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Olimpíada 2016

"Ninguém vai sair para ficar na rua", diz Paes sobre Parque Olímpico

6 mar 2012 - 15h39
(atualizado às 16h59)
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André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

Eduardo Paes colocou panos quentes no assunto do reassentamento dos cerca de 4 mil habitantes da favela Vila Autódromo, cujas casas deverão ser desapropriadas para a construção do Parque Olímpico para os Jogos de 2016. As declarações do prefeito carioca vêm dois dias depois de o jornal americano The New York Times noticiar que a comunidade desafia a organização do grande evento a ser realizado no Rio de Janeiro dentro de quatro anos.

"A Vila Autódromo ficou com uma parte pequena do Parque Olímpico. Não há pressa, não há correria, ninguém vai sair dali antes de haver uma alternativa, de estar pronto o condomínio (para onde os moradores serão levados)", assegurou Paes, sobre a principal instalação esportiva para 2016. As declarações do prefeito se deram em sua chegada à sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para a reunião com membros do Comitê Internacional (COI). "Ninguém vai sair dali para ficar com aluguel social, para ficar na rua. Vamos tratar as pessoas com todo o respeito do mundo", acrescentou.

A reportagem do diário americano, que cita o que "deveria ser um momento triunfante para os brasileiros", aborda a questão de que 170 mil pessoas serão atingidas por obras de infraestrutura para os Jogos de 2016 e a Copa do Mundo de 2014. A matéria ainda recorda o exemplo chinês, em 2008, quando Pequim não encontrou muita resistência para os reassentamentos, e que o Brasil estaria atrasado neste sentido.

"Temos nosso processo de negociação com eles. Vamos continuar, para que as pessoas possam ser realocadas com dignidade", reafirmou o prefeito. Grupos de moradores, que não concordam com o valor das indenizações, foram à Justiça em busca dos seus direitos e estão usando inclusive a internet como plataforma para evitar abuso nas desapropriações.

Além de citar a questão das redes sociais usadas pelos habitantes da comunidade, o NYT também relembrou o caso da desocupação da favela do Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior paulista, como um processo mal conduzido e que a Vila Autódromo estaria correndo o mesmo risco. "Não haverá nenhum tipo de ação forte da prefeitura com as pessoas mais humildes", completou Paes.

Questão jurídica

O Parque Olímpico concentrará a maior parte das competições dos Jogos de 2016, um total de 15 modalidades. A licitação para o início das obras foi divulgada na última segunda-feira, com consórcio formado pelas construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken sendo o único concorrente e vencedor da parceria público-privada (PPP). O investimento é de R$ 1,4 bilhão - sendo que a Prefeitura entrará com o montante de R$ 525 milhões ao longo de 15 anos. Instalações provisórias ficarão a cargo da União.

O restante ficará a cargo das construtoras - que terão em contrapartida um terreno de 800 mil m², que não será usado para a Olimpíada, para a construção de casas e lojas comerciais. No entanto, ainda existe uma pendência não solucionada: as obras envolverão o terreno onde hoje se encontra o Autódromo de Jacarepaguá.

No último sábado, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) conseguiu uma garantia na Justiça obrigando o cumprimento do acordo estabelecido em 2008 - antes de o Rio ser eleito sede -, que garantia a entrega do autódromo para as obras somente quando um novo circuito estivesse pronto para ser utilizado, já que o calendário da entidade prevê provas entre abril e novembro deste ano no local.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, também presente ao encontro com membros do COI, assegurou que esta última pendência será solucionada. "Estamos fazendo o projeto para que se faça a construção do novo autódromo, já que é uma combinação anterior. Vamos cumprir o acordo com Confederação de Automobilismo, tirando daqui e levando para outro local", explicou o político, afirmando ainda que está marcado para a próxima quinta-feira, em Brasília, uma nova reunião com toda a comitiva do COI com a presidente Dilma Rousseff, que já terá regressado de viagem oficial à Alemanha.

Londres 2012 no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

Prefeito carioca tentou abafar o tema sobre a Vila Autódromo
Prefeito carioca tentou abafar o tema sobre a Vila Autódromo
Foto: AP
Fonte: Terra
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