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Valcke admite consultoria ao Brasil, mas nega conflito de interesses

30 jan 2013 - 17h10
(atualizado às 17h14)
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O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, confirmou que prestou consultoria à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durante a preparação da candidatura do Brasil à Copa do Mundo de 2014, mas não vê conflito ético no trabalho.

Valcke revelou nesta quarta-feira que executou o trabalho quando estava fora da Fifa, e a consultoria acabou assim que retornou à entidade que comanda o futebol mundial para exercer a função de secretário-geral.

Em tom irritado, ele disse que a imprensa estaria criando "uma história e um problema onde não existe", após a revelação da consultoria pelo jornal Folha de S.Paulo.

"Eu acho que estão criando história em cima de nada. Saí da Fifa em 2006 até 2007 (quando retornou). Fui contatado pelo comitê de candidatura, que perguntou se eu podia ajudar não no conteúdo, mas na parte da forma da candidatura do Brasil", declarou Valcke em entrevista coletiva.

Valcke realizou o trabalho em 2007. O Brasil foi o único candidato a sediar a Copa de 2014.

"Trabalhei três meses para ajudar. Fui três ou quatro vezes para São Paulo com conselhos comerciais. Quando virei secretário-geral, parei de trabalhar", completou.

O tema criou um clima tenso durante o evento de lançamento do pôster da Copa do Mundo de 2014 e anúncio dos embaixadores do Mundial: Marta, Amarildo, Carlos Alberto Torres, Zagallo, Bebeto e Ronaldo.

Valcke se defendeu das acusações de tráfico de influência ao dizer que como secretário-geral não tem direito a voto na escolha da cidade-sede.

"Não voto como secretário-geral da Fifa, não tenho direito de dar parecer, dar opinião ... não era assalariado da Fifa e o presidente (da Fifa, Joseph) Blatter estava ciente de tudo. Não há história a criar a partir disso", afirmou.

"Não há qualquer conflito de interesse em ajudar o Brasil a preparar a sua candidatura... não influenciei nenhum membro executivo. Para mim é uma não história."

POLÊMICA COM CATAR

O clima na entrevista realizada no Rio de Janeiro voltou a ficar pesado quando o secretário-geral da Fifa foi questionado sobre a denúncia da revista France Football de que o Catar "comprou" dirigentes da entidade para escolher o país como sede da Copa de 2022.

Valcke evitou comentários, mas disse que vai debater o assunto com o presidente Blatter a partir de quinta-feira, quando vai estar de volta à Suíça, sede da Fifa.

O secretário-geral se limitou a lembrar que a Fifa tem um comitê de ética renovado que pode abrir uma investigação caso considere necessário apurar a denúncia.

"Ainda não falei com o senhor Blatter. Falarei amanhã com ele em Zurique. Se há algo para ser investigado, o novo comitê de ética da Fifa, que é independente, poderá abrir investigação", afirmou ele. "Não preciso dizer o que eu acho.... a liberdade é do comitê e não cabe a mim comentar", finalizou o secretário-geral da Fifa.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)

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