Grama sintética pode contaminar ambiente e desidratar atletas
No dia seguinte ao jogo com sensação térmica no gramado de 60ºC entre São José-RS e Grêmio, realizado no Estádio Passo D'Areia, no último domingo, a polêmica sobre a grama sintética voltou à tona no Campeonato Gaúcho. O lateral direito gremista Tinga trazia as bolhas como marcas das queimaduras nas solas dos pés - eram 35ºC em Porto Alegre, mas a temperatura do solo era muito maior.
"Como a grama é feita de borracha, há a absorção do calor. A temperatura corporal também acaba aumentando ainda mais", explicou Luiz Crescente, fisiologista do Internacional. "Como a grama é feita de borracha, há maior risco de lesões, em divididas e quedas. E na temperatura elevada, o jogador pode perder até 5% de seu peso corporal e entrar em um colapso".
Para fugir do calor, os jogadores de Grêmio e São José chegaram a molhar as chuteiras em baldes de gelo - medida aprovada por Crescente. "(É necessário) Resfriar o corpo em alguns pontos. Mergulhar as chuteiras, molhar as mãos e a cabeça, sempre em baldes gelados", disse o fisiologista.
Porém, os males de atuar na grama sintética não são restritos a problemas físicos, como riscos de lesões ou aumento de temperatura. De acordo com estudos publicados em Hong Kong, a borracha que reproduz a grama sintética contém chumbo e zinco, dois metais que podem gerar contaminação, tanto pela inalação em excesso quanto pelos plásticos gerados nos resíduos.
A grama sintética chegou a ser proibida em regiões dos Estados Unidos e da Austrália. E, no futebol brasileiro, gerou repúdio do Sindicato de Atletas Profissionais de Porto Alegre. No entanto, o diretor do São José, João Lock, criticou a repercussão contra o gramado do Passo D'Areia.
"Estamos em nosso quarto Gauchão com este gramado. O Grêmio treina aqui constantemente, não entendo agora esta reclamação", afirmou, creditando o calor ao horário da partida (17h de Brasília).