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Olimpíada 2016

Sede da vela no Rio 2016, Baía de Guanabara convive com esgoto e críticas

13 dez 2013 - 16h13
(atualizado às 16h13)
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<p>A dois anos e meio da Olimpíada de 2016, águas da Baía de Guanabara convivem com lixo</p>
A dois anos e meio da Olimpíada de 2016, águas da Baía de Guanabara convivem com lixo
Foto: AP

Velejadores olímpicos verificaram no sábado o palco das competições da modalidade na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. E muitos deles não gostaram do que viram.

“Tenho velejado pelo mundo nos últimos 20 anos, e este é o local mais poluído no qual já estive”, disse Allan Norregaard, dinamarquês, medalha de bronze na Olimpíada de 2012 em Londres. “É uma pena, porque é um área bonita e uma cidade bonita, mas a água é muito poluída, suja e cheia de lixo.”

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (Co-Rio) prometeu que a questão da poluição estará resolvida na abertura da Olimpíada, daqui dois anos e meio. Os governantes locais alegam ter reduzido 80% da poluição flutuante na Baía de Guanabara.

Os velejadores, porém, duvidam que o problema de décadas possa ser resolvido em pouco tempo, e muitos se preocupam com a saúde. Ambientalistas acreditam que as medidas são apenas paliativas, e que apenas irão mascarar o problema, sem resolvê-lo de fato.

<p>Atletas que treinaram no Rio temem por doenças na água</p>
Atletas que treinaram no Rio temem por doenças na água
Foto: AP

A agência Associated Press tem registrado nas últimas semanas que cerca de 70% do lixo do Rio tem sido despejado em águas. Praias famosas, como Copacabana e Ipanema, estão sujas. Esgoto sem tratamento é jogado na lagoa que circula o Parque Olímpico, o coração das competições.

Norregaard diz que, enquanto navegava nos últimos dias, viu árvores inteiras flutuando na Baía de Guanabara, além de portas, colchões e incontáveis sacos plásticos. Outro velejador citou uma carcaça de cavalo nas águas, que chegam ao Oceano Atlântico pela famosa Praia de Copacabana.

O dinamarquês disse que as condições de competições são “injustas e perigosas”. Além disso, as condições de saúde são consideradas perigosas, devido à elevada concentração de coliformes fecais na água.

“Eu não nadaria aí”, disse Norregaard. “Tivemos alguns acidentes, nos quais os atletas foram para a água e voltaram com manchas vermelhas no corpo. Não sei o que há nesta água, mas definitivamente não é saudável”, completou.

A velejadora brasileira Martine Grael cresceu na Baía de Guanabara. Seu pai, Torben Grael, conquistou cinco medalhas olímpicas, duas delas de ouro. E ela lamentou.

<p>Velejador noruguês Allan Norregaard lamenta: ''este é o local mais poluído no qual já estive''</p>
Velejador noruguês Allan Norregaard lamenta: ''este é o local mais poluído no qual já estive''
Foto: AP

“Para mim, desde que eu era criança, a situação só piorou”, disse Martine, 22 anos, que espera se classificar para a Olimpíada do Rio. “O governo diz que tem muitos programas para limpar a baía, mas eu não vi nenhum progresso.”

Thomas Bach, o recém-eleito presidente do Comitê Olímpico Internacional, deve viajar ao Rio no começo de 2014 para monitorar os progressos da cidade. O COI está preocupado com a demora na organização e na construção das sedes, mas a poluição é uma preocupação que custa aos Jogos Olímpicos um total de US$ 15 bilhões – dinheiro oriundo de verbas privadas e públicas.

“É claro que a água não estará limpa como seria navegando no Caribe”, admitiu Robert Scheidt, vencedor de cinco medalhas olímpicas, por telefone. “Nunca nadei lá (Guanabara). Dentro da baía, sei que não é um local próprio para nado. (Mas) velejei lá e nunca peguei nenhuma doença.”

O britânico Ian Barker, que conquistou uma medalha de prata na Olimpíada de 2000 (Sydney) e agora treina a equipe da Irlanda, disse que navegou em 35 países, e que a situação do Rio é a pior. Barker diz que os velejadores em treinamento precisam parar as atividades para desenroscar seus barcos do lixo.

“É um esgoto”, disse ele. “É absolutamente nojento. Algo precisa ser feito com isso. Mas você precisa de vontade política para essas coisas acontecerem – e, no momento, não há nenhuma”, atacou.

Fonte: AP AP - The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser copiado, transmitido, reformado o redistribuido.
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