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"Filho" de Fernandão, Léo admite frustração com carreira

31 ago 2014 - 09h58
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Léo e Fernandão comemoram gol no Internacional, onde tiveram um relacionamento de pai e filho
Léo e Fernandão comemoram gol no Internacional, onde tiveram um relacionamento de pai e filho
Foto: Jefferson Bernardes/VipComm

No dia 7 de junho, o ex-atacante Fernandão sofreu um acidente de helicóptero, em Aruanã, no interior de Goiás, e morreu. Além dos filhos Enzo, Eloá e Thayná, o ídolo do Internacional deixou inúmeros fãs e amigos. Mas uma pessoa, em especial, se sentiu como se estivesse perdido um pai. "Pai". Era justamente isso que Fernandão foi para Leonardo Augusto Gomes Aro.

Léo, como ficou conhecido, surgiu como uma das principais promessas do Guarani e, logo na estreia, aos 17 anos, marcou dois dos três gols da vitória alviverde sobre o Corinthians, em pleno Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro de 2001.

Depois, passou por Botafogo, Juventude e Paulista de Jundiaí até chegar ao Internacional, em 2006. Logo que desembarcou em Porto Alegre, o jovem atacante foi "adotado" por Fernandão, com quem garante ter aprendido muito dentro e fora de campo. Lá, conquistou a Copa Libertadores da América e o Mundial de Clubes.

Apesar de ter títulos importantes no currículo - Copa do Brasil (pelo Paulista de Jundiaí em 2005), Libertadores e Mundial -, Léo não se firmou nos vários clubes pelos quais passou e por isso admite ter ficado frustrado em não conseguir "vingar" no futebol. Depois de ficar parado no primeiro semestre deste ano, o atacante voltou para casa ao acertar com o Guarani, que está na zona de rebaixamento da Série C do Campeonato Brasileiro.

Aos 30 anos, Léo, que é dono de um buffet infantil na cidade de Campinas e manteve a forma física nos últimos meses correndo na Lagoa do Taquaral, participando de campeonato amador e jogando futebol society, pensou em pendurar as chuteiras.

Em entrevista exclusiva ao Terra, o atacante fala o porque quase tomou essa decisão, critica o fato do futebol ter sido dominado pelo dinheiro, conta da amizade com Fernandão e muito mais.

Terra: o que você lembra daquele jogo contra o Corinthians, quando você surgiu para o futebol?

Léo

: Foi o principal jogo meu no Guarani e um dos melhores, se não o melhor, da minha carreira. Sempre quando ando por Campinas o pessoal me pergunta daquela partida. Foi muito especial ter entrado, marcado dois gols no Pacaembu e ainda ter participado do outro, sofrendo pênalti.

Terra: você surgiu como uma das principais promessas do Guarani e, depois de ter passado por Paulista e Internacional, encontrou dificuldade para se firmar em outros clubes. Por que isso aconteceu? Ficou um pouco de frustração?

Léo

: Ficou, sim, uma ponta de frustração, mas não sei explicar porque isso aconteceu. Em alguns clubes não tive sequência e todo mundo que joga futebol sabe que a falta de sequências é um dos principais fatores para não se manter em determinado clube. As vezes tem também a cobrança, por ter jogado no Inter, era imediata. Tinha que entrar e resolver. E isso é difícil para um jovem. Mas eu também tive uma parcela de culpa, por não conseguir render o que todos esperavam.

Terra: qual foi seu pior momento ao longo da carreira? Você teve duas oportunidades na Europa - Itália e Portugal. Encontrou dificuldades fora do País?

Léo

: Não sei se foi o pior momento, mas me arrependo muito de ter voltado da Itália. Fiquei seis meses lá e em algumas vezes não ia para jogo. Era jovem, ficava naquela ânsia de jogar. Acabei largando um bom contrato que tinha lá para voltar ao Brasil e disputei o Campeonato Paulista pelo Paulista.

<p>Léo foi revelado na base do Guarani e retornou dez anos depois para disputar a Série C</p>
Léo foi revelado na base do Guarani e retornou dez anos depois para disputar a Série C
Foto: André Regi Esmeriz - Especial para o Terra
Terra: apesar de ter 30 anos, você cogitou se aposentar antes de acertar com o Guarani. Por que quase tomou essa decisão? Tinha desanimado? E tem algo em mente quando se aposentar?

Léo

: tinha desanimado. Fui muito enganado no futebol. Hoje é o dinheiro que move o futebol, dirigentes privilegiam jogadores por causa do dinheiro. Os empresários tomam conta do futebol e eu, por não ter empresário, sofri muito. Mesmo tendo um bom currículo, com conquistas, tive muita dificuldade para achar um clube. Depois que voltei de Portugal joguei em vários clubes sem receber, como Comercial, Marília... E tinha contas para pagar, família para sustentar.

Foi aí que resolvi abrir um negócio em Campinas. Tenho um buffet infantil e estamos tocando ele, aproveitei também esse tempo parado para ficar mais perto da família, acompanhar o crescimento do meu filho. Então fiquei tranquilo por aqui até receber a proposta do Guarani. Mas depois que aposentar não sei ainda o que vou fazer. Não sei se quero, depois de tudo que você passa como jogador, continuar trabalhando com futebol.

Terra: como foi essa volta ao Guarani? A situação que o clube passa é pior do que você esperava?

Léo

: Por ser de Campinas, eu acompanhava sempre as notícias do Guarani e sabia da situação. Então não posso reclamar muito. Dentro de campo as coisas podem mudar ainda. A gente torce muito para o Guarani sair dessa situação, pois é um clube grande, onde passei boa parte da minha vida e pelo qual tenho um carinho especial.

Terra: para você, qual título foi mais importante? A Copa do Brasil pelo Paulista, até pelo fato de ser um time de menor expressão e por você ter tido um papel mais fundamental, ou o Mundial pelo Internacional?

Léo

: Para mim, como profissional, foi o Mundial. Hoje muitos jogadores consagrados não têm esse título no currículo. Mas na Copa do Brasil eu tive uma participação maior, fui importante em praticamente todos os jogos e só fiquei de fora do segundo jogo da final. Por isso, como pessoa, a Copa do Brasil tem um gostinho especial.

Terra: no Internacional você jogou com o Fernandão, que morreu esse ano de maneira trágica. Qual a lembrança que você tem dele? Como foi para você ter trabalhado com ele?

Léo

: Aprendi para caramba com ele. Desde que cheguei ele me acolheu como filho, estávamos sempre juntos na folga. Por ser novo na cidade ele me ajudava muito dentro e fora de campo. Para mim é o maior ídolo da história do Internacional por tudo o que conquistou. Vai sempre estar no meu coração.

Fonte: Terra
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