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Guga se emociona e fica saudosista ao receber homenagem da ATP

30 jul 2013 - 14h07
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Gustavo Kuerten parece não ter sentido os quase 13 anos que decorreram desde uma de suas maiores façanhas na carreira - terminar uma temporada da ATP como o melhor tenista do mundo, em 2000. Homenageado pelo feito na manhã desta terça-feira, em São Paulo, ele ainda exibia um penteado ousado (os cabelos estava bem cortados, mas com luzes), porte físico de tenista (apesar de ainda reclamar da lesão no quadril), a emoção de um novato e o saudosismo de um veterano.

Guga ficava risonho e com os olhos marejados sempre que lembrava o motivo da cerimônia promovida pela ATP. Citado como um dos 16 tenistas da história (o único sul-americano) a festejar o Ano Novo na liderança do ranking profissional de tênis, que celebra 40 anos de vida em 2013, ele parecia não acreditar. Olhava para trás para admirar cada um dos atletas consagrados que também figuravam na relação, coçava a cabeça ao assistir a um vídeo promocional da entidade e falava com frequência sobre o início despretensioso de sua trajetória.

"É difícil comentar o que aconteceu comigo em 2000. Foi o momento mais grandioso da minha carreira. Ganhei do Sampras e do Agassi, então o número um, na mesma semana. Eu tinha camisetas desses caras. Quando era pequeno, o pôster do McEnroe ficava em cima da minha cama. O meu irmão tinha o do Borg. Eu parecia um peixe fora d’água nesse meio, apoiado pela minha família, mas sem nem imaginar estar no patamar dos meus ídolos. Afinal, era apenas um moleque vindo de Florianópolis. Só que o Larri Passos me fez acreditar em coisas totalmente distantes, absurdas. Sou um privilegiado, que ainda está tentando entender tudo isso", discursou.Guga reforçou que, além dos troféus, a sua postura diante das conquistas ajudou a angariar fãs em lugares improváveis. "Fico imaginando como teria sido a minha carreira nos dias de hoje, com a existência da internet e tudo o mais. Por outro lado, fiz algo desbravador. Há um tempero bem gostoso em descobrir as coisas. Ganhei Roland Garros (em 1997, como completo azarão) e nem sabia o que era aquilo. Isso deixou a minha relação com o tênis mais direta e manteve o meu jeito criança. Lembro que escutava muito de outros tenistas que não conheciam um número um do mundo tão contente quanto eu. Nos Estados Unidos, em 2000, perdi para o Sampras e senti uma atmosfera incrível, de Copa Davis. É a única derrota que guardo com carinho. Na Argentina, ganhei uma final em cima de um argentino e fui ovacionado por 10.000 pessoas, apesar de toda a nossa rivalidade do futebol. Por quê? Qual é o sentido de tudo isso?", comentou, de novo emocionado.

Atualmente, Guga tenta dar um sentido para tudo o que ganhou. Com o fracasso de um programa olímpico lançado pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o tricampeão de Roland Garros agora aposta na promoção de escolas do esporte voltadas a crianças de quatro a dez anos - o sonho é ampliar o número de nove unidades para mais de 150. "A minha herança ainda foi pouco aproveitada. O tênis ganhou um interesse popular incrível, mas precisamos saber o que fazer com tudo isso. Ainda há tempo. O momento é agora, com todos os recursos voltados para as Olimpíadas de 2016", vislumbrou o número um da história do tênis brasileiro.

Antes de novas campeões surgirem, o antigo continuará a receber reverências. A ATP reunirá todos os jogadores que já ficaram na liderança de seu ranking, em Nova York, durante o Aberto dos Estados Unidos. Gustavo Kuerten prometeu ficar com uma câmera fotográfica em punho para não perder a oportunidade de tietar boa parte dos seus ídolos - que também se tornaram fãs.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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