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Olimpíada 2016

Com R$ 1,8 mil e mentor de Joaquim Cruz, brasileira sonha com final no Rio

A paranaense Flávia Lima tem que acordar ainda de madrugada na casa que divide com outros quatro atletas para chegar à pista da Vila Olímpica de Manaus antes do calor atrapalhar os exigentes treinos. Medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015, ela tem R$ 1.800 mensais para cobrir a maioria de suas despesas, […]

6 mai 2016 - 09h01
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A paranaense Flávia Lima tem que acordar ainda de madrugada na casa que divide com outros quatro atletas para chegar à pista da Vila Olímpica de Manaus antes do calor atrapalhar os exigentes treinos. Medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015, ela tem R$ 1.800 mensais para cobrir a maioria de suas despesas, trabalha sob orientações do descobridor de Joaquim Cruz e sonha em disputar a final dos 800m nas Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016.

Flávia treina diariamente com Luiz Alberto de Oliveira, técnico responsável por revelar Cruz, medalha de ouro em Los Angeles 1984 e prata em Seul 1988 nos 800m, e Zequinha Barbosa. Ela se mudou para Manaus no último ano para acompanhar o treinador, que se alocou na capital amazonense após o fim do Centro Nacional de Treinamento Atletismo de Uberlândia, antes mantido em parceria pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e o Ministério do Esporte.

O clima atrapalha os treinos, que precisam começar por volta das 5 horas da manhã e das 18 horas da tarde por causa do calor e da umidade. E ela precisa dividir uma casa com outros quatro atletas para sobreviver com os R$ 1.800 que recebe do Comitê Olímpico do Brasil (COB), mas nada que a impeça de colocar uma meta ambiciosa para sua participação no Rio 2016.

“Quero chegar às Olimpíadas e fazer história nos 800m”, afirma Flávia. “O objetivo é estar entre as oito melhores. Se depois na final estiver cansada e não conseguir correr bem, é do dia”, explica a brasileira, que acredita poder lutar por medalha daqui quatro anos nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Para alcançar seu objetivo no Rio de Janeiro, Flávia Lima confia na melhor performance de sua vida. Ela conquistou o bronze no Pan de Toronto 2015 com 2min00s40, seu recorde pessoal, e acredita precisar correr abaixo de 2min00s para se colocar entre as oito melhores nos Jogos Olímpicos.

No Mundial de Pequim 2015, ela parou na primeira fase eliminatória com a marca de 2min01s76 – as últimas classificadas à final foram a britânica Shelayna Oskan-Clarke e a francesa Rénelle Lamote, que empataram com 1min58s86 na semifinal. Na China, a prata acabou com a canadense Melissa Bishop, campeã da prova em Toronto 2015, em que Flávia acabou com o bronze.

O sonho com a vaga na final do Rio de Janeiro começou assim que a atleta paranaense subiu ao pódio no Pan – na ocasião, anotou pela segunda vez o índice olímpico exigido pela CBAt. Já fez campings de treinamento na Colômbia e nos Estados Unidos, onde conheceu Joaquim Cruz o pupilo mais famoso de seu técnico. Neste mês, deve se mudar para o Rio, onde planeja treinar até os Jogos.

“Nas Olimpíadas precisa dar 100% porque todos querem estar ali. É o auge de todo atleta. Tem que ter atitude, ficar entre as três primeiras, no pelotão, não ter medo. Treinamento para correr abaixo de 2min00s eu tenho, preciso ter atitude durante a prova”, diz a brasileira de 22 anos de idade.

O treino que faz Flávia acreditar na final olímpica é comandado por Luiz Alberto de Oliveira, quem considera seu segundo pai. Quando começaram a trabalhar juntos, em 2011, ela não conhecia o técnico nem de nome. Nem mesmo Joaquim Cruz, um dos principais atletas da história do Brasil, era familiar à meio-fundista.

Poucas semanas de treino foram suficientes para a brasileira entender que o sucesso viria com o trabalho ao lado de Luiz Alberto. Quando descobriu a importância de seu treinador e os feitos de seus principais pupilos, teve a certeza de que a parceria precisava continuar, convicção que permaneceu até mesmo com o fim do projeto de Uberlândia.

“Minha motivação é saber que ele está lá todo dia acreditando em mim. As histórias que ele conta eu admiro, mas não vivenciei aquilo. Quero fazer minha história para ele contar sobre mim para outras pessoas”, afirma.

Atleta usa xadrez e livros de colorir como preparação mental

Flávia trabalha com auxílio profissional apenas na pista. O preparo psicológico para a pressão das Olimpíadas a atleta paranaense faz sozinha, com atividades do cotidiano que acredita ajudarem a elevar seu nível de concentração para os momentos de tensão dos 800m de sua prova.

Ela começou a jogar xadrez quando era criança para brincar com sua irmã mais nova, Franciele. Chegou a participar de competições antes de descobrir o atletismo no meio da adolescência e tenta manter o hábito. Quando não encontra um adversário para praticar, recorre a livros de colorir para adultos.

“Estou sempre treinando meu mental. São atividades que têm grande influência na concentração e fui moldada para isso antes mesmo do atletismo”, explica.

Flávia também não tem acompanhamento nutricional, mas evita o consumo de produtos industrializados e com ingredientes artificiais – tem a sorte de morar em Manaus, já que um de seus alimentos preferidos é o açaí, originário da Floresta Amazônica. Em viagens, não come fora do hotel pelo medo de consumir acidentalmente produtos com substâncias proibidas pelo código mundial antidoping.

“Qualquer coisa pode prejudicar. Até uma simples bala. Pode ter ali algo que fique dois ou três meses no organismo e você pode acabar levando quatro anos de suspensão”, acrescenta.

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