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Zebra gaúcha, 15 de Campo Bom volta ao futebol profissional após cinco anos

12 ago 2013 - 15h49
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Foram cinco anos de silêncio, desde que decidiu sair de cena após a pífia campanha do Gauchão de 2008. Mas o 15 de Campo Bom agora retorna às suas atividades no futebol profissional, com novo ânimo, e, literalmente, apostando no novo.

Em um projeto ousado, o clube disputará a Segunda Divisão (Terceirona gaúcha) com uma equipe basicamente de jovens. É uma forma de aproveitar um projeto criado na ausência do profissionalismo:

– O "15" criou as categorias de base, mas todos iam embora ou largavam o futebol. Agora, nós daremos chance de eles encararem adversários experientes – contou o diretor de futebol Paulo Fagundes, ao L!Net, revelando que espera resultados a partir de 2015.

Além dos meninos, chegaram reforços como Itaqui, ex-Juventude, para um 15 de Campo Bom que precisa de muito fôlego. Disputando competições simultâneas (a Segunda Divisão e a Copa Willy Sanvitto), o clube joga às quartas-feiras, sextas-feiras e aos domingos.

– O planejamento que fizemos tem 26 jogadores, e precisaremos ser competitivos. Mas vamos sofrer consequências com lesões, expulsões – previu o técnico Patrício, ao L!Net.

Dirigente do 15 de Campo Bom quando o clube foi por três vezes vice-campeão gaúcho e semifinalista da Copa do Brasil, Marco Aurélio Feltes espera a adesão em massa da torcida no Sady Schimidt.

– Queremos que a torcida veja os garotos e acredite que os alunos da escolinha possam dar alegrias a todos. Neste ano, a gente vai buscar o acesso, mas se não der, continuaremos o trabalho – declarou o mandatário, ao L!Net.

Cercado de apostas, com folha salarial baixa e tendo voluntários como dirigentes, o "15" traça novo caminho para tentar surpreender os gaúchos. Campo Bom terá lembranças de gente grande?

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O 'PEQUENO GIGANTE DE CAMPO BOM'

Fundação

O Clube 15 de Novembro nasceu em 1975, após a fusão do Sport Club 15 de Novembro com a Sociedade Concórdia.

Do amadorismo à elite

Profissionaliza-se em 1994, e logo sobe. Firma-se de vez na elite em 2000.

Gauchão

Faz belas campanhas em 2002, 2003 e 2005, sempre caindo para o Inter na decisão. No último, vende caro a derrota: após devolver o 2 a 0 da ida, cai por 2 a 1 no Sady Schimidt na prorrogação.

Copa do Brasil

Em 2004, o "15" de Mano Menezes surpreende na Copa do Brasil, ao despachar o Vasco por 3 a 0, em São Januário. Passa por Americano e Palmas, e para na semi, diante do campeão Santo André. Em 2006, volta a surpreender, ao eliminar o Grêmio nos pênaltis.

Copa Emídio Peroni

Ao vencer o Ulbra por 3 a 1 e 3 a 0, o "15" conquista, em 2006, seu único título como profissional até o momento.

2008 – O 'até logo'

É rebaixado com uma vitória em 14 jogos. Frustrado com o mau resultado, e sem patrocinadores, o "15" interrompe as atividades do futebol profissional.

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BATE-BOLA

Marco Aurélio Feltes

PRESIDENTE DO 15 DE CAMPO BOM

Há o receio de que o projeto de longo prazo seja atropelado por um ou outro mau resultado?

É uma aposta, atendendo à comunidade, que cobrava a volta do "15" . Sabemos que há uma inexperência dos jogadores, mas a ideia é buscar o bom futebol da garotada.

Com este projeto, pode-se dizer que há uma equipe para disputar o ano todo?

Sim. Antes, se apostava muito no primeiro semestre e no resto do ano, tudo mudava. Jogadores se transferiam para centros mais valorizados pela imprensa. Agora, há uma equipe com folha salarial baixa e que ficará por um ano.

O que fez o clube decidir fechar as portas em 2008?

Ficamos magoados. O time escolhido a dedo e mantido com salário em dia venceu só um dos 14 jogos. Houve um descrédito, e aqui em Campo Bom, muitas empresas fecharam. Pedimos licença.

Quais lembranças mais saborosas do "15" você tem?

Ah, a Copa Emídio Perondi, nosso primeiro título. A final contra o Inter em 2005, que perdemos na prorrogação, as Copas do Brasil. São ótimas lembranças!

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LEMBRANÇAS E CONFIANÇA NO "15"

O retorno do 15 de Campo Bom foi comemorado por Ediglê, vice-campeão gaúcho com o "15" em 2005.

– Cheguei por indicação do Mano Menezes, e fiz parte de um time escolhido a dedo. Graças a eles, me destaquei no Gauchão – lembrou, ao LANCE!.

O trabalho em Campo Bom fez Ediglê ir para o Internacional, onde sagrou-se campeão da Libertadores e do Mundial. Atualmente no Esportivo, o zagueiro vê com bons olhos a nova era do "15".

– O clube tem estrutura, e bons diretores, e o segredo para sobreviver é investir na categoria de base, o que pouco existia na minha época. Fico feliz do meu amigo de "15", Patrício, estar à frente – declarou.

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PATRÍCIO NÃO SE ABATE COM TROPEÇOS

A responsabilidade de levar um grupo com média de idade próxima dos 20 anos a enfrentar profissionais não assusta o técnico Patrício. Um dos ídolos do 15 de Campo Bom, o ex-lateral-direito revelou a forma como trabalha com os jovens:

– Como são todos muito jovens, procuro fazer com que eles se adaptem a esta transição dos juniores para o profissional. Por exemplo, foi visível quando eles sentiram a primeira derrota (para o Guarany de Bagé, por 1 a 0). Contra o Grêmio (que usou a equipe sub-20 pela Copa Willy Sanvitto, derrota por 4 a 3), meu goleiro falhou e ficou abatido. Mas são coisas que eles vão aprender com o tempo – disse, ao L!Net.

O treinador, que confessou "não ter acertado nem salário" com o 15 de Campo Bom, fala com cuidado sobre o que espera da equipe:

– Os jogadores são bons, resta saber como vão sentir a responsabilidade de jogar como profissionais aos 17, aos 18, 20 anos. Creio que a gente vá levar muita pancada, mas também vai dar muita cacetada – finalizou.

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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