Irmão de Zé Roberto, técnico do vôlei sentado busca comparações: "é bom"

Danilo Vital

Direto de Londres

Quando chegou ao centro de convenções ExCel para a disputa do jogo contra o Irã nesta segunda-feira, o técnico da Seleção Brasileira de vôlei sentado, Fernando Lages Guimarães, foi abordado por um voluntário. O homem queria ter aos seus cuidados a equipe paralímpica. O motivo é o fato de o treinador ser irmão de José Roberto Guimarães, que levou a Seleção feminina de vôlei à conquista do ouro na Olimpíada de Londres. Nos Jogos Paralímpicos, tal relação com o familiar famoso agrada ao comandante.

» Acompanhe o quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos
» De bocha a goalball, conheça os esportes da Paralimpíada
» Confira dez curiosidades sobre a Paralimpíada

"Eu faço questão que as pessoas saibam, eu gosto que falem. 'O cara' é ele, o único tricampeão olímpico do Brasil. Não tem o menor problema. Eu até uso isso porque, para mim, é bom", disse o técnico, após a derrota por 3 sets a 0 para os iranianos. As dificuldades enfrentadas no cargo fazem parte do projeto de fortalecimento da modalidade, disputada por pessoas com deficiências em braços e pernas e amputados. O trabalho está no começo. É por isso que ele vê como boa as comparações com o irmão.

"Não dá para comparar. Vai comparar o quê? Não tem comparação. Mas isso só ajuda. Sou fã dele primeiro como homem. E eu espero que comparem mesmo. Se eu conseguir fazer um décimo que ele fez, está ótimo", continuou Fernando, um fisioterapeuta que até a Olimpíada de Pequim 2008 trabalhou em conjunto com Zé Roberto e fez parte da comissão técnica durante todo o ciclo olímpico, que culminou com o título.

Por causa do irmão, Fernando começou a jogar vôlei. "Sempre fui um jogador médio, mas joguei com melhores do Brasil", afirmou. Simultaneamente, se tornou fisioterapeuta e passou a desenvolver trabalho pioneiro com deficientes físicos chamado hipoterapia, com uso de cavalos. A união das duas atividades foi a deixa para aceitar o projeto do Comitê Paralímpico Brasileiro no vôlei sentado.

"Estou tentando trazer modelo que dá certo para o vôlei de pé para o vôlei sentado. Tem que adequar algumas coisas, mas o caminho é esse. Estão começando a entender o jogo", disse Fernando Guimarães. Ainda não há perspectiva de atingir o patamar de Zé Roberto no vôlei sentado, mas ele já nota a evolução da equipe, que deu trabalho ao bicampeão paralímpico Irã. "Temos futuro bem legal pela frente", complementou o treinador.