"Melhor que na Seleção", Dunga põe política "honesta e simples" no Inter
Comando, honestidade, mais comunicação e estilo europeu. As pessoas próximas ao técnico Dunga definem assim o dono do vestiário do Internacional. As características talvez expliquem o retrospecto extremamente vitorioso do ex-volante na nova carreira. Entre Seleção e Inter, são três títulos em cinco disputados, além do primeiro lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo 2010.
O último deles foi a taça do Campeonato Gaúcho, há uma semana, vencida de forma antecipada. Com a Seleção, Dunga foi campeão da Copa América e da Copa das Confederações. Acabou com a medalha de bronze na Olimpíada de 2008 e com a eliminação nas quartas de final da competição mais importante que disputou, a Copa do Mundo da África do Sul.
As taças já viraram rotina. Segundo apurou uma fonte no vestiário colorado, a simplicidade e a honestidade com que Dunga trata todos é um dos pontos fortes. O treinador diz o que quer, faz uma avaliação direta do trabalho e evita comentários externos ou pelas costas dos integrantes da comissão técnica e jogadores.
Um dos líderes do elenco e jogador que trabalhou com diversos treinadores na carreira como Alex Ferguson, que se aposentou na última semana , Diego Forlán fez avaliação semelhante. "Ele foi um grande jogador e coloca experiência. É um treinador exigente. Mas quando damos o que quer, e ganhamos, ele sabe que é bom compensar. É muito legal trabalhar, dar o melhor, e ganhar a compensação do treinador", comentou o uruguaio.
A liderança exercida é a mesma dos tempos de volante brigador e de lançamentos precisos no Japão, quando ainda era comandado pelo preparador físico Paulo Paixão, atual parceiro. Mas o cargo novo exige mais de Dunga: o diretor de futebo Luís César Souto de Moura afirmou que, em comparação quando passou pelo vestiário como jogador, o capitão agora é muito mais falante.
A quarta é de outra decisão para o time após o título gaúcho. Se quiser manter a senda de vitórias, Dunga precisará vencer o Santa Cruz, às 22h, para se manter vivo com o Inter na Copa do Brasil.
Paixão, escudeiro fiel
Desde que se tornou treinador de futebol, Dunga sempre teve ao lado a figura de Paulo Paixão. O preparador físico estava na Seleção Brasileira e integra a comissão técnica do capitão do tetra. O Inter foi buscar ele no rival Grêmio no início do ano para reeditar a parceria, que teve ainda capítulos no Japão, quando ambos defendiam o Jubilo Iwata.
A sintonia entre os dois é algo latente. Por exemplo, apenas Dunga e Paixão falam pela comissão técnica. Nenhum outro integrante, como os auxiliares técnicos, dão entrevistas. A relação é construída em cima de uma confiança que gera os bons resultados.
"Acho que o principal nesta situação é que a gente tenha confiança. É o que é necessário para essa relação, de às vezes só no olhar se entender. O meu entendimento com o Dunga tem isso, cada um tem a confiança no outro e entende quando acontece as tomadas de decisão. O Dunga foi meu jogador, então o conheço bem, temos esse entendimento bom. Temos essa confiança", comentou Paixão, frisando que os jogadores precisam comprar a ideia proposta pela comissão.
Dunga esteve no comando da Seleção Brasileira por 68 jogos entre 2006 e 2010. Foram 49 vitórias, 12 empates e sete derrotas, com um aproveitamento de 77,9%. No Inter, carrega número semelhante: tem 68,42% de aproveitamento no Gaúcho. Comandou a equipe em 19 jogos, com 13 vitórias, quatro empates e duas derrotas - as duas primeiras rodadas foram com o time Sub-23.
"Estou dizendo: o Dunga está melhor com relação ao que era na Seleção. Lá nos encontrávamos antes, mas sem dia a dia. No clube ele tem esse dia a dia, está comprovando comexperiência que teve no dia a dia nos clubes, quando jogador, e faz um excelente trabalho", finalizou Paixão.