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Torcedores da América Latina comemoram ofensiva contra corrupção na Fifa

27 mai 2015 - 20h14
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Como se perder a Copa do Mundo para a Europa em casa pela primeira vez não fosse suficiente, o futebol da América Latina agora enfrenta mais uma humilhação, após alguns de seus mais poderosos executivos terem sido presos em uma operação internacional de combate à corrupção.

Embora torcedores locais tenham ficado entristecidos em não ver uma das seleções latino-americanas vencer a Copa do Mundo do Brasil no ano passado, eles vibraram com as inéditas prisões e investigações anunciadas nesta quarta-feira. 

“Isso deveria ter acontecido há muito tempo!”, disse o jornaleiro Wilson Suares, de 66 anos, no Rio de Janeiro, cidade foi sede da final da Copa do Mundo de 2014, vencida pela Alemanha.

“Essas pessoas só pensam em roubar”, disse ele, uma visão ecoada nas ruas e no Twitter por toda a região.

Torcedores latino-americanos há tempos criticam os chamados “cartolas” do futebol, em meio ao grande descontentamento público com a corrupção no esporte. Um forte sentimento de contra a Fifa fez parte dos grandes protestos no Brasil em 2013.

Sete dos mais conhecidos dirigentes de futebol da região foram detidos na Suíça nesta quarta-feira e enfrentam possível extradição para os Estados Unidos. 

Autoridades norte-americanas disseram que as investigações expõem complexos esquemas de lavagem de dinheiro, milhões de dólares em renda não tributada e dezenas de milhões mantidos em contas internacionais por representantes da Fifa. 

Foram presos José Maria Marín, ex-presidente da CBF; Jeffrey Webb, vice-presidente da Fifa, presidente da Concacaf (Confederação da América do Norte, Central e Caribe) e chefe de futebol das Ilhas Cayman; Eduardo Li, que comanda a federação de futebol da Costa Rica; Júlio Rocha, chefe da federação da Nicarágua; Eugênio Figueredo, outro vice-presidente da Fifa que já foi chefe do futebol no Uruguai; Rafael Esquivel, chefe do esporte na Venezuela; e Costas Takkas, outro representante da Concacaf.

Os detidos ou seus representantes não estavam disponíveis para comentários. 

Os sete foram presos antes do anoitecer em uma hotel na Suíça - no qual a diária de uma suíte pode chegar a 4.000 dólares - antes de um congresso da Fifa onde o presidente da entidade, Joseph Blatter, buscaria a reeleição. 

“Infelizmente não foi nossa polícia que os pegou, mas alguém tinham que pegá-los. Ladrões têm que ir para a cadeia”, disse o ex-atacante da seleção brasileira e tetracampeão do mundo, o atual senador Romário (PSB-RJ).

“Eu espero que isso tenha efeitos positivos e que estes eventos permitam que a América do Sul e o Brasil limpem definitivamente nosso futebol”, acrescentou o ex-jogador, elogiando as autoridades suíças e norte-americanas.

Outros dois “cartolas” - Nicolas Leoz, um paraguaio que foi chefe da federação sul-americana Conmebol; e Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa-- também foram indiciados, assim como quatro executivos de marketing.  

(Reportagem adicional de Diego Ore em Caracas, Enrique Andres Pretel em San José, Ivan Castro em Manágua, Sofia Menchu na Cidade da Guatemala, Rosalba O’Brien em Santiago, Andrew Downie em Edimburgo, Luis Ampuero e Maximilian Heath em Buenos Aires, Anthony Boadle em Brasília; Max de Haldevang na Cidade do México)

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