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Em meio a jogo de empurra, Estádio Olímpico está abandonado

Antiga casa do tricolor gaúcho sofre com vandalismo enquanto OAS não finaliza processo de demolição

17 abr 2015 - 17h33
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Quem passa em frente ao Estádio Olímpico Monumental, palco de anos de glória do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense, pouco ou nada consegue resgatar da época em que o espaço recebia milhares de torcedores para jogos ou eventos realizados pelo clube. O Olímpico foi repassado pelo time gaúcho como parte da negociação com a OAS para a concessão da Arena como a nova casa do time: trocando a Azenha pelo bairro Humaítá, a perspectiva era positiva para ambas as partes envolvidas no processo. De um lado, o Grêmio recebia um estádio novo e moderno; do outro, a OAS tem o valorizado espaço do Olímpico para diferentes empreendimentos, entre eles o ramo imobiliário – um dos que mais cresce na região.

No entanto, as investigações da Polícia Federal referentes à operação Lava Jato trouxeram um banho de água fria para quem esperava ver no lugar do Olímpico a prosperidade dos grandes empreendimentos característicos da empreiteira. A empresa foi apontada como uma das envolvidas no esquema de sonegação fiscal e financiamentos ilegais de campanhas políticas e se vê às voltas com a Justiça. Entre bloqueios de bens e ordem de recuperação judicial, a estrutura já semi-demolida do Olímpico ainda respira, quase que com a ajuda de aparelhos.

De acordo com Luis Moreira, que responde pelo Olímpico por parte do Grêmio, o estádio ainda pertence ao time, mas foi repassado à OAS para que ela possa dar sequência aos projetos já previstos quando da negociação envolvendo ambas as empresas. O responsável por essas tratativas do lado gremista é o ex-presidente Fábio Koff, que segue a frente desse assunto até hoje. “O Koff segue em conversa com a OAS, mas ainda não tem nada definido. O Olímpico é do Grêmio, mas é pouco provável que o clube busque retomar a posse da área. O que precisa ser feito é encontrar uma solução para a questão da estrutura”, disse Luis Moreira.

Além disso, ele reforça que parte da estrutura do estádio ainda está conservada, mas que é impossível retomar as atividades anteriormente lá desenvolvidas. O clube mantém oito vigilantes, que se revezam em três turnos, e mantém a segurança de toda a área. Até fevereiro a OAS realizava a vigilância da área que já passou pelo processo de demolição, mas há dois meses a empreiteira comunicou o clube sobre a retirada da segurança: “não foi abandono, porque eles nos avisaram, mas agora a responsabilidade é integralmente nossa”.

Olímpico foi palco de diversas conquistas gremistas
Olímpico foi palco de diversas conquistas gremistas
Foto: Ananda Müller / Especial para Terra

Pichações e vandalismo crescem a cada dia, diante das grades sempre fechadas dos portões. Para entrar no local, apenas com autorização. O Grêmio ainda mantém no Olímpico alguns serviços de estoque e almoxarifado, mas em uma área muito pequena. “Boa parte da luz e da água já foram desligadas. Acho que não gastamos mais de R$ 15 mil por mês para manter tudo”, ressaltou Luis Moreira.

O impasse na continuidade da demolição vem a partir da suposta falta de pagamentos por parte da OAS às empreiteiras contratadas para realizar o serviço. Na página do grupo na internet fica ressaltado que a empresa se encontra em fase de recuperação judicial, deferida pelo juiz Daniel Carnio Costa, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. No total, nove empresas do grupo foram incluídas no processo.

Duas das três arenas construídas pela empreiteira tiveram parcelas de seus ativos postas à venda: a única que escapou foi a Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Em nota, a OAS garante que “os contratos com os governos dos estados da Bahia e do Rio Grande do Norte, além do acordo com o Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense, seguem seu curso normal em plena operação. Esclarecemos que a venda das ações é um direito do acionista, e que a formalização junto aos poderes envolvidos só existe se de fato houver um interessado no negócio”. Uma das principais diferenças entre as três arenas reside no fato do estádio porto-alegrense ter sido financiado inteiramente a partir do capital privado.

Estádio está hoje abandonado e sofrendo com vandalismo
Estádio está hoje abandonado e sofrendo com vandalismo
Foto: Ananda Müller / Especial para Terra

Em relação ao Olímpico, a empresa emitiu nota negando qualquer problema envolvendo o processo. O valor estimado para a realização completa da demolição foi de R$ 9 milhões, a ser executada pelas empresas Demarco e Ramos e Andrade. A data para a demolição já se arrasta a pelo menos dois anos, sem qualquer previsão de conclusão. Novamente através de nota, a OAS afirma que “não há qualquer desacerto comercial com a construtora Ramos Andrade, contratada para o serviço de demolição. A construtora Demarco, por sua vez, não mantém qualquer contrato com a OAS”. Sobre a retirada das máquinas do canteiro de obras, a empreiteira garante que é um procedimento padrão, uma vez que tal fase das obras havia sido concluída.

Para quitar as dívidas referentes ao estádio, a situação é uma bola de neve: a garantia para os investidores foram os prédios que lá seriam construídos, mas o início das obras é outro projeto sem qualquer perspectiva. Atualmente, OAS e Grêmio estendem as mãos sobre ambos os estádios: cada um detém parte da estrutura de ambos, mas sem garantia alguma sobre qualquer um deles. O Olímpico, palco dourado dos anos de ouro do Grêmio, vive a triste realidade de um abandono. Deixou os tempos de títulos e conquistas para dar lugar à vegetação que encobre quase toda a fachada. Os muros, escuros, servem de parede para os moradores de rua. O gigante da Azenha é uma ferida que pulsa dentro da área nobre da capital dos gaúchos.

Fonte: Especial para Terra
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