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Jogos Olímpicos - 2012

Atletas muçulmanos vivem dilema sobre jejum na Olimpíada

22 jul 2012 - 10h26
(atualizado às 12h27)
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O mês sagrado do Ramadã coincide neste ano com os Jogos Olímpicos de Londres, e com isso os atletas muçulmanos vivem o dilema de serem fiéis à sua religião ou à sua bandeira, ou seja, jejuar ou não jejuar durante a competição.

O zagueiro Thiago Silva foi um dos primeiros jogadores da Seleção Brasileira a conferir o uniforme que a equipe utilizará nos Jogos Olímpicos de Londres; veja fotos
O zagueiro Thiago Silva foi um dos primeiros jogadores da Seleção Brasileira a conferir o uniforme que a equipe utilizará nos Jogos Olímpicos de Londres; veja fotos
Foto: Rafael Ribeiro / CBF / Divulgação

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O Ramadã é um dos pilares do Islã: durante seus 30 dias o muçulmano não pode comer, beber ou manter relações sexuais entre o amanhecer e o pôr-do-sol, o que poderia ser fatal para as pretensões de medalha dos atletas, particularmente quando o mês sagrado, como neste ano, cai em pleno verão.

No Marrocos, a federação de ciclismo do país solicitou oficialmente uma dispensa há mais de dois meses a seus competidores. A Comissão de Ulemás (sábios religiosos) demorou várias semanas para pactuar uma "fatwa" dando a permissão para que eles comam e bebam durante o período de disputas, embora essa licença deva ser referendada pelo rei Muhammad VI, disseram fontes da comissão.

O mesmo pedido foi feito pelo Comitê Olímpico do Egito ao mufti do país, Ali Gomaa, que o aceitou por considerar que os atletas não podem praticar exercícios físicos pesados se estiverem jejuando.

Na Arábia Saudita, um dos países muçulmanos mais rigorosos com as questões religiosas, o Comitê Olímpico é paradoxalmente liberal, e seu diretor, Khaled al Dajil, disse que corresponde a cada atleta decidir se jejuará ou não, mas pessoalmente opina que os esportistas que vão a Londres são viajantes e, como tais, o Islã os dispensa do jejum.

Já na Jordânia, o Comitê Olímpico também assegura que dá liberdade a seus membros, e um porta-voz informou que seus atletas podem se guiar pelas "fatwas" expressadas por prestigiados xeques ou instituições pan-islâmicas, que no passado demonstraram tolerância no tocante a competições esportivas.

Neste sentido, a Academia de Pesquisas de Al Azhar, no Cairo, que exerce certo magistério espiritual sobre uma grande parte do Islã sunita, deixou clara mais de uma vez sua tolerância no caso dos desportistas que pedem para ser eximidos do jejum.

"O esporte se tornou um trabalho no qual as pessoas se especializam e pelo qual recebem um salário. Se esse trabalho for prejudicado por causa do jejum, então é lícito rompê-lo", raciocina o xeque Abdelmoti Bayumi, da Academia de Pesquisas.

Ainda assim, as opiniões expressadas por ulemás e muftis não são estritamente vinculativas, correspondendo a cada desportista muçulmano decidir se seguirá os sábios muçulmanos ou se, apesar de tudo, competirá em jejum.

O caso é que o hábito do jejum está tão enraizado entre os muçulmanos que até entre os eximidos, como doentes e grávidas, são muitos os que o seguem ao pé da letra e ignoram as ordens dos médicos e, para muitos, o espírito do próprio Corão.

EFE   
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