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Olimpíada 2016

Executivo do COB mira top 10 para 2016 e rebate má fama de brasileiros

18 jun 2012 - 08h36
(atualizado em 20/6/2012 às 15h43)
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Marcus Vinícius Pinto
Direto do Rio de Janeiro

A 39 dias da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, o Brasil está pronto e preparado. Não para Londres, porque muita coisa ainda pode e vai acontecer. Mas pronto para acelerar para o mais ambicioso projeto do País: organizar a edição dos Jogos Olímpicos de 2016. No meio dos detalhes finais para a viagem à capital inglesa, o superintendente executivo do Comitê Olímpico Brasileiro, Marcus Vinicius Freire, conversou com o Terra na sede do COB para falar de preparativos para os Jogos de Londres, metas e sonhos da entidade.

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Na entrevista, o executivo rebateu polêmica declaração do responsável pela hospedagem na Vila Olímpica de Londres de que atleta brasileiro é bagunceiro. Freire falou ainda sobre o projeto Vivência Olímpica, que vai levar 16 jovens atletas para sentir o gosto da experiência olímpica. A iniciativa será apresentada hoje pelo presidente do COB, Carlos Artur Nuzman.

"Queremos que eles tenham essa vivência olímpica. Mais importante que estar lá e ver que, na mesma fila do bandejão vão estar sei lá, o Jordan, o Phelps, o Guga. E o cara fica impressionado. São cinco mil atletas juntos na Vila e ali estão: o melhor saltador do mundo, o mais rápido. A nata do ser humano vive numa Vila Olímpica durante um mês e estamos fazendo isso para quebrar um pouco esse gelo, pensando em 2016", explica.

Confira a entrevista com Marcus Vinícius Freire:

Terra - Como está a reta final dessa preparação?

Marcus Vinícius Freire -

Marcus Vinícius Freire fala sobre preparação para Londres e metas para 2016
Marcus Vinícius Freire fala sobre preparação para Londres e metas para 2016
Foto: Luiz Pires/VIPCOMM / Divulgação

Melhor impossível. Para Londres teremos a melhor preparação da história olímpica brasileira. Nosso programa passa por Londres, mas, claro, o foco final dele é 2016. Nossa meta é chegar no "top ten" até o Rio. E para chegar a isso temos que ganhar entre 25 e 32 medalhas. Temos, portanto, que duplicar o número de medalhas que ganhamos em Pequim.

Terra - E você parece muito tranquilo quanto a isso. É isso mesmo?

Freire -

Por que estamos tranquilos? Porque não vamos ser pegos de calça curta. O planejamento estratégico é tornar e manter o Brasil como potência olímpica. Deixar para quem vier uma fábrica, um formato para Jogos Olímpicos de 2020, 2024 e em diante. Temos alguns movimentos importantes para que isso aconteça. Primeiro, o resultado. Porque é o que todo mundo cobra. Só que queremos difundir que nossa visão de resultado não é só medalha. Medalha faz parte, temos que ganhar nos esportes que já temos história, mas temos que ganhar medalhas em novos esportes, porque senão você nunca chega lá.

Se olharmos para o "top ten" de Pequim temos três a quem considero inalcançáveis: Estados Unidos, China e Rússia. Todos com mais de 70 medalhas. Tem o grupo acima de 40 medalhas que é muito duro mas que deve ser nossa meta, que é Austrália, Grã Bretanha, França e Itália. E tem a nossa luta que é com Coreia, Cuba, Espanha e Ucrânia. Todos esses ganham medalhas em mais de 13 modalidades, ou seja, tem uma abrangência esportiva para se tornar uma potência olímpica. A Jamaica, por exemplo, pode ganhar 15 medalhas em atletismo. É uma potência esportiva no atletismo? É, mas olímpica não é.

Terra - E de onde você tirou esse modelo para o Brasil em Londres e depois no Rio?

Freire -

Desde que, há três anos, assumi um cargo executivo. Girei o mundo inteiro em busca de experiências boas e ruins para tentar organizar a equipe olímpica brasileira da melhor forma possível. Sempre digo que é melhor aprender com o erro dos outros que com os nossos. Coreia, Espanha e Austrália tiveram experiências parecidas. Possivelmente nossos melhores resultados em Jogos Olímpicos vão ser em casa.

Terra - E como exemplos do que já deu certo, podemos citar o vôlei...

Freire -

Sim, o vôlei serve de modelo de um esporte que deu certo no Brasil: com organização, gerações vitoriosas, patrocinadores, espaço na televisão e aposta nos jovens. Primeiro veio o masculino, com a minha geração, depois o ouro em 92, depois veio o feminino, a praia. Dentro do Brasil é o grande modelo de esporte que deu certo e que funciona. E que não deve ser copiado, mas adaptado a cada esporte.

Terra - E que acabou se tornando o segundo esporte nacional.

Freire -

Brincamos aqui que o vôlei é o primeiro esporte do brasileiro, porque futebol é a religião. Dou outro exemplo com o rúgbi, que é um esporte que até bem pouco tempo tinha apenas uma associação. Virou uma confederação há pouco mais de um ano, e já tem seis patrocinadores. Já ganha Sul-Americano no feminino, aproveitou o gancho do bom humor de um anuncio da Topper para se tornar ainda mais popular. É preciso também que mais atletas virem ídolos para que a população se espelhe. Nem todo mundo vai virar medalhista olímpico, mas é preciso ter exemplos. E além disso, tem a credibilidade das instituições envolvidas. Um modelo profissional, pensando 24 horas por dia apenas em fazer o Brasil chegar a uma potência olímpica e acho que em muito pouco tempo isso vai chegar também aos clubes.

Terra - A quem você credita essa evolução?

Freire -

O esporte brasileiro tem três momentos importantes: em 2002 com a Lei Agnelo-Piva, que permitiu aos clubes ter planejamento a médio e longo prazo. Em 2007 o Rio viveu os melhores 17 dias da cidade do Rio de Janeiro com um Pan-Americano quase a nível olímpico, falem o que quiserem falar. E depois em 2009 a vitória para trazer 2016 para cá. Vou te dar um exemplo do que éramos e do que nos tornamos. Um dia, em uma reunião aqui, chegou o presidente de uma confederção dizendo que tinha uma sede nova. Dissemos que tínhamos que marcar uma visita e ele disse: "É só ir no estacionamento e ver o carro novo que comprei. Está tudo lá dentro". Hoje todas as confederações tem sua sede, secretárias bilíngues e uma boa estrutura.

Terra - Evoluímos em alguns esportes e caímos em outros. O basquete volta, mas o handebol, por exemplo, ficou fora.

Freire -

A volta do basquete para nós é uma felicidade gigante. Um esporte que já foi campeão do mundo no masculino, medalhista olímpico no feminino e está na nossa lista para 2016. Mas não adianta eu querer ser craque nas 41 modalidades. A China é em 22, mas tem 1,5 bilhão de pessoas com uma política que não tem nada que ver com nossa democracia. O handebol ficou fora por detalhes. A verdade é que o Brasil adora jogos coletivos. Até em esportes individuais ganhamos medalhas em revezamento.

Terra - Chega Londres e chega também uma nova experiência que é Crystal Palace. O que falar sobre essa novidade?

Freire -

Crystal Palace é um salto de qualidade, um "upgrade" completo em tudo o que já fizemos. Qual o problema de estarmos apenas na vila olímpica? É que é você e mais 204 países querendo treinar, querendo um ginásio. Bernardinho querendo treinar seis horas por dia e não sem querer ninguém incomodando ele. E isso você não consegue em uma Vila Olímpica.É uma aposta, um investimento alto. Crystal Palace abre para o Brasil no dia 16 de julho. Se o Cielo, por exemplo, disser às 23h que quer nadar sozinho, ele vai poder. É uma experiência que os Estados Unidos faz, que a Austrália faz um pouco, o Reino Unido e mais ninguém. Hoje somos 21 ex-atletas olímpicos trabalhando no COB. Nosso papel é dar ao atleta brasileiro a melhor ou no mínimo a mesma preparação que o que está competindo ao lado dele em alto nível.

Terra - E nessa preparação, que papel joga o técnico estrangeiro?

Freire -

Em algumas modalidades um papel fundamental. Temos mais de 20 treinadores estrangeiros. São cubanos no boxe e nas lutas, coreanos no tiro com arco, franceses no remo, na canoagem e no tiro, argentinos no basquete e no hóquei, ucranianos na ginástica, e estamos trazendo um neozelandês no rúgbi. Não há demérito nenhum nisso. Só que há um porém importante. Eles vem com um contrato com uma meta de legado. De qualificação dos nossos treinadores que não serão, a vida toda, se Deus quiser, estrangeiros. Mas é fato que temos que continuar investindo em alguns modalidades que não temos história.

Terra - Recentemente Chris Hale, responsável pela hospedagem na Vila Olímpica de Londres, deu uma declaração dizendo que o Brasil é uma provável dor de cabeça porque o brasileiro é muito festeiro. O que você diz sobre isso?

Freire -

Foi uma infelicidade de uma declaração de alguém que não sabe nada ou quase nada de esporte olímpico. Estou nessa vida de vilas olímpicas há quase 30 anos, fui chefe de missão em três Pan-Americanos e três Jogos Olímpicos e nunca tive problemas. O brasileiro é festeiro sim, mas no Ano Novo, no Carnaval. O esporte brasileiro é tão profissional que não cabe esse tipo de coisa dentro. Nossos atletas sabem que são 17 dias para mudar a vida dele. E tem alguns que mudam a vida apenas em dez segundos. E não vão para lá para fazer festa.

Terra - Para encerrar, muito se fala na sucessão de Carlos Artur Nuzman e que você está sendo preparado para assumir o COB depois de 2016. O que tem de verdade nisso?

Freire -

Não tenho a menor vontade de sentar na cadeira dele. Não tenho perfil para isso. Sou executivo. Joguei vôlei por 16 anos, depois fui executivo do mercado financeiro por mais 15. Nunca fui eleito para nada, nunca recebi um voto e acho que não tenho o menor perfil. A minha proposta aqui dentro era preparar Londres. Quando ganhamos em 2009 meu contrato se estendeu até 2016. Mas ali é o tamanho do que tenho para contribuir. Vai ser meu momento de voltar ao mercado e gostaria de deixar um legado e um movimento que seja continuo na preparação olímpica.

Londres 2012 no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

Fonte: Terra
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