Ginasta de ouro do Japão tem voo no nome e chocolate como combustível
Antes dos Jogos Olímpicos de Londres, o americano Tim Dagget, medalhista de ouro na ginástica artística em Los Angeles (1984) afirmou, em entrevista ao jornal americano New York Times, que o ginasta japonês Kohei Uchimura poderia ser elevado à categoria de "melhor da história" caso levasse a medalha de ouro em Londres. A conquista veio. E o atleta, cujo primeiro nome em japonês significa "voo perfeito", foi alçado aos céus com o ouro, tornando-se o maior ginasta de todos os tempos. Tudo à base de uma barra de chocolate que deve ser milagrosa.
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Nascido na cidade de Nagasaki em 3 de janeiro de 1989, Uchimura já era considerado um mito por especialistas antes mesmo dos Jogos Olímpicos de Londres. O status veio graças ao tricampeonato seguido do individual geral da ginástica artística no Campeonato Mundial da modalidade, conquistado entre 2009 e 2011. O japonês é o único atleta da história a conseguir este feito, mas faltava a medalha de ouro na maior competição entre países. Com a conquista do sonhado objeto, não há como negar: Kohei Uchimura é uma lenda.
O ginasta japonês é, também, a prova viva de que uma lenda não se constrói da noite para o dia. Pelo contrário, vem após uma vida de dedicação - ou simplesmente 23 anos, no seu caso. Fruto de uma família de ginastas - além dele, sua irmã e seus pais também praticam ou praticavam o esporte profissionalmente -, Kohei começou no esporte com apenas três anos de idade, em uma academia que havia acabado de ser inaugurada pelos pais na cidade de Nagasaki. Doze anos depois, perceberia que aquele lugar era muito pequeno para seu talento.
Aos 15 anos, o esportista deixou a casa da família para ir a Tóquio e passou a ter como mentor um dos maiores ginastas da história japonesa, Naoya Tsukahara, ex-campeão nacional e medalhista de ouro em Atenas 2004. Mesmo deixando a academia dos pais, não perdeu as raízes e lembra até hoje da pessoa que mais o ajudou a se tornar uma lenda: a cada vitória, dedica boa parte dos agradecimentos para a mãe.
Com um filho quase perfeito, a senhora Shuko Uchimura não tem do que reclamar. Aliás, tem. Mas apenas de uma coisa: o ódio do filho por verduras. Fato bastante explorado pela mídia japonesa, o desgosto de Kohei por alface e derivados não agrada à mãe do atleta, que teme que seu pupilo seja má influência para as crianças que buscam nas conquistas do ginasta a inspiração para a vida.
Comida saudável, por sinal, não é o forte do mito da ginástica. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, logo após conquistar a medalha de prata no individual geral, Kohei Uchimura disse que seu combustível antes das competições era uma barra de chocolate, que sempre comia. A influência do atleta em seu país ficou clara logo em seguida: após as declarações, as vendas do produto triplicaram.
Baixo na altura - mede apenas 1,60 m -, Uchimura se torna um gigante quando entra no ginásio. Em Pequim, superou duas quedas no cavalo com alças para conquistar a prata. Em Londres, superou uma queda na última prova, no solo, para se consagrar com o ouro. Com nove medalhas em Campeonatos Mundiais e quatro em Olimpíadas, com certeza o ginasta parece mais alto do que realmente é aos olhos dos adversários, que ainda terão que "aguentá-lo" por mais alguns anos.
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