Com "borboletas no estômago", Zanardi comemora ouro após xixi no chão
- Danilo Vital
- Direto de Londres
Alessandro Zanardi estava pronto para começar sua prova no ciclismo H4 dos Jogos Paralímpicos de Londres nesta quarta-feira quando uma vontade repentina de fazer xixi o acometeu. Ele se desafivelou do triciclo, se arrastou pela área de imprensa e, ali mesmo, se aliviou. Sensação comparada a esta ele pôde sentir minutos depois, na prova, sua estreia em Paralimpíada, quando correu em 24min50s22 em Brands Hatch para conquistar e medalha de ouro. Da dificuldade à glória, ele falou sobre os momentos em que esperou pelo resultado final.
» Zanardi perdeu as duas pernas em acidente na Indy; veja fotos da carreira
» Acompanhe o quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos
» De bocha a goalball, conheça os esportes da Paralimpíada
"Quando eu parei e pude ver meus concorrentes chegando, e vi que meu nome continuava no topo da classificação, comecei a ter borboletas voando no estômago. Foi muito difícil esperar, mas depois eu comecei a acreditar que algo mágico aconteceu para mim", disse o ex-piloto de Fórmula 1 e Indy, um biamputado acima do joelho e, agora, campeão paralímpico.
"Na realidade, eu nem tive que me convencer de que eu fiz tudo o que pude para me reparar para o melhor. Eu sabia. É claro que eu estava um pouco emotivo porque o prêmio é muito alto - você sabe, estamos falando dos Jogos Olímpicos, não uma corrida pelo bairro", disse, na zona mista do circuito de Brands Hatch, onde alcançou mais uma grande honraria.
Alessandro Zanardi teve uma carreira longa automobilismo, participando de 45 grandes prêmios de Fórmula 1 por equipes como Lotus, Minardi e Williams, sem jamais conseguir vencer. Correu também na Fórmula 3.000 e na Indy. Em 2001, sofreu num grave acidente na Alemanha, na qual teve amputadas as duas pernas acima do joelho. Começou a praticar ciclismo adaptado em 2007.
"Não posso dizer nada melhor nem pior. É algo em si mesmo que vai para o topo da escala, como muitos outros grandes momentos que tive a sorte de viver", disse, ao comparar a medalha de ouro a outros feitos automobilísticos. Muito exaltado pelo público, ele contou que ainda teve que resistir a uma vontade. "As pessoas estavam me incentivando. A tentação foi dar mais uma volta no circuito, mas eu temi que eles pudessem me desclassificar", complementou, satisfeito.
