"Chinês-italiano" brilha em entrevista e diz que já bebeu com jogadores
“Meus cumprimentos, você fala muito bem italiano”. A declaração veio do técnico da Itália, Cesare Prandelli, e quebrou o protocolo na conferência de imprensa oficial da Fifa na véspera da partida entre a seleção europeia e o México, marcada para este domingo, pela primeira rodada da Copa das Confederações, no Estádio do Maracanã. O elogio era destinado ao jornalista chinês Xuyan Dong, que roubou a cena ao falar um italiano fluente – e em um ritmo frenético.
Confira todos os vídeos da Copa das Confederações
Dong foi o responsável pela última pergunta da entrevista realizada neste sábado, na sala de imprensa do Maracanã. Ele emendou logo três questões – duas para Prandelli, sobre as negociações com os clubes para a liberação de jogadores e sobre a presença de oito atletas da Juventus na convocação; e outra para Andrea Pirlo, avisando-lhe que a Itália Sub-21 havia acabado de abrir o placar na semifinal do Campeonato Europeu, contra a Holanda, em duelo que ocorria em Israel.
-todfa726y0j7.jpg)
-1iaxoeahqib1h.jpg)
O conteúdo do que o chinês falava não foi o que mais chamou a atenção, e sim a pronúncia praticamente impecável e a imitação até dos gestos com as mãos que são a marca registrada dos italianos. Sentados na bancada localizada em um palco na sala, Prandelli e Pirlo sorriram, enquanto que jornalistas italianos soltaram alguns risos.
Dong, 36 anos, explica à reportagem do Terra que estudou italiano por quatro anos na China antes de viajar no fim da década de 1990 a Roma, onde cursou Ciências da Comunicação por mais cinco anos. Atualmente morando em Pequim, ele está no Brasil como correspondente do site chinês de notícias Sina.
Desde 2002, o repórter acompanhou a equipe principal da Itália em todas as competições importantes, à exceção da Copa das Confederações de 2009, na África do Sul. Entre as coberturas, indica como a mais marcante a Copa do Mundo de 2006, na qual a seleção europeia, comandada por Marcello Lippi, sagrou-se campeã.
O chinês recorda que, naquele ano, ele e outros jornalistas foram convidados para participar da festa do título no hotel dos jogadores em Berlim, onde chegaram a beber cerveja ao lado dos atletas. “Só não posso contar quais”, diz.
Há tanto tempo seguindo de perto a Itália, Dong define Prandelli como “muito simpático”, mas brinca dizendo que a “memória” do treinador não é das melhores. “Esta foi a terceira vez que ele elogia meu italiano”, afirma. O problema é que a última fora há bastante tempo: um ano atrás, na campanha do vice-campeonato da Eurocopa da Polônia e da Ucrânia.
Mas e as respostas das perguntas? Após os elogios, o treinador disse que espera “ampliar” o relacionamento com os clubes, querendo contar mais vezes com os jogadores para treinos durante a “temporada importante” que culminará com a Copa do Mundo de 2014. Ele ainda ressaltou a “sorte” por contar com tantos atletas da Juventus na seleção, “que trabalham com sinergia todos os dias”.
Pirlo quase se esqueceu de responder à pergunta de Dong. Quando o funcionário da Fifa já encerrava a entrevista, o chinês pediu que o meio-campista indicasse possíveis sucessores para sua posição na equipe Sub-21 da Itália. “Há jogadores como (Marco) Verrati ou (Alessandro) Florenzi. São escolhas que caberão ao técnico no futuro”, foi a resposta.
Ao final, o gol solitário do atacante Fabio Borini decretou a vitória italiana sobre a Holanda. Na próxima terça-feira, a equipe azul enfrenta a Espanha no Teddy Stadium, em Jerusalém, pela final do Europeu Sub-21. Pode ser a revanche da derrota da decisão da Eurocopa principal, em Kiev, em 2012, quando a Espanha goleou por 4 a 0. Ali estavam presentes Prandelli, Pirlo e também Dong.
