O judô brasileiro encerrou neste domingo sua primeira competição de 2012. Com seis medalhas - duas de ouro e quatro de bronze -, a Seleção terminou o Master do Cazaquistão, disputado em Almaty, na segunda colocação geral, atrás apenas do Japão. Para o coordenador técnico da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson, a avaliação é extremamente positiva neste começo de ano olímpico.
"O que posso dizer é que começamos o ano olímpico dentro de uma avaliação muito boa. Foi importante para os atletas e a comissão técnica ganharem confiança, e para mostrar que o trabalho está trazendo bons resultados", analisou o dirigente ao Terra, por telefone. Os pódios alcançados geram pontos para o ranking que define os classificados à Olimpíada de Londres. Os 22 melhores homens e as 14 melhores mulheres se classificam, desde que haja no máximo um representante por país em cada categoria.
Assim, as seis medalhas garantidas em Almaty deixam a elite do esporte bem tranquila para tomar os próximos meses. "Essa atuação dá um alívio para alguns atletas, que passam a pensar só na Olimpíada. O Leandro Guilheiro, por exemplo, e um outro grupo de atletas vão poder se preparar melhor", explicou. A elite também compreende judocas como Mayra Aguiar e Rafael Silva, que conquistaram ouro no Cazaquistão, e Sarah Menezes, medalha de bronze.
"Acho que comecei o ano bem. Fiz uma boa luta, e o objetivo é chegar na Olimpíada bem. Estamos fazendo um bom trabalho junto à Confederação", analisou a atleta, por telefone. Ela e o restante da elite do judô, apesar de bem na briga pela vaga olímpica, seguirão disputando competições do circuito. "Algumas eles vão disputar, mas como forma de preparação. É diferente do que você encarar uma briga buscando vaga olímpica", apontou Ney Wilson.
Janeiro ainda reserva duas competições para os judocas brasileiros, ambas válidas pela Copa do Mundo, nos dias 28 e 29: a etapa de Sofia, na Bulgária, disputada pelas mulheres, e a etapa de Tbilisi, na Geórgia, disputada pelos homens. "Esse é o momento que vale para a gente avaliar os adversários e levantar dados. Acho que por tudo isso, nosso desempenho foi muito bom", complementou Ney Wilson.
Veja 10 segredos do pentatlo moderno por Yane MarquesDisputar provas de natação, hipismo e um evento combinado com tiro e corrida em um só dia não é para qualquer um. Dedicação e treinos nem sempre são suficientes para se sobressair em um esporte como esse. Classificada à Olimpíada de Londres 2012 e melhor pentatleta do Brasil, Yane Marques conta 10 segredos que a ajudam nas competições
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1. DedicaçãoHá uma característica primordial para praticar o pentatlo moderno: dedicação. Foi isso que impediu Yane Marques de desistir enquanto outras atletas deixavam o esporte. "Eu treino de segunda a sábado, durante a manhã e a tarde, e pratico três esportes por dia, mas ainda faço musculação, fisioterapia, treinamentos específicos e sessões com o psicólogo", diz a pernambucana
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2. Cabeça boaPassar por tratamento psicológico é importante para um pentatleta porque ajuda a manter o foco durante a competição. "Chega uma hora em que os detalhes fazem a diferença. A gente vive momentos de estresse, de cansaço, então você tem que saber lidar com isso", diz Yane Marques. "Se você não tem uma cabeça preparada, não vai saber agir corretamente no momento. É extremamente importante", completa
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3. PreparaçãoAntes das competições, Yane faz muitos alongamentos como preparação final. Como as cinco provas são disputadas no mesmo dia, ela aproveita os intervalos para ficar deitada se reidratando e visualizando a disputa seguinte. "Fico descansando e pensando em como vou fazer, como vou agir. Às vezes a gente tem pouco tempo entre uma e outra, e aí não dá. Mas de vez em quando chega a 40 minutos, então dá para descansar", explica
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4. AdaptaçãoAo contrário do que acontece com o hipismo, os atletas não escolhem seus cavalos para a prova de equitação do pentatlo moderno. A organização é que providencia os animais, e os atletas têm 20 minutos antes do início da competição para se adaptar. Por isso, Yane Marques costuma treinar com três cavalos diferentes para testar sua rápida adequação e as possíveis variações entre os comportamentos dos equinos
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5. Conversa ao pé do ouvidoYane tem uma tática na adaptação aos cavalos: costuma conversar com eles. "Eles sentem tudo o que a gente sente, têm um feeling muito apurado. Eles sabem quando você está com medo, quando está alegre, quando trata bem. Então eu já chego agradando, conversando. Se ele for bonzinho, ganha doce", diz a atleta
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6. RivalidadeA prova com maior rivalidade entre as atletas é a esgrima. Além de ser a mais complexa, é a única que coloca duas atletas frente a frente, com eliminação. Além de ser mais rápida e precisa do que a adversária, como no caso das outras provas, é necessário eliminá-la da competição. "O resto das provas é na paz", afirma Yane Marques
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7. Viagem para treinoComo não há muitos esgrimistas no Brasil, Yane Marques faz constantes viagens para treinamento. "A gente acaba indo atrás em outros países para poder aprender", diz a atleta, que já foi para França, Hungria, Itália, Coreia do Sul e Estados Unidos, entre outros. Mesmo nesses períodos, Yane continua alternando os treinos de esgrima com os dos outros esportes
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8. Foco no treinoYane Marques costuma treinar em maior quantidade a esgrima e a corrida. A primeira porque é a prova mais técnica. A segunda porque é a que mais precisa melhorar. "Não estou entre as melhores da corrida, mas hoje não fico entre as piores. Tenho muito o que melhorar", admite. Sua melhor prova é a natação, esporte que praticava quando foi convidada a conhecer o pentatlo moderno
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9. DetalhesPara Yane Marques, o exercício de tiro é extremamente simples, mas acaba influenciado por fazer parte da prova combinada, na qual os atletas correm e alternam séries de disparos. "O fundamento da prova é muito simples, mas ela varia muito. Tem muitas coisas que mudam o resultado: nervosismo, cansaço, o braço tremendo...", enumera. "É uma prova difícil: você está cansado da corrida e tem que atirar, mas nada resiste ao treinamento", completa
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10. ToalhinhaUm truque usado por Yane Marques na prova de tiro é estender uma toalha sobre a mesa na qual a pistola é colocada. A atleta não gosta que a arma tenha impacto com a madeira, especialmente porque, na pressa durante a prova combinada, o choque pode ser maior