Vice da CBF questiona Del Nero: "por que você não viaja?"

Era para ser uma reunião de rotina, com a presença dos dirigentes da CBF e de dois de seus vice-presidentes. Mas a manhã desta segunda na sede da entidade foi tensa, notadamente depois que o vice Delfim Peixoto quis saber o motivo pelo qual o presidente Marco Polo Del Nero tem se recusado a viajar para o exterior desde 27 de maio, quando o FBI deflagrou operação contra a corrupção no futebol mundial. Naquela data, outro vice da CBF, José Maria Marin, foi preso na Suíça, por agentes da Justiça americana.

Diante do questionamento de Delfim, Del Nero repetiu o que vem dizendo, ou seja, não quer se ausentar do País por causa da CPI do Futebol do Senado, que investiga a CBF e seus dirigentes. Não foi muito convicente. Mesmo entre pessoas mais próximas ao presidente na entidade é corrente a versão de que Del Nero não tem viajado por causa do receio de que as investigações do FBI possam atingi-lo. Ele, porém,  nega que tenha cometido alguma ilegalidade na CBF.

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A cobrança de Delfim pegou os demais dirigentes de surpresa. Vários deles acreditavam que o vice não abordaria o assunto, apesar de ele e Del Nero estarem rompidos politicamente há dois meses. Isso ocorreu  em razão de uma tentativa de Del Nero de querer mudar a regra da sucessão no comando da CBF após a prisão de Marin. O presidente pretendia tirar o direito de o vice mais velho - hoje seria Delfim, 74 anos - assumir o controle da entidade no caso da vacância da presidência.

Desde 27 de maio se cogita da renúncia de Del Nero do cargo por causa dos escândalos de corrupção envolvendo a CBF. Delfim enfatizou no encontro que é muito ruim para o futebol brasileiro que o presidente da CBF não compareça a compromissos oficiais da Fifa,  Confederação Sul - Americana,  entre outros. "Por que você não viaja? Isso tem trazido muito prejuízo para o nosso futebol", criticou Delfim, que dividiu a sala de reunião com o também vice Marcus Vicente e vários diretores da CBF.

Se Del Nero continuar se ausentando de compromissos internacionais, a  confederação sul-americana deve cortar a representação brasileira na Fifa. Ele é um dos três nomes de dirigentes do continente no Comitê Executivo da Fifa.