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Última vaga do futebol reúne asiáticos e africanos em Coventry

23 abr 2012 - 17h06
(atualizado às 17h27)
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Melissa Becker
Direto de Coventry

A disputa pela última vaga nos Jogos Olímpicos de Londres motivou torcedores e fãs de futebol a seguirem para o Estádio City of Coventry, na Inglaterra, nesta segunda-feira. A partida entre Senegal e Omã (que começou às 15h45min, no horário de Brasília) também serviu como evento-teste para avaliação do Locog, comitê organizador local, em preparação para Londres 2012.

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O clima era de tranquilidade na entrada do Estádio, mas ainda havia filas quando o jogo começou. Todo o público foi revistado pela segurança - medida inédita na arena de 32 mil lugares.

Coventry, na região central da Inglaterra, recebeu torcedores dos dois países, mas a maior quantidade de bandeiras e uniformes era visivelmente de Omã.

"É o nosso jogo, temos que estar aqui para apoiá-los", comentou Nabil Al-Hosni, que viajou 2h30min de ônibus para prestigiar a seleção asiática, no país onde nasceu.

Assim como alguns torcedores, Al-Hosbi faz parte da comunidade omaniana na Inglaterra. Um grupo de oito jovens torcedoras, que usavam o símbolo da bandeira do país para prender o lenço muçulmano, vieram de Leeds, no norte inglês.

"É ser ou não ser", brincou Nasser Aldohani. "Batemos a Síria, o Uzbequistão e agora é o jogo mais importante, o portal para a Olimpíada". As duas seleções nunca participaram do futebol nos Jogos Olímpicos.

Filho de mãe portuguesa e pai do Zimbabue, Dwelen Fernandes veio para apoiar a equipe senegalesa. "Torço para o Senegal porque conheço o time, mas acho que vai dar empate, com Omã classificado nos pênaltis", palpitou o morador de Coventry, que trouxe o primo Adam Harid, oito anos, pela primeira vez ao Estádio.

Já Ollinton Matthews-Parris preferiu permanecer neutro. Como treinador de futebol de crianças em Coventry, trouxe 12 alunos, meninos e meninas, para assistir a partida.

Senegal ficou em quarto na competição classificatória na África, em dezembro, comandado por Stephane Badji. Seu oponente nesta segunda-feira foi confirmado no dia 29 de março, quando Omã bateu o Uzbequistão por 2 a 0 e conquistou o quarto lugar na classificatória asiática. O treinador Paul LeGuen tem feito uma campanha positiva deste que assumiu o time: perdeu apenas duas de 10 partidas até agora.

Expectativa na cidade

Com uma população acima de 300 mil habitantes e localizada a cerca de 160 quilômetros de Londres, Coventry é uma sub-sede dos Jogos Olímpicos na capital britânica. Foi escolhida para sediar 12 jogos de futebol, incluindo a decisão pelo terceiro lugar do feminino. Além disso, recebeu, com outras 21 cidades, um Live Site - área pública com telão para a exibição de partidas - e está no roteiro da Tocha Olímpica, que passará pela cidade no dia 1º de julho.

No dia do evento-teste, a primeira experiência olímpica, no entanto, não havia nenhuma sinalização, inclusive na estação de trem, por exemplo. Um funcionário disse não saber dos ônibus que levariam torcedores de graça para o local da partida e perguntou se o jogo era um amistoso. Já Darren Lebron, que não é fã de esportes, afirma que se sente atraído pela Olimpíada e assistirá aos Jogos na TV.

"Acho que as pessoas não estão bem informadas. Elas estão animadas, mas o que elas veem são as obras no centro. Ficarão mais interessadas durante os Jogos. Quando assistirem na TV, verão que o único estádio que leva o nome da cidade será o City of Coventry. Isso dará orgulho aos moradores", opinou.

Diretor responsável pelas instalações do Estádio, Anthony Mundy explica que a cidade já sediou diferentes eventos esportivos e grandes concertos, mas nada como a Olimpíada. Durante os Jogos, estima-se que sejam gerados cerca de 50 milhões de libras (cerca de R$ 150,5 milhões) para a economia local.

"Em Londres, vai causar uma quantidade considerável de alterações para a vida normal das pessoas, porque todo o sistema de transporte vai estar sob grande pressão. Em Coventry, é diferente. Há uma visão positiva muito maior na região de West Midlands sobre a Olimpíada, porque os moradores veem isso como um evento em que eles podem se envolver apenas uma vez. Não vai haver uma segunda chance. Ouço mais comentários positivos. Quando escuto algo negativo, é focado em Londres. Em geral, as pessoas estão orgulhosas de ver a cidade colocada no mapa-múndi", observou Mundy.

Para o universitário Matt Cullis, 22 anos, a Olimpíada traz uma boa regeneração na cidade, como a troca de pavimento em uma praça próxima ao principal símbolo da cidade: as ruínas da catedral, bombardeada por alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo sem se interessar por futebol - como estudante de bike design, vai acompanhar o ciclismo durante os Jogos -, ele acredita que Coventry está sendo beneficiada com o evento.

"É a maior regeneração que vi a cidade passar. A última deve ter sido quando jogaram a bomba na catedral", ironiza Cullis.

A animação pela Olimpíada não é geral na Inglaterra: apenas 48% dos londrinos estariam interessados, apontou um levantamento divulgado a 100 dias dos Jogos por uma empresa de pesquisa de mercado global. Considerando o país inteiro, esse número cai para 45%, e 64% dos britânicos não acreditam que o evento trará algo de bom para eles.

Londres 2012 no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais

Atleta levanta 480 kg e dedica ouro olímpico à mulher:
Fonte: Especial para Terra
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