Em crise, Guarani comemora 36 anos do título brasileiro

Há exatos 36 anos, o Guarani batia o Palmeiras, por 1 a 0, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, e entrava para a história como o único campeão brasileiro do interior. Se o passado é comemorado pelos bugrinos, o mesmo não pode se dizer do presente. Passando por sérios problemas financeiros, inclusive pagando jogadores com cheques sem fundo, o clube se encontra na Série C do Brasileiro e corre risco de rebaixamento.

Em 1978, assim como hoje, o Guarani não tinha dinheiro para realizar boas contratações e por isso decidiu apostar nas categorias de base, que foram deixadas de lado nos últimos anos. O ainda desconhecido técnico Carlos Alberto Silva promoveu vários jogadores, como Tadeu, Odair e Gersinho. Mas a principal revelação atendia pelo nome de Antônio de Oliveira Filho, mais conhecido como Careca.

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O jovem de apenas 17 anos mostrou personalidade e, com 13 gols, terminou como artilheiro do Guarani na campanha do título brasileiro, ao lado de Zenon. Foi Careca, inclusive, que marcou o gol da vitória sobre o Palmeiras, no segundo jogo da final. Depois, fez sucesso com as camisas de São Paulo, Napoli-ITA - foi parceiro de Maradona - e Seleção Brasileira. Passou também por Kashiwa Reysol-JAP e Santos. Apesar de acumular muitos títulos importantes - Brasileiro pelo São Paulo, e Copa da Uefa, Campeonato Italiano e Supercopa da Itália pelo Napoli -, o ex-atacante coloca a conquista de 1978 como a mais importante de sua carreira.

"Com certeza foi o (título) mais importante. Estava em início de carreira, tinha 17 anos e jogando pelo Guarani, que tinha nome, mas ainda não era um clube de expressão. Foi só alegria e felicidade. Para mim, em particular, foi muito legal, muito bacana. No ano que fui promovido ao profissional, conquistamos aquele título inédito", comentou Careca em entrevista exclusiva ao Terra.

Além de Careca, outros jogadores se destacaram na grande campanha realizada pelo Guarani, como Renato Pé Murcho, Edson, Mauro, Neneca, Capitão, Bozó, Gersinho, Zé Carlos, Tadeu e Zenon. Sob o comando de Carlos Alberto Silva, eles desbancaram Vasco da Gama, São Paulo, Corinthians, Internacional, Flamengo, entre ouros, que eram considerados favoritos ao título brasileiro.

"Jogamos contra grandes clubes, de nome e tradição. Era algo que ninguém esperava. Nós jogadores acreditávamos, mas era coisa de maluco. A qualidade do elenco e também a união de todo mundo, principalmente fora de campo, foram nossos pontos fortes. A gente sempre estava junto, nos ajudando", lembrou o ex-atacante.

Se o passado é de glórias, o mesmo não pode se dizer do presente. Em decorrente de más administrações nos últimos anos, o Guarani está na Série C do Campeonato Brasileiro e corre risco de rebaixamento. Os problemas, porém, não se resumem apenas dentro das quatro linhas. Na semana passada, os cheques dados pelos parceiros do clube aos jogadores estavam sem fundos. Assim, o elenco continua com dois meses de salários atrasados.

"É um desastre, lamentável. Pior que isso nem o fundo do poço. A gente fica triste em ver um time, que tanto formou garotos, não ter mais estrutura nenhuma. Ainda teve essa história de cheques sem fundo, dados por terceiros. É lamentável. O pessoal brinca de fazer futebol. Por causa de compromissos, ainda não consegui ver nenhum jogo do atual time, mas pelo que comentam não tem nada de bom. Não tenho nada contra o atual presidente, mas como que pode concorrer a reeleição sem nenhum planejamento", disparou Careca.

Sem vencer há quatro jogos - três empates e uma derrota -, o Guarani ocupa apenas a oitava colocação do Grupo B, com 11 pontos. A diferença para o São Caetano, primeiro da zona de rebaixamento, é de apenas três pontos.