PUBLICIDADE

Jogos Pan-Americanos

Praia urbana se divide entre biquínis e torcida por vela

Em praia urbana bem perto do coração da cidade de Toronto, quadradinho de areia se divide entre parentes na torcida e banhistas

16 jul 2015 - 09h43
Compartilhar
Exibir comentários

A reportagem do Terra se dirigiu ao sul da cidade de Toronto na última quarta para acompanhar as regatas da vela na esperança de encontrar o tradicional luxo ligado ao esporte, que é conhecido por muitos como “de elite”. Não achou. Em uma praia urbana bem perto do coração de Toronto, torcedores tinham que dividir os poucos metros de areia com “banhistas” que aproveitavam a área urbana às margens do Lago Ontario para tentar ver de longe pequenos barcos se deslocando, a maioria sem entender o que acontecia.

Para você ter uma noção: a cidade de Toronto é rodeada pelo gigante Lago Ontario e conta com belas baías lotadas de barcos, de grandes a pequenos. A ideia geral do espaço é: “olha, tem um lago ali na frente, aqui bate sol... Então por que não colocar areia e deixar o povo fingir que está em uma praia?”. Sim, e a estratégia deu certo: a área conhecida como Sugar Beach é tomada por pessoas que não querem se deslocar até horas para o leste em busca das praias reais da cidade. O local lota em fins de semana e tinha uma quantidade razoável de pessoas em plena quarta-feira à tarde.

Velas ou belas? Praia do Pan vira arquibancada de competição:

O dia, no entanto, era diferente no espaço: os banhistas dividiam os poucos metros de faixa de areia lado a lado com torcedores da... vela. A organização de Toronto 2015 reservou o espaço para fãs verem as regatas, mas a praia só funcionará oficialmente como sede do Pan neste fim de semana. Inclusive, a poucos dias das finais ainda há obras no local que envolvem a formação do centro de mídia, zonas mistas com atletas e espaço para os esportistas – as provais finais serão disputadas logo em frente a Sugar Beach.

Uma mulher com dois filhos – um deles com um binóculo acompanhando a disputa – traduz o espírito de quem foi ao local na última quarta. O telefone toca. Ela atende. “Oi, estou aqui acompanhando a vela”, diz. “Ah, é tipo uns barquinhos pequenos. Não dá para enxergar muito bem, mas é uma vista bonita”, diz, após provavelmente a pessoa do outro lado perguntar “o que é vela?”.

De fato, poucos na praia realmente se importavam com o que acontecia a bons metros de distância. Em um canto, meninas se bronzeavam. Em outro, um grupo de jovens ouvia música eletrônica em som alto, todos em traje de banho. Mais perto da reportagem, muitos liam livros enquanto aproveitavam para espantar o branquelo “bronzeado escritório”.

Velejadores disputam primeiras regatas do Pan
Velejadores disputam primeiras regatas do Pan
Foto: Osmar Portilho / Terra

Torcida tem especialistas em velas e até avós de canadense e mexicano

Mas sim: havia quem estava lá especialmente para a vela. Principalmente quem se situava bem na beira da Sugar Beach, a passos do Lago Ontario. O que mais parecia entender o que acontecia do outro lado era um casal de binóculo, que comentava ultrapassagens e afins. A todo momento, curiosos na praia viam os equipamentos da reportagem do Terra e perguntavam: “o que está acontecendo? Quem está na frente?”. Obviamente, a resposta era: “desculpa, não faço ideia. Pergunte para o casal de binóculos que eles estão sabendo legal”.

Belas meninas tomavam sol em praia de Toronto
Belas meninas tomavam sol em praia de Toronto
Foto: Osmar Portilho / Terra

Eis que de repente uma senhora solta: “olha, é meu neto em primeiro!”. A reportagem aborda e descobre: à beira do lago, havia toda uma família de canadenses para acompanhar Lee Parkhill, que inclusive terminou uma das regatas em primeiro, com o brasileiro Robert Scheidt em terceiro – em outra, as posições se inverteram. “Vocês são brasileiros? Queremos tanto que ele vá para o Rio ano que vem! Ele viaja por todos os países, é um ótimo velejador”, disse a senhora Grace Shrouder, toda orgulhosa de seu netinho de 26 anos.

Olha que não era só ela que estava com o mesmo propósito por ali. Pouco depois, surge uma mexicana: “meu neto está competindo; Não consigo ver nada, sabe como está o resultado? Só minha filha, a mãe dele, está sabendo com o binóculo”. A mexicana Sylvia Gentry acompanhava, de um guarda-sol com a bandeira do país estendida, atentamente a prova do neto Yanic Gentry – também era a mesma de Robert Scheidt, mas o mexicano não foi tão bem no dia e acabou em décimo em uma regata e em último em outra.

Toronto ainda faz obras em sede da vela
Toronto ainda faz obras em sede da vela
Foto: Osmar Portilho / Terra

O luxo, com certeza, passava longe do local: em vez de champagne, água. Em vez de garçons servindo petiscos, bolsas com qunetinhas ou pacotinhos de salgadinhos. Tudo isso, no entanto, não tirou nem de longe o charme do local à beira do azulado Lago Ontario. 

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade