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Copa das Confederações

Balotelli do Sport vale R$ 250 mil e não tem carro; conheça

18 jun 2013 - 07h47
(atualizado às 13h58)
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“Olha a marra”, gritam os companheiros de Jonathan Boareto dos Reis enquanto ele faz a tradicional pose de Mario Balotelli, sem camisa e forçando os músculos, para a reportagem do Terra. Sem carro na garagem e com os direitos avaliados em RS 250 mil, Jonathan, 24 anos, é reserva do Sport e vive uma situação bem diferente à de Mario, 22. O atacante brasileiro, no entanto, liga-se ao italiano pelo apelido.

Jonathan Boareto dos Reis virou Jonathan Balotelli no início de 2013. Fazia a pré-temporada pelo Pesqueira, time do interior de Pernambuco, quando resolveu pintar o cabelo de loiro e deixá-lo com um moicano. A intenção era copiar o estilo de Neymar e Balotelli. Ficou mais parecido com o italiano, que usava os fios descoloridos à época.

“Meu colega Deivid, que fica comigo no quarto, começou a falar ‘Balotelli, Balotelli’ e foi pegando”, explica. Pegou, mas não vingou. Jonathan passou todo o primeiro turno do Campeonato Pernambucano sem marcar gols pelo Pesqueira. Os colegas já brincavam dizendo que o apelido havia dado azar quando o atacante reagiu: com 13 tentos, foi o quinto maior artilheiro e recebeu o prêmio de revelação da competição.

“O Pesqueira queria R$ 500 mil pelo Jonathan e dissemos que não pagaríamos, porque a nossa camisa é pesada. Contratamos muitos jogadores do interior que não deram certo”, detalha Marcos Amaral, diretor executivo do Sport. A negociação só foi fechada quando um grupo de investidores propôs comprar os direitos sobre o jogador e colocá-lo no Sport, fazendo o chamado contrato de vitrine.

O grupo é ligado ao empresário Carlos Leite, mesmo representante do técnico Mano Menezes. Segundo Amaral, a negociação foi fechada por cerca de R$ 250 mil, e Balotelli chegou ao Sport em maio. Desde então, foram apenas duas partidas realizadas – sempre entrando no segundo tempo – e nenhum gol feito, mas o atleta não desanima.

Torcedores italianos sofrem na estreia contra o México:

“Não tive oportunidades, mas uma hora vai aparecer. É só trabalhar e esperar que uma hora chega”, diz. A declaração é baseado em sua própria experiência de vida. Natural do Rio de Janeiro, Jonathan tentou a sorte nas peneiras de clubes grandes, mas não permaneceu. Sem boas condições financeiras, pensou em desistir da carreira e dos 18 aos 21 anos trabalhou em um cyber e e em obras.

No retorno ao futebol, a profissionalização veio apenas em 2011, pela Associação Atlética Carapebus, clube do interior fluminense. “Voltei a jogar, trabalhava com meu irmão e ele me ajudou a pagar passagens. Fiquei um ano e meio praticamente sem receber no Carapebus até aparecer a proposta do Vitória de Santo Antão. Joguei a A-2 (do Pernambucano) e me destaquei em algumas partidas. O Pesqueira se interessou, e tudo aconteceu”, relata o carioca, que tem sete irmãos, é casado e tem um filho de um ano e dois meses de idade: João Miguel.

Balotelli, o do Milan, tem seis irmãos: três de sangue e três da família italiana que adotou o filho de imigrantes ganeses o qual havia sido abandonado em um hospital. Em 2013, ele foi comprado do Manchester City por 20 milhões de euros (R$ 58 milhões) – 232 vezes mais do que a última transferência de Balotelli, o do Sport.

O italiano já dirigiu uma Maserati, um Bentley e recentemente comprou uma Ferrari. “Ah carro não tenho ainda não”, afirma Jonathan, aos risos. “Mas em breve vou ter, se Deus quiser. Estou vendo isso já”.

Desenvolto diante dos repórteres, Jonathan sorri o tempo todo e não se importa em tirar a camisa número 9 do Sport para imitar a pose do “Incrível Hulk”. No último domingo, Balotelli fez o mesmo ao comemorar o gol da vitória por 2 a 1 da Itália sobre o México, no Estádio do Maracanã, pela Copa das Confederações.

Os gritos de “marra” de colegas do Sport que veem a cena não disturbam Jonathan. “Sou humilde. Sem humildade não se chega a lugar nenhum”, aponta ele, discordando também de quem define Mario como marrento. “Ele é humilde. Às vezes o cara faz uma gracinha a mais, acontece. É o jeito dele, mas deve ser um cara bom com certeza”.

Balotelli, o verdadeiro, também estará em Recife nesta terça. A seleção italiana se hospeda na cidade antes de enfrentar o Japão, nesta quarta, na Arena Pernambuco. Jonathan gostaria de encontrar o homônimo.

“Vai ficar complicado com a pré-temporada agora, mas a gente vê o que pode fazer”, diz ele, que recentemente raspou o moicano e adotou um visual mais comportado, assim como o colega famoso. Com 1,85 m de altura e 78 kg, ele é 3 cm mais baixo que o italiano. Também é menos troncudo, mas as características em campo são quase as mesmas, segundo detalha: “a arrancada, a força, o cabeceio, acho que isso, né? E a estrutura assim, o corpo também parece um bocado”.

Fonte: Terra
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