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Prandelli: Itália dribla trânsito do Rio e quer jogar bonito

Em entrevista exclusiva ao Terra, Cesare Prandelli fala em detalhes sobre os muitos desafios que enfrentou em quatro anos no comando da seleção italiana

28 mai 2014 - 09h23
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Cesare Prandelli pretende apresentar uma nova Itália ao mundo depois do fiasco de 2010
Cesare Prandelli pretende apresentar uma nova Itália ao mundo depois do fiasco de 2010
Foto: Getty Images

Prandelli tenta apresentar uma nova Itália ao mundo depois do fiasco em 2010 (Getty Images)

Campeã do mundo eliminada vergonhosamente na primeira fase, a Itália se entregou a Cesare Prandellli após seu desastre na África do Sul. Mais do que títulos, os italianos queriam jogar um futebol mais vistoso. Mais do que um time competitivo, os italianos queriam uma equipe mais jovem e imprevisível. A escolha por Prandelli, mostram os últimos anos, foi o que melhor poderia se fazer. 

>> Blog Entrando no Jogo: Prandelli e Pirlo são as armas de uma Itália comum

Mesmo sem dirigir um dos três clubes de maior pressão na Itália, Prandelli tinha currículo e perfil para assumir a missão enquanto os grandes figurões do banco de reservas, como Carlo Ancelotti ou Fabio Capello, saíram ao exterior atrás de contratos que o futebol italiano não poderia e ainda não pode pagar. Ponderado, paciente, gentil e com a mente aberta para o futebol, o treinador cumpriu os objetivos. Especialmente com o vice-campeonato da Eurocopa 2012. 

Nesta entrevista exclusiva concedida ao Terra, Cesare Prandelli revela justamente essas características marcantes de seu trabalho e de sua personalidade. Fala sobre tudo que envolve o Mundial, desde a escolha para que a Itália trabalhe em Mangaratiba até a maneira de lidar com Balotelli. Desde a opção por um jogo que contraria a história italiana até o apelo para que os jovens tenham mais oportunidades em seus clubes. 

A experiência da Copa das Confederações também marcou Prandelli em 2013. A Itália ficou com a terceira posição e se impressionou com as manifestações e até o trânsito no Rio de Janeiro. Questões que, mostra o treinador nesta entrevista, pautaram os planos da chamada Squadra Azzurra para a volta ao Brasil em junho. 

Confira a entrevista com Cesare Prandelli na íntegra:

Terra - A Itália esteve por 20 dias no Brasil no último ano. O que você aprendeu daquela experiência para sair à frente de seus adversários? Quão importante foi essa competição para fazer os planos logísticos para o Mundial?

Cesare Prandelli - Ao competir na Copa das Confederações no último ano, tivemos a grande oportunidade de entender como seria desafiante preparar nossa expedição para o Brasil em 2014. Principalmente em referência a aspectos chaves como as diferentes condições climáticas e logísticas. Dessa experiência aprendemos como é importante montar nosso quartel general e nosso campo de treinos no mesmo lugar em função do trânsito. Isso é relevante para a preparação física, já que estaremos em um ambiente tão diferente. 

Prandelli recentemente renovou seu contrato até a Eurocopa 2016
Prandelli recentemente renovou seu contrato até a Eurocopa 2016
Foto: Getty Images
Terra - Por que a Itália escolheu Mangaratiba para fazer a preparação? O que você encontrou de especial por lá?

Prandelli - Como mencionei, tivemos no Rio em 2013 uma experiência significativa no trânsito quando nos movemos de nosso hotel para o Engenhão e retornamos. Isso nos custou mais de 90 minutos em cada trajeto. É tempo significativo para nossa programação diária. Mangaratiba oferece a oportunidade fantástica de ter todas as facilidades a nosso redor. Viajaremos apenas para os jogos.

Terra - Foi difícil jogar um futebol ofensivo no país do Catenaccio nos últimos anos? Você acha que o futebol italiano compreendeu suas ideias?

Prandelli - 

Simplesmente decidimos dar valor às qualidades dos nossos jogadores para que se expressem no campo. Era a hora para fazer isso, os torcedores queriam um time mais generoso, e todos fizeram essas opções em vez de estimular qualquer especulação tática como no passado. Em vez de uma atitude cínica para a vitória, essa inovação desafiadora foi apreciada pelas pessoas, particularmente no exterior. Alguma coisa mudou no futebol italiano. 

Terra - O que mudou em sua opinião?

Prandelli - A qualidade e as habilidades que os treinadores italianos podem injetar em seu jogo em termos de conhecimento de futebol e táticas continua sendo um ponto preciso nesse mundo. Entretanto, nos anos que virão, será desafiador revisar nosso futebol de formação de maneira profunda. 

Terra - Em 2010, um de seus maiores desafios era encontrar novos jogadores. Por que você acha que o futebol italiano ainda tem dificuldades para encontrar novos valores, como outros países fazem?

Prandelli - Ainda falta paciência para deixar aparecer uma geração de jogadores jovens em seu devido tempo. Há uma corrida por soluções imediatas que normalmente não dão alguma perspectiva de futuro. Estou totalmente convencido que o futebol italiano precisa parar com isso imediatamente, e concentrar esforços na base e no desenvolvimento dos jovens. É preciso ter o objetivo de encontrar valores individuais, os talentos vão surgir novamente com esse princípio.

Terra - Diferentes pessoas devem ser tratadas de maneiras diferentes. Qual o melhor modo de lidar com Balotelli? Você sente Mario mais maduro agora com o Milan?

Prandelli - 

Eu tenho relações francas e honestas com todos os meus jogadores, sempre. Desde que fui apontado como treinador da seleção italiana que Mario se relaciona conosco e nunca desrespeitou alguém. Ele trabalha de maneira entusiasmada e assume as responsabilidades quando está no campo. Ele é muito talentoso.

Prandelli aposta as fichas em Balotelli para marcar os gols para a Itália
Prandelli aposta as fichas em Balotelli para marcar os gols para a Itália
Foto: Getty Images
Terra - Você sente Mario mais maduro agora com o Milan?

Prandelli - 

Clarence Seedorf pode ser um ponto de referência para facilitar esse processo de amadurecimento. Eu acredito firmemente que será assim. Nesse mesmo sentido, a Copa do Mundo será realmente desafiante para todos e Mario, como todos os jogadores escolhidos, deve demonstrar que está pronto na hora correta para cumprir esta dura tarefa. 

Terra - Você compreendeu a mensagem da população brasileira em pedir mais escolas e hospitais em vez de estádios? Como se sentiu durante as manifestações em 2013?

Prandelli - 

Nos sentimos preocupados naquele período porque fomos alertados pelos organizadores locais sobre o risco de segurança do que estava acontecendo nos arredores. Ao mesmo tempo, entendemos as grandes diferenças sociais que foram noticiadas durante nossa estada no coração dos problemas.

Terra - Acredita que o futebol pode melhorar a sociedade?

Prandelli - 

Sim. Acho que o futebol pode melhorar os humanos e a socidade, mas isso precisa ser nutrido por uma forte visão das ações atuais para se fazer efetivo. 

Fonte: Terra
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