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Ginástica

Pai de Jade fala em descaso de Fla, COB e CBG: "todos viraram as costas"

5 mar 2013 - 15h55
(atualizado às 18h19)
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Jade Barbosa e equipe de ponta que conta ainda com nomes como os irmãos Hypólito, tiveram seu vínculo encerrado com o Flamengo
Jade Barbosa e equipe de ponta que conta ainda com nomes como os irmãos Hypólito, tiveram seu vínculo encerrado com o Flamengo
Foto: Getty Images

Abalado com a notícia do fim do vínculo da filha Jade com o Flamengo, assim como aconteceu com todos os atletas de ponta da ginástica, César Barbosa ainda não sabe o que responder quando questionado sobre como será do futuro da atleta. Em entrevista ao Terra, o pai de Jade Barbosa, campeã pan-americana em 2007 e finalista olímpica em Pequim, se mostrou indignado com a forma que foi tratado pela nova diretoria do Flamengo, mas não poupou críticas também ao Ministério do Esporte, ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). 

De acordo com César Barbosa, desde que assumiu o clube, a diretoria presidida por Eduardo Bandeira de Mello nunca procurou ele ou Jade para falar do futuro da atleta no clube rubro-negro. "Todo mundo ficou muito surpreso, imagina você levar sua  filha para um clube por 17 anos e acontecer isso. Além de ela treinar e levar o nome do Flamengo internacionalmente, ela ajudou a levar patrocínio para a equipe, o que fez com que fossem colocados aparelhos de treinamento lá dentro. É muita falta de respeito", disse.

"A Jade está muito triste. A gente tentou conversar com o pessoal do Flamengo e só conseguiu escutar que essa gestão não conversa com o atleta. Tem que falar com o coordenador ou com o técnico para eles passarem para a diretoria. Deveriam ter chamado os atletas, conversado primeiro. Ninguém falou nada para gente. Acho isso tudo muito triste. São vários troféus conquistados", completou César Barbosa. 

O pai de Jade fez questão de relembrar todos os sacrifícios que ele, a filha e outros atletas, como os irmãos Diego e Daniele Hypólito, tiveram dentro do clube rubro-negro. "São atletas que doaram sangue para o Flamengo, varriam o ginásio. Eu mesmo varri várias vezes. O Diego ficou quase 20 anos no clube. A mãe dele encapava colchão para ajudar. Acho que pelo menos tinha que chegar e conversar. Se falta patrocínio, a gente tenta também correr atrás. A reforma do ginásio não é nada, eu trabalho com este meio. Não custa mais que R$ 100 mil para consertar. A aparelhagem, que é o mais caro, continua lá", afirmou César, relembrando o fato de que o ginásio onde os atletas treinavam ter sofrido um incêndio, em novembro do ano passado. 

"Culpa não é só do Flamengo"

Para César Barbosa, a culpa da situação não é apenas do Flamengo. O pai de Jade Barbosa crê que o Ministério do Esporte, o Comitê Olímpico Brasileiro e a Confederação Brasileira de Ginástica também atuam com descaso em torno da ginástica artística. "O Ministério do Esporte, o COB e a Confederação tem que tomar uma atitude para oxigenar a base e as equipes de ponta. O clube que faz toda essa parte. Tem que ter um movimento para fazer o esporte acontecer. Se não em 2016 não vai ter atletas para competir na Olimpíada". 

Barbosa diz que todos tem de levar em conta a dificuldade que é para um atleta da ginástica treinar e trazer medalhas para o Brasil. "Falta uma boa vontade. A ginástica é complicado, não é igual o vôlei que põe uma rede e depois tira. Tem que ter o ginásio, uma série de requisitos. Hoje no Brasil não tem lugar suficiente para treinar", disse.

"É uma pena que um País como o nosso não tenha um CT na cidade que vai receber a Olimpíada. Todos viraram as costas, todos. O trabalho de 50 anos de ginástica do Flamengo acabou de ser jogado fora e a culpa não é só do clube. É do governo, do COB e da Confederação também por não ajudarem", completou o pai de Jade Barbosa, lembrando do fechamento recente do Centro de Treinamento da Seleção Brasileira de ginástica.

Jade Barbosa foi campeã pan-americana em 2007, nos Jogos do Rio de Janeiro
Jade Barbosa foi campeã pan-americana em 2007, nos Jogos do Rio de Janeiro
Foto: Getty Images

O CT que era montado no Velódromo, na Barra de Tijuca, teve suas atividades interrompidas a fim de atender ao cronograma de obras do Parque Olímpico. O COB e a Confederação de Ginástica definiram a cidade fluminense de Três Rios como local de treinamento para a equipe feminina até a nova construção de um CT, que ainda não tem previsão de ser entregue e deve ser construído na Barra da Tijuca. 

Posição de Flamengo, CBG e COB sobre corte

Segundo o vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo,  Alexandre Póvoa, a medida de encerrar as atividades das equipes de ponta do judô e da ginástica foi tomada para reestruturar o clube financeiramente e evitar atrasos salariais nas duas modalidades - os atletas destes dois esportes não recebem há três meses. "O buraco era maior do que qualquer um pode imaginar. Recebemos o clube com um déficit de R$14,5 milhões nos esportes olímpicos em 2012. Hoje, reduzimos isso para R$5 milhões", afirmou Póvoa.

Procurado pelo Terra, o Comitê Olímpico Brasileiro afirmou que, em reunião realizada na última semana com o clube rubro-negro, declarou que vem mantendo apoio "ao longo dos últimos anos em várias ações", como "equipamentos no valor de cerca de R$ 400 mil para ginástica artística, judô e canoagem; pagamento de equipes multidisciplinares (treinadores, assistentes técnicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e massagistas) para ginástica artística e canoagem; apoio financeiro para viagens, competições e treinamento de atletas de alto rendimento da ginástica artística e canoagem; pagamento do treinamento (hotel, alimentação e passagens) em São Paulo de quatro atletas e um treinador da equipe masculina da Ginástica Artística, em 2013; e atendimentos médicos a vários atletas do clube, incluindo sete procedimentos cirúrgicos nos últimos três anos".

Mais tarde, em nota oficial, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) lamentou a decisão tomada pelo Flamengo, "que sempre foi um grande parceiro", a retirar o apoio dado à ginástica. "É um clube de muita tradição e importância para o esporte de uma maneira geral", diz a nota enviada ao Terra, citando nomes da modalidade - entre experientes e revelações - que treinavam até então pelo clube da Gávea.

"É uma decisão administrativa e que, infelizmente, soubemos pela imprensa. Estamos em busca de alternativas, apesar da Confederação não ter gerência sobre os clubes e seus contratos. A CBG proporciona estágios de treinamentos, intercâmbios, e viabiliza a participação em competições internacionais, como foi a ida de Sérgio Sasaki para a  etapa da Copa do Mundo neste último fim de semana, nos Estados Unidos. Além disso, neste mês, jovens ginastas estão indo competir na Alemanha e outros três na Copa do Mundo de Cottbus, entre outros. Como em qualquer esporte, a Confederação é responsável por oferecer estrutura de treinamento aos ginastas no período que estão servindo a Seleção. Mas, reafirmamos que faremos o que estiver ao nosso alcance para tentar ajudar", diz a nota.

Com informações do Lancepress!

Fonte: Terra
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