Da desconfiança dos pais ao ouro, Sarah vê "vida mudada"

Allan Farina

Direto de Londres

Aos 22 anos, Sarah Menezes já está na história do esporte. A atleta é a primeira brasileira a conquistar um ouro no judô e antes da Olimpíada de Londres, em Pequim, conseguiu o feito de ser a primeira esportista do Piauí a disputar uma edição dos Jogos. Para chegar ao ponto mais alto do pódio, a jovem peso ligeiro desafiou quem considerava que ela deveria deixar Teresina, superou a desconfiança dos pais para com o judô e agora vê para si uma nova vida.

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"Acredito que essa medalha vai mudar minha vida a partir de agora. Esperava muito um dia chegar nesse pódio olímpico e cheguei aos 22 anos", disse Sarah instantes após derrotar a romena Alina Dumitru em final disputada na arena ExCel, em Londres.

A campeã olímpica lembrou sobre seu início no esporte, quando tratava o judô como uma brincadeira. A diversão, entretanto, foi ficando séria quando Sarah demonstrou que tinha talento para ser profissional. Foi preciso então que houvesse um acordo com os pais: ela só seguiria treinando caso não se descuidasse dos estudos.

"Quando eu inicei meus pais diziam que era esporte masculino, mas eu gostava muito. Toda vida gostei de desafios. O grande problema era por causa dos estudos. Eu entrei em acordo com eles. Pedi para continuar no esporte que me dedicaria aos estudos. Então treinava e estudava, conseguia conciliar. Depois comecei a viajar, mostrei que tinha talento e eles passaram a aprovar", disse a atleta, que trancou a faculdade de educação física para se focar na Olimpíada e pretende se formar em um ano.

Sarah ainda falou sobre sua relação com Teresina, sua cidade natal onde é uma das principais celebridades. A judoca mantém um projeto para ensinar o judô a jovens desprivilegiados e comemora o fato de nunca ter sido necessário se mudar para prosseguir com sua carreira profissional.

"Eu acreditava muito no meu talento, no meu treinador. Acreditava em toda a estrutura que tenho na minha cidade. Psicólogo, parte física, treinamento, e de mim mesma, da vontade que tinha de conseguir chegar onde estou nesse momento", explicou a judoca.

"Sou um exemplo porque não sou dos grandes centros e vou ser um exemplo maior ainda. E isso tenho certeza de que vai fazer com que outros atletas acreditem. O que falta é a confiança, porque todo mundo é capaz de alcançar um ponto alto. Basta a cabeça de cada um", afirmou Sarah.

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