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Candidato, Koff lamenta racha e quer "devolver grandeza" ao Grêmio

25 set 2012 - 10h23
(atualizado às 10h25)
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Murilo Matias
Direto de Porto Alegre

Campeão mundial e comandante do clube nas duas oportunidades em que o Grêmio conquistou a Libertadores da América, Fábio Koff, 81 anos, quer retomar os caminhos vitoriosos da década de 80 e 90 e, para isso, espera novamente estar à frente da administração tricolor no biênio 2013/2014. O primeiro turno do pleito, restrito aos conselheiros, acontece nesta terça-feira.

Com um projeto que classifica de "inovador", o ex-presidente diz que pretende pacificar um Grêmio "radicalizado" pelas questões políticas. Tendo como principal adversário Paulo Odone, atual presidente, Koff, que comandou o Clube dos 13 até a crise que enfraqueceu a entidade no ano passado, precisa de pelo menos 20% dos votos na disputa no Conselho Deliberativo para se credenciar à segunda fase da eleição, na qual os associados têm direito a voto.

Em entrevista ao terra, Koff comenta a respeito do projeto que o mobilizou para a disputa, trata da sucessão do futebol no Grêmio, fala sobre questões relativas à nova arena e avalia a gestão Odone. "Eu acredito na vitória", disse.

Confira a entrevista

Terra: Como surgiu a ideia da sua candidatura?

Fábio Koff Primeiro surgiu pela dificuldade de encontrar alguém que pudesse fazer um processo de conciliação no clube. O Grêmio está retaliado politicamente, tem 15 facções políticas radicalizadas, criadas por ressentimentos, episódios passados. Segundo, porque trabalhamos dois anos em um projeto de plano de governo que tentamos implantar no Grêmio e que demanda reformas estatutárias profundas. O momento é esse. Trabalhamos dois anos na redação do projeto e chegamos a um texto que eu tenho absoluta certeza ser o melhor para o Grêmio. É ousado, é diferente de tudo que tem aí, mas não encontramos ninguém que pudesse ser avalista do processo. Excluindo o presidente do Conselho, que não quis disputar, parti para reuniões com os grupos, me reuni com 12 ou 13 e não houve possibilidade de juntá-los. Para ser presidente do Grêmio precisa querer. O clube está fazendo uma transição física e precisa de uma transição violenta na forma de administrar o clube com uma governança plural.

Terra: Qual a sua expectativa de votos no Conselho?

Fábio Koff Se considerarmos o quadro político atual espero fazer de 70 a 80 votos, o que é muito voto porque na renovação do Conselho, ocorrida no ano passado, a atual diretoria elegeu 150 conselheiros. Além disso, o Belini (Homero, candidato à presidência do clube) tem 56 votos. Do total de 310 conselheiros sobram 104 votos, o mínimo exigido é de 65, o que representa quase 65% dos 104 votso que estão em aberto. Temos buscado isso, os companheiros têm ajudado. Espero que possamos passar para o segundo turno e aí é direto com o associado e muda o quadro eleitoral, o universo é maior, não fica à mercê de pressão de quem está no poder.

Terra: De que forma o senhor avalia esse quadro eleitoral no Conselho?

Fábio Koff Num processo eleitoral o Conselho Deliberativo não pode ficar sem sintonia com o que quer o associado, porque fica em permanente guerra política. Eu levo em consideração que o Conselho Deliberativo do Grêmio vai ser sensível a esse momento. Tem muita coisa para mudar. O quadro eleitoral do momento é esse, duas lideranças já gastas, mas nós vamos corrigir isso criando uma comissão permanente em busca de novas lideranças com cursos intensivos de administração. Queremos uma administração transparente, com ética, moral. Espero que o Conselho dê oportunidade para que o associado se incorpore ao movimento de uma mudança administrativa para a gente buscar o tri da Libertadores e, aí saí da frente, que esse é o meu terreno.

Terra: Sobre o projeto, quais pontos são fundamentais para o seu desenvolvimento?

Fábio Koff: Nos anos 80 e 90, quando estávamos no futebol, mais da metade do elenco era oriundo das categorias de base. Além do investimento na base, vamos fazer unidades comerciais, acompanhar a profissionalização do futebol para o Grêmio ganhar alguma coisa. Para se ter uma ideia do conformismo do torcedor, em 1982 nós fomos vice-campeões do Brasil e eu sofri a crítica mais violenta da história do Grêmio. Pintavam nas ruas: 'fora Koff'. Hoje nós festejamos o terceiro, quarto lugar. O Grêmio deixou de ser grande.

Terra: Qual a sua opinião sobre a gestão do presidente Odone?

Fábio Koff: Qualquer avaliação que você faz precisa ter uma referência. Ele avançou no propósito que se lançou da construção de um estádio moderno que proporcionasse receita. Não teve sucesso no futebol, nesse ano melhorou bastante muito em virtude do acerto do treinador. Mas não houve investimento na categoria de base, prova disso é que são contratados 40 jogadores por ano, e não promoveu o balanço financeiro.

Terra: Por que não houve condições de uma conciliação?

Fábio Koff: O que o presidente Odone não assimilou foi a derrota do seu candidato para o Duda Kroeff (presidente do Grêmio de 2009 a 2010) quando eu resolvi entrar na campanha porque havíamos acertado uma candidatura única e me surpreendi com o lançamento de uma candidatura adversária. Achei que o compromisso não tinha sido cumprido e desde então ele se afastou. Na posse dele fiz um discurso conciliador, mas aí começou um processo de radicalização no Grêmio, politizaram os consulados do interior, por exemplo. Mas eu não alimento ressentimentos pessoais, vivo sem ódio, sem inveja, sem ciúme.

Terra: Quais são seus planos com relação à Arena

Fábio Koff: A arena foi lançada em 1996 como conceito e ideia. É excelente, é uma realidade. Ela foi construída, talvez a única no Brasil, com recursos do Grêmio. O Grêmio desbravou um bairro, praticamente criou um bairro novo com apelo às classes C e B. Vamos procurar otimizar a receita, aprofundar a relação de parceria com a OAS (construtora da arena) porque se pretende atingir o ápice de sua rentabilidade.

Terra: Como estão as finanças do Grêmio, de acordo com as informações que o senhor tem?

Fábio Koff: A situação financeira do Grêmio não é boa. O clube está lançando mão de receitas futuras para diminuir o déficit. A dívida fiscal supera os R$ 100 milhões e tem o déficit orçamentário, porque embora tenha crescido a receita, as despesas cresceram num ritmo mais rápido. Isso não é privilégio do Grêmio, os clubes brasileiros e do mundo todo estão em situação parecida. Vamos estabelecer uma alçada de competência das diretorias, do conselho de administração e critérios por remuneração, por objetivos, senão nós vamos numa espiral que uma hora a bolha estoura.

Quais são seus planos para o futebol do clube. A ideia é manter o grupo e o treinador, em caso de vitória na eleição?

Fábio Koff: É muito cedo ainda para falar do futebol, mas a ideia é que o Vanderlei Luxemburgo continue. Não foi surpresa o desempenho do atual treinador do Grêmio, ele é um dos melhores treinadores do país e o Grêmio, no momento, é a melhor equipe que tem aí, muito embora não esteja em primeiro lugar. Isso é fruto do seu trabalho.

Terra: Da sua última passagem pelo Grêmio em 1996, o futebol mudou muito?

Fábio Koff: Mudou, mas eu trago uma bagagem de relações que estabeleci nesses 15 anos de relacionamento com clubes do Brasil, América do Sul e Europa. Com nosso projeto vamos ser pioneiros num sistema de administração plural, participativa como fomos pioneiros na implementação no marketing na América do Sul nos anos de 80 e 90.

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Foto: Murilo Matias / Terra
Fonte: Terra
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