PUBLICIDADE

Copa das Confederações

Astro japonês cria marca de saquê e visita 43 cidades do país

13 jun 2013 - 09h25
(atualizado às 11h49)
Compartilhar
Exibir comentários

Hidetoshi Nakata, 36 anos, não sabe explicar por que encerrou a carreira aos 29, logo após participar de sua terceira Copa do Mundo, em 2006 – ou não quer explicar. Comentarista da rede japonesa NHK durante a Copa das Confederações de 2013, o ex-meia esteve nesta quarta-feira no treinamento da Itália no campo anexo ao Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro, e falou sobre sua vida pós-futebol em entrevista exclusiva ao Terra.

Confira todos os vídeos da Copa das Confederações

Embora relute um pouco em falar sobre si mesmo, o primeiro grande astro do futebol japonês explica que se tornou um viajante. Desde que parou de jogar, passou por uma série de países da Ásia, da África e da América do Sul, mochila às costas. Ele visitou, por exemplo, um campo de refugiados no Iraque. No Brasil, já perdeu a conta de quantas vezes esteve. “Esta é a sexta ou a sétima”, conta.

Nos últimos quatro anos, Nakata tem-se dedicado a conhecer mais o seu próprio país, do qual saiu em 1998 para fazer carreira no futebol italiano. Ele listou 47 cidades do Japão para visitar e desde então pôs os pés em 43. São localidades em geral pequenas, agrícolas, onde o ex-atleta conheceu diversas formas de produção de saquê.

Existem mais de 1.200 produtores de saquê no país oriental. A partir dessa experiência, Nakata selecionou 26 diferentes tipos de saquê para serem degustados no Arigato in London, evento realizado durante os Jogos Olímpicos de 2012 para angariar fundos às vítimas do terremoto que havia atingido o Japão um ano antes.

Em 2013, ele lançou sua própria marca de saquê, batizada com seu sobrenome (lê-se "Nakatá"), e fala em ajudar “de alguma forma” os pequenos produtores, seus compatriotas. Enquanto isso, não pretende parar com suas viagens, as quais aproveita também para promover o esporte que o consagrou com partidas beneficentes. “Futebol quero jogar até morrer”. Mas sem envolvimento profissional, já que ele descarta também a possibilidade de virar treinador. “A vida não é uma só, você deve ter diversas vidas”, discursa.

Confira a entrevista com Hidetoshi Nakata:

Terra: Você foi a primeira grande referência do futebol do Japão. Ainda hoje você é o jogador japonês mais conhecido no mundo?

Nakata: Não creio que eu seja. Há jogadores que jogam fora do Japão, tipo o (Shinji) Kagawa (do Manchester United). Há jogadores que jogam na Alemanha e também em outros países. Não creio.

Terra: Mas você foi o primeiro grande japonês, não? Uma espécie de pioneiro.

Nakata: Não sei, não é importante o primeiro ou o último, o importante é aquilo que você fez. Hoje eu sou um ex-jogador, não posso falar de mim.

Terra: Como você vê a seleção do Japão hoje? O técnico é italiano, Alberto Zaccheroni.

Nakata: Ele está indo muito bem. Foi contratado há não muito tempo (2010) e trouxe detalhes técnicos. Agora ao Japão acho que falta um pouco fazer gol, né? É um salto importante para dar nesta Copa (das Confederações): fazer gol, não defender. Se conseguirem será importante.

Terra: Em sua época de jogador você foi treinado pelo Zico na seleção japonesa. Essa presença de técnicos estrangeiros é importante?

Nakata: O Japão não temos muita história. Precisamos de tempo, e esses treinadores estrangeiros têm mais experiência, têm mais lições do futebol.

Terra: Por que você parou de jogar tão cedo?

Nakata: Porque eu não era bom, não era bom (ri). Posso jogar ainda, jogo por beneficência, gosto disso.

Terra: Com quantos anos você parou? Não tinha mais vontade de jogar?

Nakata: Parei com 29 anos. Vontade tinha, mas tinha outra ideia... no sentido de que a vida não é uma só, às vezes chega o momento de ver o que você faz e parar. Se chega antes ou depois, cada um deve escolher. Você deve ter diversas vidas.

Terra: E desde quando você parou tem desfrutado bastante da vida pós-futebol?

Nakata: Joguei por 20 anos, parei e só passaram-se oito. Você precisa de tempo para construir uma nova vida. Estamos ainda criando. Mas futebol quero jogar até morrer.

Ídolo do Japão fala de Neymar e faz alerta para brasileiros:
Terra: Você dizia que visitou 43 cidades japonesas nos últimos anos. Conte-mais como é isso.

Nakata: 

Foram 43, ainda faltam quatro. Levo quatro anos estudando muito o Japão, visitando camponeses e artesãos. Fiz tanta amizade. Eles têm muito conhecimento e quero me desenvolver um pouco nesse mundo. Decidi começar com o saquê, porque há tantos restaurantes japoneses no mundo agora, tanto na Itália quanto  no Brasil. Queremos criar como acontece com o vinho italiano.

Terra: Nessas viagens pelo Japão o que mais o impressionou? 

Nakata: Os camponeses. Os japoneses são muito capazes, levam uma vida com muita saúde, eles têm uma técnica importante. Queria ajudá-los um pouco a se desenvolverem.

Terra: Você citou vinho e hoje (quarta-feira) você conversou bastante com o (Andrea) Pirlo, que tem uma vinícola na ItáliaVocês conversaram sobre isso?

Nakata: Sim, sim. Falamos um pouco (sorri). 

Terra: E você lançou também uma marca de saquê que leva o seu nome. O lançamento foi neste ano?

Nakata: Sim, fizemos o primeiro lançamento. Vamos devagar, devagar. 

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade