma bola nos pés. Aprendeu a dar chutes muito antes de começar a tocar violão. Nunca escondeu que tinha orgulho de promover em seu país um esporte pelo qual era apaixonado.

Ele não vestiu a camisa da seleção jamaicana, mas elevou o nome do país com canções que falam de liberdade, sempre realizando um mesmo ritual nas cidades em que se apresentaria: pela manhã, deixava o hotel, fazia uma corrida, e no fim da noite, organizava uma partida de futebol.

Marley era considerado um bom meia-armador, que poderia se transformar, em algumas vezes, em um atacante habilidoso. Os que participaram de "peladas" com o músico, garantem que ele poderia ter sido profissional, pela visão de jogo e pelo bom toque de bola com as duas pernas.

A facilidade com a bola era a mesma que tinha com o violão. Acabou se voltando para vocação artística, e muitos na Jamaica lamentam que ele não tenha se tornado um dos maiores craques do futebol do país.

O astro do reggae sequer conseguiu ver a equipe nacional conquistar vaga em uma Copa do Mundo, o que só aconteceu em 1998, e o máximo que pôde acompanhar foi a participação em duas edições do Campeonato da Concacaf (antecessor da Copa Ouro), em 1963 e 1969, em que a seleção do país ficou em nono e sexto lugar, respectivamente.

Se a Jamaica não brilhava no mundo do futebol, Marley aproveitava sua influência para praticar o esporte preferido, inclusive no Brasil. Em 1970, o astro viajou para o Rio de Janeiro, exclusivamente para jogar uma partida, que contou com Paulo César Caju, atacante da seleção brasileira campeã no mesmo ano.

O cantor nunca escondeu a admiração pela "Canarinho" e chegou a dizer: "O Brasil é meu time de coração. A Jamaica gosta do futebol devido aos brasileiros".

Em 1978, Marley iniciou sua luta contra a morte, justamente por um incidente ocorrido em campo. Em 26 de junho de 1978, sofreu um pisão do jornalista Danny Baker, em uma partida disputada no Battersea Park, em Londres, no começo do fim de sua vida.

A infecção foi tão grande, que quando os médicos examinaram o pé do jamaicano, descobriram um melanoma maligno. Marley rejeitou a solução apresentada, a de amputar o dedão, pois seria algo contrário aos preceitos da religião rastafari.

Três anos depois, desmaiou enquanto corria pelas ruas de Nova York. Os médicos detectaram câncer espalhado por pulmões, cérebro, fígado e estômago, e que já era impossível salvar sua vida.

Exatos 20 anos depois do incidente na capital britânica, justamente em um dia 26 de junho, o futebol da Jamaica atingiu seu ápice, com a primeira vitória em Copas do Mundo, na terceira rodada do grupo H.

No estádio Gerland, em Lyon, os "Reggae Boys", comandados por Renê Simões, e o Japão entraram em campo eliminados. Ambos buscavam obter o primeiro resultado positivo em suas primeiras participações no torneio.

Graças ao atacante Theodore Whitmore, autor de dois gols, os jamaicanos levaram a melhor por 2 a 1, e puderam comemorar como se tivessem conquistado a competição. Depois disso, foram mais quatro tentativas de voltar ao Mundial, todas sem sucesso.

Bob Marley não estava vivo para assistir a partida, nem imaginaria ver o país natal convidado para a Copa América, com a possibilidade de duelar com Argentina, Uruguai, e com Colômbia e seu querido Brasil, caso a seleção passe da primeira fase.

Curiosamente, se conseguir improvável colocação no grupo B, entrará em campo em um 26 de junho, na cidade chilena de Viña del Mar.

Em caso de êxito, não apenas na Copa América, certamente as palavras de Bob Marley para definir o esporte que mais admirava será lembrada nos vestiários da seleção jamaicana e pelas ruas do país que ajudou a colocar no mapa: "O futebol é todo um mundo, um universo por si só. Eu o amo. O futebol é liberdade".

EFE   
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