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Saiba como parceiras aumentaram impérios com jovens craques

18 dez 2009 - 17h17
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Assim como a soja e a construção civil, o jogador de futebol é um grande investimento no Brasil. Tanto que a Traffic e o Sonda, atuantes em outras atividades, já se estabeleceram e construíram verdadeiros impérios com a transferência de atletas.

» Parte 1: Empresários "faz-tudo" substituem fundos de investimento

» Parte 2: Traffic não põe revólver no peito de ninguém, diz presidente

» Parte 3: Relembre parcerias de sucesso e fracasso no Brasil

» Confira o mercado do futebol

É o que mostra a reportagem desta sexta-feira, que fecha uma série especial que o Terra preparou sobre a força dos fundos de investimento no futebol brasileiro, recordando parcerias antigas, mostrando como os agentes atuam como parceiros e, ainda, trazendo a palavra de Julio Mariz, presidente da Traffic, em entrevista exclusiva.

As carteiras e os lucros

Ao Terra, Mariz afirmou que a carteira de jogadores profissionais da Traffic tem 70 integrantes e o lucro anual supera a casa dos 30%. Prova do sucesso do negócio é o acerto para colocar até cinco atletas de bom nível no Cruzeiro para 2010. Na prática, isso significa um aumento do investimento realizado e consolidado.

Os múltiplos negócios fazem com que as empresas tenham jogadores em vários clubes. Na última Série A, a Traffic colocou atletas em Palmeiras, Corinthians, Barueri, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Atlético-MG, Sport e Internacional - nove dos 20 times. Para o próximo ano, já tem acertos com Cruzeiro e São Paulo.

A empresa se diz parceira dos clubes, que recorrem a ela em momentos de emergência. "Não colocamos revólver no peito de ninguém. Se negociam é porque é bom", diz Julio Mariz. Tanto no Botafogo quanto no Fluminense, a Traffic comprou jogadores jovens em troca de dinheiro para o pagamento de salários atrasados.

Maicon e Alan, do Flu, destaques na reta final do Brasileiro, são negócios emblemáticos. A Traffic topou comprar Conca junto ao River Plate no início do ano, mas levou participações da dupla de atacantes como contrapartida.

No segundo semestre, com salários atrasados, a direção tricolor não divulgou, mas pegou dinheiro para aumentar ainda mais a porcentagem nos direitos federativos dos dois, agora já seguidos por clubes europeus. No Botafogo, há um boato não confirmado de que os jovens Rodrigo Dantas e Luís Guilherme foram repassados em circunstâncias similares.

Diferentemente da Traffic, o Sonda tem uma carteira de parceiros bem menor. No Internacional, os negócios do grupo de origens gaúchas envolve negociações mais pontuais, como D'Alessandro, Nilmar e Kléber. Situação bem diferente do Santos, em que o DIS, nome do fundo criado pela rede de supermercados, atua especialmente no controle das categorias de base.

Atualmente, o Sonda é dono de pelo menos 20 jogadores do Santos, sendo mais de uma dúzia deles pertencentes à base. A empresa, que reforçou os profissionais com nomes como Molina, Tripodi, Bolaños e Quiñonez, tem 45% de Paulo Henrique, 40% de Neymar e Alan Patrick, mais 25% de André e 30% de Robson, o que representa a lista de jogadores mais promissores do clube.

Muitos desses atletas receberam parte de seus direitos federativos como luvas em renovações contratuais passadas. Em seguida, venderam essa parte ao Sonda. Por 40% de seu vínculo, por exemplo, Neymar recebeu R$ 7,5 milhões do parceiro santista.

Correndo por fora

Empresas mais poderosas desse filão, Traffic e Sonda puxam a fila de uma série de outros investidores do gênero. É o caso da Turbo Sports, que investiu em Armero, do Palmeiras, e André Santos, do Corinthians, entre outros - agora busca Macnelly Torres. É também da LA Sports, empresa nascida em Curitiba e que hoje controla o futebol do Avaí.

"A empresa surgiu em 2003. Eu era formado em direito e jogava futsal com alguns jogadores que viraram profissionais. Juntei meu estudo de direito com a amizade no futebol, até fazer uma parceria com o Paraná Clube em 2005", conta Luiz Alberto, proprietário da LA Sports, que tem mais de 40 jogadores e "revelou" Borges, Thiago Neves, Pierre e Maicosuel, além de Silas como treinador.

Trabalhando com clubes médios, a empresa tem colhido sucesso. Em 2006, o Paraná Clube chegou entre os primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e se classificou para a Copa Libertadores pela primeira vez na história. Dois anos depois, colocou o Avaí de volta para a Série A e, ano seguinte, tinha vários titulares do time recentemente sexto colocado no Nacional - a melhor campanha de um clube catarinense em todos os tempos.

Hoje, oficialmente a LA Sports deixou o Paraná Clube e concentra seus esforços no Avaí. Não à toa, todos os reforços do clube catarinense para 2010 já vestiram as três cores paranistas: Dinélson, Vandinho, Batista, Gabriel e Zé Carlos foram atletas movimentados por um fundo que, na prática, não é clube de futebol. Na Inglaterra, esse tipo de negócio é coibido com veemência pela Futebol Association, a federação do futebol do país.

As transferências e os impérios

Pelo menos quatro das 10 maiores vendas do futebol brasileiro na última janela de transferências tinham jogadores da Traffic ou Sonda. Além disso, as duas principais vendas, somando quase 30 milhões de euros (R$ 76 milhões na cotação atual) - Keirrison e Nilmar -, foram de jogadores da dupla.

Em 2008, o Grupo Sonda, que investe em vários ramos de atividades, especialmente supermercados, registrou lucro de US$ 671 milhões, um aumento de 46% em relação ao ano de 2007.

Recentemente, o Grupo Traffic deu prova de sua força ao adquirir o jornal Diário de S. Paulo, ampliando um leque de propriedades no ramo de comunicação - possui a TV TEM, afiliada da Rede Globo e os jornais Bom Dia, que circulam no interior paulista.

Criada pelo jornalista Jota Hawilla para negociar publicidades estáticas, a Traffic hoje também é dona de dois clubes de futebol, o Miami FC e o Desportivo Brasil.

Atua ainda na comercialização de patrocínios e direitos de TV dos principais torneios da América do Sul: Copa Libertadores, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana, Eliminatórias Sul-Americanas, Sul-Americanos Sub-20 e Sub-17, entre outros.

Por Conca, Fluminense entregou promessas para Traffic
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Foto: Ricardo Ayres/Photocamera / Divulgação
Fonte: Redação Terra
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