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Jogos Olímpicos - 2012

Atiradora kuwaitiana depende de decisão política para ir aos Jogos

30 mai 2012 - 19h01
(atualizado em 31/5/2012 às 16h05)
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Mariam Erzouqi agarra seu rifle de ar de fabricação alemã, firma os pés, mira o alvo e lentamente puxa o gatilho, até que um estampido suave ecoa pelo amplo estande de tiro do Kuwait.

Erzouqi atirou pela primeira vez com 17 anos
Erzouqi atirou pela primeira vez com 17 anos
Foto: Reuters

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A atiradora, 24 anos, que deve se tornar a segunda mulher kuwaitiana a disputar uma Olimpíada, tem afinidade com a arma, e seu alvo é uma medalha nas provas de rifle de ar a 10 e 50 m nos Jogos de Londres.

Ela disparou pela primeira vez num clube de tiro do Kuwait aos 17 anos, e lembra a data sem hesitação - 16 de junho de 2004.

"No começo, eu treinava só para preencher o tempo, aí depois descobri que estava muito ligada ao rifle", disse Erzouqi, usando o agasalho esportivo multicolorido da equipe com seu sobrenome, um lenço preto sobre a cabeça e botas pesadas.

"Adorei o esporte e logo ele se transformou em uma profissão em vez de um hobby."

O fato de haver outras atiradoras na família garantiu o apoio à sua escolha. Suas quatro irmãs começaram a atirar sob o olhar atento da mãe, Awatif, que também é atiradora e juíza de competições.

Mariam e sua irmã Heba, 14 anos, seguiram no esporte e hoje são rivais amistosas. "Heba diz a Mariam: 'fique esperta, vou ganhar de você!'", contou a mãe, rindo, enquanto ajudava no treino da filha competidora olímpica.

Ela treina seis vezes por semana, e concilia isso com os estudos. "Minhas amigas me provocavam no começo, mas quando me viram ganhando troféus aqui e no exterior me estimularam", disse Erzouqi com um discreto sorriso. "Atirar não é só para os rapazes, também há meninas fazendo. Não é rude. Acalma meus nervos e me ajuda a focar."

A situação dela é exceção no Kuweit, onde as mulheres podem ser barradas em clubes esportivos, ou recebem comentários negativos dos setores mais conservadores da sociedade.

E há dúvidas também sobre a própria participação do Kuwait na Olimpíada deste ano. O Comitê Olímpico Internacional (COI) suspendeu o país em 2010, por causa de interferências políticas no movimento esportivo local.

Autoridades locais dizem estar negociando com o COI pra resolver a questão a tempo, e esperam que Erzouqi e seus colegas possam desfilar com a bandeira kuwaitiana em Londres.

Mas numa recente reunião no Canadá o COI decidiu que os atletas kuwaitianos só poderão participar sob a bandeira olímpica, com o título de "atleta olímpico independente".

Erzouqi segue os passos de Danah al-Nasrallah, primeira kuwaitiana a competir numa Olimpíada. Em 2004, ela participou na prova dos 100 m do atletismo, e ficou em 61ª entre 63 atletas, sendo eliminada na primeira rodada.

Londres 2012 no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

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