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Futebol Internacional

Dorival nega revanchismo contra Santos e teme Neymar: "é imarcável"

6 mar 2012 - 07h46
(atualizado às 07h48)
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Klaus Richmond
Direto de Santos

Dorival Júnior ainda não assimilou o rompimento forçado com o Santos. O técnico diz a quem quiser ouvir que "aquele momento não terminou", se referindo ao trabalho interrompido pela demissão em setembro de 2010, e acredita que retorna um dia ao clube de outrora. O novo reencontro com Neymar, pivô de sua queda, agora pelo Internacional, tem pela primeira vez ares de decisão. Ele nega revanchismo e ainda cita o ex-pupilo rebelde como "imarcável".

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"O Neymar é 'imarcável'. O técnico pode tentar marcá-lo por zona, individualmente ou designar um homem os 90 minutos para segui-lo, mas a genialidade dele em algum momento vai prevalecer", alertou.

Em entrevista exclusiva ao Terra, o treinador diz que não guarda mágoas do atacante, pede paciência para o retorno completo de Ganso e vê a partida desta quarta-feira, às 19h45 (de Brasília), como fundamental para ambos os clubes na fase de grupos da Libertadores.

Confira a entrevista exclusiva com Dorival Júnior, técnico do Internacional:

Terra - Surpreendentemente o The Strongest (Bolívia) lidera o grupo, com seis pontos. Eles, no entanto, só jogaram e pontuaram na altitude. Oferecem, de fato, algum perigo para a classificação de Santos e Inter?

Dorival Júnior - É um adversário em potencial, que leva vantagem na altitude, mas que também possui um time equilibrado. Brigam diretamente por uma das vagas. Eu não descarto nem o Juan Aurich (Peru) porque eles saíram para jogar fora nos dois primeiros jogos e agora terão outra postura. Contra o Santos, será uma decisão. Podemos nos complicar com um mau resultado ainda que tenhamos vencido o primeiro jogo.

Terra - E quanto ao time? O mais provável é que você jogue com o meio reforçado por três volantes e opte pelo Dagoberto no banco mesmo?

Dorival Júnior - Ainda não confirmo. Não tive o Tinga e o Dagoberto no último treinamento e optei por uma formação que ainda não usei desde que cheguei. Dentro de uma necessidade posso vir a usar, mas não sei se iremos sair assim. Eu não escondo a equipe, não tenho motivo algum para isso, mas não tenho definição ainda.

Terra - O reencontro com o Santos, desde a sua demissão, passou a ser diferente, não? Pode ser a chance de provar que poderia ter permanecido..

Dorival Júnior - Sinceramente, não levo em nenhum momento para o revanchismo ou acerto de contas. Não tive problema algum com a diretoria ou o grupo de jogadores. A atitude naquele momento do Neymar após o jogo (contra o Atlético-GO, em 15 de setembro de 2010) já havia sido restaurada, mas houve um desencontro meu com a diretoria. Enfrentar o Santos em qualquer situação depois daquela passagem sempre vai ser importante quer seja agora ou em alguns anos. O Santos ficou marcado na minha carreira, ajudei na formação do grupo. Será um jogo de alto risco, teremos uma disputa grande, mas nada além disso. Esse clube faz parte da minha vida. Aquele momento ainda não terminou, creio que posso dar sequência. É um trabalho que não poderia ter sido interrompido como foi daquela forma.

Confronto Inter x Santos pela Libertadores marcará novo duelo entre Dorival Júnior e Neymar
Confronto Inter x Santos pela Libertadores marcará novo duelo entre Dorival Júnior e Neymar
Foto: Alisson Gontijo/O Tempo / Futura Press

Terra - O Santos de 2010 foi o melhor time que você já montou e dirigiu?

Dorival Júnior - Foi o que me deu mais prazer de ver jogar. O time jogava coletivamente, com um toque na bola e ganhou dois campeonatos, com possibilidades reais no Brasileiro sendo que já havíamos perdido André, Wesley, Robinho e Ganso, machucado. Aquilo, para mim, foi um exemplo porque arriscamos uma formação que poucos acreditavam que desse certo. Marcou a minha carreira e deixou saudade. Era bonito de ver.

Terra - Desde a sua saída, você já enfrentou o Neymar algumas vezes. Percebeu uma maturidade notória? Em que ele mudou? Dentro de campo acha que é bem diferente do Neymar que acompanhou até setembro de 2010?

Dorival Júnior - O Neymar cresceu sob todos os aspectos. Eu pedia para que ele se preparasse, pois seria um dos principais jogadores do futebol mundial. A carreira dele hoje é alicerçada. Vejo ele amparado por uma grande equipe. Como pessoa, aquele episódio fez com que voltasse a ser aquele garoto alegre, que cativou à todos, um menino que só quer jogar futebol. Espero que não perca isso nunca. Hoje ele se consolidou como um grande profissional e tem tudo para marcar época no futebol.

Terra - E já sabe como pará-lo? Vai designar um marcador só para ele? Hoje, se arrepende de ter lutado pela manutenção do afastamento dele? Faria diferente?

Dorival Júnior - O Neymar é imarcável. O técnico pode tentar marcá-lo por zona, individualmente ou designar um homem os 90 minutos para segui-o, mas a genialidade dele em algum momento vai prevalecer. Acho que naquele instante uma punição administrativa, já dada pelo Santos, não adiantaria. O presidente entendeu que não valia uma penalização técnica, mas eu trabalho com o grupo e não com esporte individual. Precisava dar o exemplo aos garotos, o grupo esperava por uma punição. Ele (presidente) entendeu que não era cabível e aceitei, mas não tinha como ficar mais à frente do time naquele momento.

Terra - Quanto ao Ganso, é um jogador que está muito bem nesse início de ano. Ele superou lesões, problemas pessoais, e também mudou um pouco as caracterísitcas. Diferente de 2010, está chutando pouco, se contentando como exímio passador. Por que ele mudou assim?

Dorival Júnior - Eu já esperava que isso acontecesse. Quando um jogador tem uma lesão, isso acontece na maioria dos casos, a volta com certa regularidade demora, pelo menos, o mesmo período em que ficou afastado. Isso eu observava quando jogava. Na volta dele, em 2011, sofreu uma lesão muscular e ficou parado. Ainda tem outros fatos que podem ter atrapalhado o profissional. O Paulo hoje vive um recomeço, está se reencontrando. Creio que em breve voltará a ser o jogador que conhecemos. Mas, mesmo assim, já é genial. Se não está chutando pode ter certeza que é questão de tempo. Ele recomeçou em alto nível.Terra - Você saiu de um momento de ascensão, com o Vasco e o Santos, para entrar em seguidas demissões, do próprio Santos, do Atlético-MG, além de pressão no Inter. Vê a sua carreira estacionada após o episódio? Enfrentou novos problemas comportamentais?

Dorival Júnior - Acho que não. Fui para o Atlético-MG em uma situação totalmente desacreditada. Ajudei quando ninguém mais acreditava. Em 2011, abrimos com algumas contratações, queria mudar um pouco o perfil, mas no fim de fevereiro e início de março perdemos o Jobson, Ricardinho, Zé Luiz, Diego Souza e Diego Tardelli. Não é fácil. Ainda perdemos o Campeonato Mineiro no fim do segundo tempo para o Cruzeiro. Depois, não teve como segurar. No Inter consegui a conquista da Recopa Sul-Americana e chegamos à Libertadores. Não vejo algo diferente do que eu poderia encontrar no Santos. Não tive mais problemas, a exceção do Atlético-MG (com Jobson).

Fonte: K.R.C. DE MELO & CIA. LTDA - ME
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