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Jogos Panamericanos 2011

Primeiros medalhistas da história do boliche abandonam esporte

29 jul 2011 - 16h07
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Anderson Rodrigues
Direto de São Paulo

Um esporte considerado por muitos uma brincadeira, mas com um custo altamente elevado para quem o leva a sério. Horas de treino, viagens, competições. Para ser um atleta de boliche, mesmo amador, é preciso muito mais do que uma vida dedicada. No Brasil, é uma questão financeira, que acaba com a prática de inúmeros adeptos. A prova desta realidade aconteceu com os primeiros medalhistas pan-americanos. Prata no Rio em 2007, Fábio Rezende e Rodrigo Hermes sucumbiram e abandonaram as pistas.

A história mais impressionante é a de Fábio. A vida esteve ligada ao boliche desde a infância. Aos três anos já brincava com os pais e o irmão, Fernando. Com apenas 11 anos, representava a Seleção Brasileira. Em 1990, a carreira foi impulsionada pelo título mundial Sub-23 do irmão nas Filipinas. Fábio tinha 18 anos quando Fernando, ídolo dele, morreu em um trágico acidente de carro em São Paulo.

O paulista buscou forças, foi 15 vezes campeão brasileiro e obteve uma vaga para disputar o Pan-Americano de Santo Domingo (República Dominicana), em 2003. Terminou em nono - o objetivo era ficar entre os dez melhores. A modalidade entrou para o calendário dos Jogos em Havana (Cuba), em 1991. Mas o sucesso viria em casa, no Rio, em 2007, ao lado de Rodrigo Hermes, nas duplas.

Neste período, Fábio recebia a Bolsa Atleta do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), tinha uma loja de material esportivo de boliche em um shopping de São Paulo e lutava para se manter. A medalha de prata, conquistada com Rodrigo, foi a primeira da história do País. O que parecia ser um trampolim tornou-se o fim da linha.

A bola parou para ambos. Os pinos que sustentavam um sonho permaneceram em pé. Jamais Fábio foi visto por amigos. Com apenas 34 anos, percebeu que o sonho, que um dia tornou-se realidade, desmanchou-se. O medalhista foi trabalhar com a família no ramo de madeiras. Mais de vinte anos de prática, competições e luta dedicados ao boliche.

Já Rodrigo Hermes, hoje com apenas 29 anos, reside em Curitiba, e também se rendeu, ou melhor, foi em busca de uma profissão que lhe trouxesse retorno financeiro - atua no ramo de panificação. Para eles, as luzes das pistas se apagaram, as bolas pararam de rolar e os pinos foram recolhidos.

Futuro incerto

O boliche no Pan mudou. Em Guadalajara, no México, em outubro, a WTBA (Associação Mundial de Boliche) teve o pedido atendido e pela primeira vez na história atletas profissionais - que sobrevivem do esporte - poderão disputar o evento. O objetivo é elevar o nível para, quem sabe um dia, a modalidade chegar aos Jogos Olímpicos.

"Eu, por exemplo, tive que praticar o esporte fora do Brasil e estou investindo nos estudos paralelamente (faz marketing na Webber International University, na Flórida). Este ano ainda nem recebi o Bolsa-Atleta (programa de incentivo ao esporte do Governo Federal). Ainda não pensei no que vou fazer após o Pan no México", disse o paulista Marcelo Suartz, 23 anos, eleito o Jogador do Ano, melhor do boliche entre as mais de 120 universidades americanas.

Márcio Vieira, Marizete Scheer e Stephanie Martins completam a equipe brasileira que irá a Guadalajara. Neste domingo, o quarteto disputa a última competição antes do Pan: o Torneio das Américas, em Miami, nos Estados Unidos.

Fábio Rezende (à esq.) e Rodrigo Hermes conquistaram a medalha de prata no Pan do Rio
Fábio Rezende (à esq.) e Rodrigo Hermes conquistaram a medalha de prata no Pan do Rio
Foto: CBBOL / Divulgação
Fonte: Terra
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