Itália minimiza pior defesa da história e crê em "4 gols irregulares"
Equipe que já contou com zagueiros lendários como Franco Baresi, Paolo Maldini e Fabio Cannavaro, a Itália sofre com a defesa na Copa das Confederações de 2013. Pela primeira vez na história, a seleção europeia terminou uma fase de grupos de uma competição com oito gols sofridos. O histórico leva em consideração torneios oficiais como Mundiais, Eurocopas ou Copas das Confederações.
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“Bela pergunta”, respondeu o técnico Cesare Prandelli nesta segunda-feira, questionado sobre o alto número de bolas na rede do goleiro Gianluigi Buffon na Copa das Confederações de 2013. “Não criemos polêmica, mas dos oito gols quatro foram irregulares, então se pode entender. A coisa bela é que fizemos oito gols – talvez um discutível, de pênalti contra o Japão –, mas então fizemos sete. Viemos com o espírito correto: de não pensar exclusivamente em defender, mas de oferecer um bom futebol. Obviamente atleticamente você tem de estar bem, mas dos oito quatro foram irregulares”, repete.
Prandelli não costuma se alongar nos comentários sobre arbitragem e nem especificou sua reclamação. Ele se referia provavelmente a três gols marcados na vitória por 4 a 2 sobre o Brasil – os italianos alegam impedimento de Dante no primeiro tento e de Fred no quarto e contestam também a falta assinalada sobre Neymar, que resultou no segundo gol. O outro tento controverso foi o primeiro do Japão na derrota por 4 a 3, originado de um pênalti discutível convertido por Keisuke Honda.
Após a derrota para o Brasil, Buffon também citou que “três ou quatro” dos oito gols sofridos foram “irregulares”. Mas a verdadeira razão para o recorde negativo, segundo o goleiro, é outra: “creio que alguns gols que tomamos nasçam do fato de fazermos sempre um jogo propositivo. Digo mais: a última seleção italiana que recordo de jogar assim como fazemos agora, procurando sempre se impor, foi aquela do Mundial de 1978, na Argentina”.
Ao citar a Copa de 1978, da qual a Itália foi a quarta colocada, Buffon colocou o dedo na ferida. Desde então o país venceu dois Mundiais (1982 e 2006) com um jogo baseado na solidez defensiva e no contra-ataque mortal. “Dependíamos de levar um tapa para depois reagir”, exemplifica o ex-zagueiro Giuseppe Bergomi, que disputou as Copas de 1982, 1986, 1990 e 1998, em entrevista ao Terra.
Na conferência de imprensa desta segunda, realizada no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, Prandelli chegou a se exaltar com a quantidade de perguntas sobre a defesa do time. “Contra a Espanha, a Nigéria criou no primeiro tempo quatro chances de gol. Este é o futebol, não vemos mais times que não dão nenhuma chance ao adversário. Basta de ter como referência o Campeonato Italiano”, disse, aumentando o tom de voz.
“A referência tem de ser o Campeonato Europeu, o Mundial, então podemos raciocinar. A cada partida você deve oferecer quatro ou cinco chances de gol, mas deve criar seis ou sete. Caso contrário vamos ficar discutindo episódios (da arbitragem). Esse é o futebol da atualidade”, concluiu.
Na próxima quinta-feira, a mesma Espanha que bateu a Nigéria por 3 a 0 será a adversária dos comandados de Prandelli, pela semifinal da Copa das Confederações, no Estádio Castelão. Questionado se o modelo espanhol servia de inspiração para esta nova Itália, o técnico discordou – e de novo desferiu uma alfinetada na história do futebol italiano.
“Defendemos sempre que não é o número de atacantes que faz o time ofensivo – nós, italianos, temos dificuldade em entender isso. O futebol nos últimos anos não tem times com dois, três atacantes autênticos. Não é que nos inspiraremos na Espanha, não temos os seus jogadores e a sua cultura futebolística. Quero ver a Itália como no segundo tempo contra o Brasil: sem ser temerosa, atacando”, analisou Prandelli que ainda se disse “curioso” para enfrentar a “favorita” Espanha: “isso pode ser uma experiência muito importante para o nosso futuro”.