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Jogos de Paris

Mistério de traje olímpico sumido é resolvido após 14 anos

24 dez 2014 - 18h59
(atualizado em 23/7/2018 às 09h46)
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Roupa usada por Cathy Freeman era dada como perdida
Roupa usada por Cathy Freeman era dada como perdida
Foto: Kazuhiro Nogi / AFP

Um dos maiores mistérios da história do esporte australiano teve um importante capítulo agora, após 14 anos de espera. Se não foi totalmente desvendado, ao menos dá indícios de final feliz.

Uma roupa que acredita-se ter sido utilizada pela atleta Cathy Freeman para acender a tocha olímpica na abertura da Olimpíada de Sidney, em 2000, foi recuperada depois de ter passado uma década e meia perdida.

Depois da cerimônia de abertura, a roupa branca desapareceu misteriosamente do armário da ex-velocista olímpica, que ganhou o ouro na corrida de 400 metros naquela edição dos Jogos.

Com o sumiço repentino, as autoridades consideraram que o traje havia sido roubado ou jogado no lixo por engano.

Mas na última semana, depois de 14 anos, a roupa usada por Cathy Freeman naquela ocasião especial foi enviada pelo correio para o Museu Nacional do Esporte da Austrália. O remetente? Era anônimo. A roupa, então, foi entregue à polícia.

Agora, o traje – que tem um valor ainda maior para coleção por todo esse tempo e por toda a história em que ele esteve envolvido - será examinado por um grupo de investigadores, que devem confirmar a autenticidade.

Pira olímpica

A participação de Freeman na cerimônia em Sidney foi carregada de simbolismo.

A velocista, que agora tem 41 anos e está aposentada do esporte desde 2003, representou os grupos aborígenes australianos e sua escolha para levar a tocha à pira olímpica foi vista por muitos como uma declaração da vontade de reconciliação da maioria branca com as comunidades originais da Austrália.

A mãe da ex-atleta era uma aborígene da comunidade de Palm Island, uma ilha na costa noroeste da Austrália, perto da cidade de Townsville.

As conquistas esportivas de Freeman fizeram dela a sexta mulher mais rápida da história até hoje na prova, com a marca de 48,63 segundos para os 400 metros registrada em 1996.

Para participar da abertura, a corredora vestiu o agora icônico traje branco.

"Naquela noite, Cathy ficou encharcada por ter ficado embaixo de uma queda d'água depois que uma falha técnica fez com que demorasse mais para acender a pira", contou o diretor de Comunicação do Comitê Olímpico Australiano (AOC, na sigla em inglês), Mike Tancred.

"Cathy tirou o traje depois da cerimônia, e ele não foi visto desde então. O que aconteceu com a roupa branca virou motivo de muito debate ao longo dos anos e acabou virando uma parte importante da história olímpica australiana."

Provas forenses

O traje recuperado foi submetido a provas forenses depois de sua chegada pelo correio em um pacote sem nome de remetente, que foi enviado ao campo de críquete de Melbourne, onde também funciona o Museu do Esporte.

O original tinha alguns detalhes que facilitam a tarefa de reconhecimento, como os anéis olímpicos bordados sobre o ombro esquerdo e costurados de forma invertida.

A designer Jennifer Irwin, que desenhou a peça, disse que recebeu as medidas de Freeman perto de meia-noite do dia anterior à cerimônia de abertura e, na pressa, costurou os anéis olímpicos ao contrário.

Segundo o diretor de Comunicação do Comitê Olímpico, a roupa recebida coincide em todos os detalhes com a original.

O AOC disse em um comunicado: "Esperamos que o mistério tenha sido resolvido".

"Esse é um momento memorável para o esporte australiano, assim como a participação de Cathy foi um momento de muito orgulho de uma verdadeira campeã do nosso esporte", disse um porta-voz da Confederação de Atletismo australiana.

Se for confirmada a autenticidade do traje, faltará somente descobrir quem, afinal, fez o envio para as autoridades. Esta parte do mistério possivelmente ficará sem solução.

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