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Jogos Olímpicos - 2012

Com beleza e tatuagem, brasileiras chamam atenção no bicicross

25 mai 2012 - 18h29
(atualizado em 28/5/2012 às 10h28)
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MELISSA BECKER
Direto de Birmingham

Squel Stein, 20 anos, e Priscilla Carnaval, 18 anos, são mais do que atletas na luta pela classificação do BMX brasileiro pela primeira vez em uma Olimpíada. Espécies de musas da modalidade no Brasil, elas distribuem sorrisos e simpatia nos intervalos das provas em Birmingham, na região central da Inglaterra, onde ocorre o Campeonato Mundial de Bicicross. A competição, que se encerra no domingo no National Indoor Arena (NIA), é a última prova internacional antes do fechamento do ranking pré-olímpico.

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O título de musa não é um problema para nenhuma das duas ciclistas. "Acho muito bacana, não me incomoda. Significa que as pessoas estão olhando para a gente com bons olhos e estão comentando boas coisas", diz a catarinense Squel. Natural de Sorocaba, Priscilla acha essa visão positiva por ainda haver preconceitos com meninas em esportes considerados mais masculinos.

"O pessoal pensa: 'ah, sai toda ralada, é esporte de homem, a menina deve ser toda masculinizada'. Mas não é assim. Temos nossa vida social fora do esporte, nos arrumamos. É diferente da visão de que muitos têm", comenta ela, que não esqueceu dos brincos e de um discreto lápis nos olhos para as disputas desta sexta-feira em Birmingham.

A beleza e o carisma das brasileiras inevitavelmente atraem o assédio dos competidores masculinos. Ambas não têm namorado, mas se depender do foco das meninas na competição, as tentativas não darão certo - alguém que não entenda a rotina de treinos, alimentação e viagem pode atrapalhar a performance nas pistas. Elas garantem que nunca perceberam se as adversárias sentem inveja, e que a disputa que interessa ocorre na pista mesmo. No momento em que colocam o capacete, as atletas deixam de se preocupar com a estética, ressalta Priscilla: bicicleta e piloto viram um só.

Expectativas e tatuagens

O objetivo de Squel no Campeonato Mundial de bicicross é chegar à semifinal. No Pan de Guadalajara, em outubro passado, a atleta sofreu um acidente preocupante em uma prova, ao bater a cabeça no chão após uma queda - o que provocou um início de traumatismo na cervical. Foi mais um momento de superação na trajetória de Squel, que passou um ano difícil, em depressão, após a perda da amiga Yohanna, também biker, em 2006.

"Se eu pensasse pelo negativo, não estaria mais correndo. Depois do tombo, pensei bem se eu iria parar ou não, porque quase fiquei em cadeira de rodas devido ao trauma. Tenho um carocinho aqui (na nunca) e, se batem na minha cabeça, sinto muita dor. Quando caio, bato a cabeçae fico preocupada. Pensei bastante, estava bem desmotivada pela possibilidade de ocorrer de novo e, dessa vez, ser mais sério. Mas penso pelo lado positivo sempre, treinar cada vez mais para não acontecer esses tombos e lesões", observa ela, que está há dois anos na elite e morou dois anos nos Estados Unidos.

Squel exibe orgulhosa a nova tattoo no braço esquerdo - uma caveira com rosas. Além de tatuagens homenageando a amiga Yohanna e os pais, outra que chama a atenção fica na perna esquerda: sob a palavra "disciplina", mãos em oração seguram um escapulário em uma corrente de bicicleta, uma cruz com as letras BMX e um desenho seu durante uma prova. "É tudo o que me faz sentir bem. Não peguei um desenho. Montei a tatuagem com significados", explica.

Carnaval no nome

Já Priscilla Andréia Stevaux Carnaval leva na luva um terço durante as provas para se sentir mais protegida e se lembrar que a fé pode levar a alcançar objetivos que nem se imagina, conta. Mas é o sobrenome de festa profana que chama a atenção.

"Normalmente, as pessoas perguntam: 'mas é Carnaval mesmo? Você tá brincando!'. É o sobrenome da família do meu pai, que, na verdade, era Carnavale, só que acabou mudando e ficou a nossa festa", esclarece ela, que é mais fã de música eletrônica e sertanejo do que de samba.

Atual campeã brasileira de time trial, Priscilla foi a brasileira com melhor resultado hoje em Birmingham. Há um ano na elite e tendo passado cinco meses em treinamento na Suíça, ela observa que as adversárias têm experiência grande na categoria.

"A gente vai adquirindo experiência, vamos conseguir chegar lá para passar elas, mas leva um pouco de tempo. A cada corrida, estou tendo uma experiência diferente e melhorando, me sentindo melhor, de convivência, de estratégia", analisa.

O grande motivador e ídolo de Priscilla é o irmão, Douglas Carnaval, que já fez parte da Seleção Brasileira de BMX e passou por cirurgia neste ano. Ela conta que, pela internet, conversou com ele bastante sobre a pista de Birmingham, que agradou os atletas brasileiros por ser técnica.

Brasil na disputa pela vaga

Com os resultados do time trial de hoje, o Brasil está na disputa com Suíça, Dinamarca, Filipinas, República Tcheca, Equador, África do Sul, Irlanda e Bélgica no masculino, afirma Guilherme Pussieldi, técnico da Seleção Brasileira de bicicross. No feminino, Lituânia, Venezuela, Nova Zelândia ou Argentina, Bélgica, África do Sul, Suíça, Letônia, Canada, Japão, Suécia e Alemanha são os adversários.

A lista dos classificados para Londres 2012 sai apenas na segunda-feira, dia 28 de maio - um dia depois do encerramento do mundial. Ao total, sete atletas brasileiros competem pelas vagas olímpicas: além de Squel e Priscilla, Bianca Quinalha no feminino e Rogerio dos Reis, Igor Martins Ferreira, Hugo Osteti e Renato Rezende no masculino.

Londres 2012 no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

Squel Stein e Priscilla Carnaval tentam a vaga olímpica em Birmingham
Squel Stein e Priscilla Carnaval tentam a vaga olímpica em Birmingham
Foto: Melissa Becker / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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