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Jogos Panamericanos 2011

"Coração valente" da esgrima quer protagonismo em seu terceiro Pan

23 ago 2011 - 10h51
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Ricardo Gomes
Direto de São Paulo

Heitor Shimbo enche os pulmões para sublinhar uma frase que ouviu há algum tempo. "Certa vez, um amigo me disse: 'se quiser ter um bom rendimento, faça tudo com raça e com coração!'. Isso me marcou muito". O recado, embora clichê, faz todo o sentido na trajetória de um dos mais promissores nomes da esgrima no Brasil.

"Coração Valente" ensina regras da esgrima; veja:

Logo que nascera, Shimbo foi diagnosticado com Comunicação Interventricular, cardiopatia congênita que ocorre por uma alteração na estrutura dos ventrículos do coração. A anomalia o acompanhou por exatos dez anos. "Nunca tive qualquer problema, mas os médicos aconselharam a operação reparadora e meus pais resolveram acatar". O tempo de recuperação da cirurgia não passou dos cinco meses.

Livre do leito e do monitoramento permanente, Shimbo só queria se distrair. Afinal, a pré-adolescência batia-lhe a porta. "Sempre acompanhei os treinos do meu irmão (o esgrimista Elton Shimbo). Assim que os médicos me liberaram, comecei a praticar esgrima. Tinha uma série de outras opções, pois praticava judô, natação e futebol, mas a influência do irmão mais velho falou mais alto."

No início, a esgrima não passava de um exercício lúdico, um caprichoso passatempo. Só que Heitor descobriu com o tempo que poderia ir mais longe do que imaginava. A movimentação e a rapidez ao desferir os golpes ganhavam corpo à medida que intensificava os treinos. Aos 15 anos, já estava decidido.

"Antes era só diversão. Só que os resultados começaram a aparecer e a vontade de ir mais longe ficou maior."

O deslanche foi implacável. Já figurinha cativa no circuito nacional, Shimbo emplacou bons resultados. Em 2003, integrou o time brasileiro que participou dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana. "Foi uma experiência incrível. Mesmo com uma equipe nova, em formação, conseguimos um quarto lugar na classificação geral."

Quatro anos depois, um Shimbo ainda mais calejado entrou na disputa por medalhas no Pan do Rio de Janeiro. Consistente, venceu cinco dos seis combates que teve, abocanhando a quinta colocação no individual. O resultado foi festejado, mas com ressalvas. "Estava muito bem, só que faltou um pouco mais de sorte. Perdi apertado para o americano (Andreas Horanyi, nas quartas de final), derrota que custou qualquer chance de medalha."

Pré-classificado para o Pan de Guadalajara - está entre os três melhores do ranking nacional às vésperas da última seletiva nacional, que acontecerá no final do mês, em Curitiba -, Shimbo, atual campeão brasileiro no florete, espera chutar de vez o rótulo de coadjuvante.

"Chegou a hora de conquistar um pódio. O nível (no Pan) será altíssimo. Temos adversários de peso, como os americanos e os canadenses, que sempre são perigosos. Espero ter melhor sorte dessa vez."

Antes de pensar em arrumar as malas para Guadalajara, Shimbo, atleta do Esporte Clube Pinheiros, planeja aquecer os motores no Sul-Americano de Santiago, no Chile, e no Mundial da Itália, ambos em setembro. "Vou ao Sul-Americano para brigar por medalhas. Já no Mundial a meta é me colocar entre os 32 melhores."

Fonte: Terra
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