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Atletismo

Atletas veem Brasil estagnado e pedem mais competições fortes

11 ago 2012 - 10h11
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Leandro Miranda
Direto de Londres

Os dois revezamentos 4x100 m na última sexta-feira, na Olimpíada de Londres, mostraram uma realidade confirmada pelos atletas após as provas: a estagnação do atletismo brasileiro em relação às principais equipes do mundo. Tanto o time masculino quanto o feminino melhoraram suas marcas pessoais, mas os resultados ficaram aquém do esperado por eles. Os homens ficaram de fora da final do evento pela primeira vez desde os Jogos de Barcelona, em 1992, enquanto as mulheres, que falaram em medalha no decorrer da semana, terminaram a final em último lugar (sétimo após a desclassificação de Trinidad e Tobago).

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Para Sandro Viana, corredor mais experiente do time masculino com 35 anos, o grande obstáculo para os revezamentos brasileiros é a falta de ritmo de competição, decorrente da participação escassa em torneios de primeiro nível. "O mundo esportivo anda cavalgando a passos largos. Essa marca (38s35) nos colocaria no pódio no Mundial do ano passado, e neste ano essa marca não classificou a gente para a final. Todos os países evoluíram, e a gente não pode esperar".

"(A Olimpíada) é a primeira competição forte que a gente teve em um ano olímpico. Isso não pode acontecer, a gente precisa enfrentar essas equipes antes das grandes competições. Na última prova corremos 39s30. Baixamos 1 segundo de uma prova para outra, mas se tivéssemos corrido de novo antes, baixaríamos mais 1 segundo e estaríamos classificados", lamentou.

De acordo com Sandro, o revezamento do Brasil não participa de grandes competições porque não é convidado. "É algo que não depende dos atletas", disse ele, lembrando da tradição do País na prova - medalha de prata em Sydney 2000 e bronze em Atlanta 1996. "A gente entrou na Olimpíada sem ter competido em alto nível, só vendo pela TV e internet. Não pode ficar à distância. Tem que sair um pouco da toca. Imagina se a Seleção (de futebol) vai jogar uma Copa do Mundo sem disputar amistosos", comparou.

Já a equipe feminina concordou com a opinião de Sandro, mas destacou que a ausência do Brasil em meetings com os principais atletas do mundo não é a única razão para a falta de destaque na Olimpíada. Para Ana Cláudia Lemos, o desempenho individual de cada atleta também precisa melhorar, independente de quais competições forem disputadas.

"A confederação vem ajudando bastante, mas precisamos competir em Diamond Leagues, junto com as medalhistas. Estamos participando de algumas competições fracas, mas acho que não é justificativa. Seria só uma forma de conhecer melhor os atletas. A gente tem noção de que hoje foi uma prova muito forte, precisamos melhorar o individual. Melhoramos todas neste ano, mas não foi suficiente pra chegar ao pódio", avaliou.

"Não é justificativa", concordou Evelyn dos Santos. "Na Jamaica, as meninas deram três tiros péssimos (na temporada) e foram melhorar aqui (na Olimpíada). Se fosse por isso, elas teriam corrido mal hoje (sexta-feira). Não é só isso. Claro que vai ajudar, mas são vários outros fatores", disse, reforçando a necessidade de melhora individual de cada velocista.

Naquela que provavelmente foi sua última Olimpíada, Sandro Viana deixou ainda outra crítica ao planejamento esportivo do Brasil. "O Brasil precisa começar a traçar estratégias no esporte. Em estratégia, somos muito fracos. Tem países aqui que são estratégicos, os atletas se movem centímetros controladamente, tudo calculado. Entram em provas específicas, para fazer com que o nome do país cresça. Não é simplesmente entrar em uma prova e falar: 'vamos ver o que tem hoje'. Finalistas que ficaram em sétimo, oitavo lugar, por causa de detalhes, poderiam estar no pódio".

"imagine se o futebol disputar uma Copa sem realizar amistosos", comparou Sandro Viana
"imagine se o futebol disputar uma Copa sem realizar amistosos", comparou Sandro Viana
Foto: Alaor Filho/Agif/Cob / Divulgação
Fonte: Terra
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