"Brasileiros" de outros países superam Rodrigo Pessoa no hipismo

"Prática" comum em esportes como o futebol, basquete e vôlei, a naturalização de atletas vem atingido outras modalidades. No hipismo, por exemplo, dois brasileiros "viraram" a casaca e, nos Jogos Olímpicos de Londres, vem fazendo mais sucesso que os cavaleiros que representam o Brasil

A frustração por não ter seu cavalo aprovado para competir no Mundial de Hipismo fez a amazona brasileira Luciana Diniz "virar a casaca" em 2006. Ela, que já tinha competido pelo Brasil nos Jogos de Atenas, em 2004, decidiu aproveitar a dupla cidadania por ter avô português e passou a defender a nação europeia que colonizou o Brasil

Nesta quarta-feira, Luciana representou Portugal na final de saltos nos Jogos Olímpicos de Londres. Terminou em 17º lugar, atrás de Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda (12º lugar), e à frente de Rodrigo Pessoa (22º) e disse estar orgulhosa por defender o país numa Olimpíada. Segundo ela, esse era um desejo antigo de seu falecido avô

Questionada se gostaria de voltar a competir pelo Brasil, Luciana diz que seu coração é português e brasileiro, mas não deixa dúvidas sobre o que realmente quer. Na hora de falar sobre Portugal, não faltam referências como "meu país". "Nem penso nisso, estou muito bem onde eu estou. Sou muito bem tratada, é um prazer fazer o que eu faço defendendo o meu país. Acho que não. Estou onde Deus quer", afirma a amazona

Luciana deixou de competir pelo Brasil em 2006, quando seu cavalo, Dover, foi barrado na seleção para a equipe que ia disputar o campeonato mundial por ser "velho". Inconformada com a decisão, a amazona decidiu aceitar os convites para defender Portugal. Dover foi ao Mundial com Luciana por Portugal, e chegou à final da competição. "Eu acreditava no meu cavalo. Ele estava comigo há 18 anos. Sabia que ele podia fazer, e os outros não acreditaram nele. Fizemos um ótimo Mundial", comentou

Luciana não foi a única pessoa nascida no Brasil que defendeu outro país na final de saltos da Olimpíada. O também paulistano Cassio Rivetti terminou em 12º lugar, representando a Ucrânia. Admite que fala ¿quase nada¿ da língua de lá, mas passou a defender a Ucrânia em 2009 por ter melhores condições para competir. Ele diz que tem acesso a bons cavalos, bancados pelo presidente da federação local, um milionário do setor de gás

"Já tinha tido convites antes, mas só fui em 2009. Vou muito pouco à Ucrânia, moro na Bélgica"

Saudades do Brasil, Rivetti admite que tem. Mas também praticamente descarta voltar a competir pela equipe nacional de hipismo. "Estou muito bem na equipe ucraniana, não teria razão para voltar agora", afirma