PUBLICIDADE

LANCE!

Ao L!, Felipe Massa diz: 'Ninguém quer uma equipe só vencendo'

8 ago 2015 - 10h44
Compartilhar
Exibir comentários

São 13 anos na Fórmula 1, 11 vitórias, 40 pódios, 16 pole positions, um vice campeonato, corridas pela Sauber, Ferrari e Williams... Felipe Massa é dono de um currículo invejável na maior categoria automobilística do mundo, além de ter um retrospecto que não deixa a desejar a ninguém. Mas, após tanto tempo, com o que mais o piloto brasileiro poderia sonhar?

Um título. Uma das poucas colunas vagas na carreira de Massa é essa, a conquista de um campeonato. Se em 2008 ele perdeu por apenas um ponto para o inglês Lewis Hamilton e, ao deixar a Ferrari, teve o fim de sua trajetória na F-1 praticamente decretado por muitos, ele vê, sete anos após o fatídico GP do Brasil no qual deixou o Mundial escapar pelos dedos, um renascimento.

Novamente brigando à frente com a Williams, o brasileiro tem um rival indigesto, as velozes Mercedes. Ainda assim, ele ainda sonha que conseguirá vencê-los e, quem sabe, se sagrar campeão.

– Continua fazendo parte do meu pensamento e do meu trabalho: voltar a vencer, disputar um título, é isso que está dentro do meu pensamento. Quando não acontecer mais, é hora de pensar em fazer outra coisa. A hora chega a todos – disse.

Sua carreira, seus sonhos, sua temporada, a Williams. Confira esses e outros assuntos na entrevista exclusiva abaixo com Felipe Massa:

LANCE! - Você acha que você está em sua melhor fase pela Williams?

Felipe Massa - Acho que tive uma primeira parte de ano sem dúvidas melhor. Tenho um carro competitivo. Talvez nem tanto para disputar o título do campeonato, mas com certeza para fazer boas corridas e brigar entre os cinco primeiros. Estou empolgado, em uma equipe na qual tenho o maior prazer de trabalhar e que me respeita 100%. Estou super empolgado. Acredito que a segunda parte do ano pode ser ainda melhor do que já foi a primeira.

L! - A Williams é a melhor equipe na qual você já trabalhou?

FM - Considero a Williams uma super-equipe, como já trabalhei em uma antes, na Ferrari, onde disputei um título. Não posso olhar para trás e não ter prazer desse meu momento pela Ferrari, que é uma equipe incrível. Mas acho que a Williams não deve nada. Mas ela tem de seguir evoluindo. E acho que faço parte dessa evolução tão bacana que ela teve do ano anterior ao que entrei (2013) até hoje. Acho que pode melhorar ainda mais.

L! - Continua na Williams em 2016?

FM - Espero. Ainda não tem nada certo, mas também não chegou a hora (de renovar). Mas acredito que eu devo estar lá ano que vem, continuando com esse trabalho que estou fazendo.

L! - Dá para projetar a temporada da Williams em 2016?

FM - A gente sempre tem de projetar. A equipe já trabalha há um tempo no carro do ano que vem. Mais para frente, o trabalho vai ser ainda mais ligado no próximo carro do que no desse ano. As peças e a evolução que tivemos nesse ano, com ainda mais itens para chegar, já foi feito antes. Temos de trabalhar na evolução do carro para 2016. E eu acho que a Williams tem potencial para evoluir.

L! - Acha que dá para brigar com a Mercedes já em 2016?

FM - Tomara. A gente sabe que para brigar com a Mercedes tem que evoluir bastante. Temos de ter um crescimento ainda maior, o que não é fácil. Mas estou fazendo tudo o que posso para fazer parte dessa evolução de trabalho. Mas não será fácil.

L! - Como vê o momento da Ferrari?

FM - Acho que a Ferrari vem evoluindo. Ela mudou muita coisa dentro da equipe e evoluiu bastante nesse ano, principalmente comparando com os anteriores. É uma equipe grande que tem toda a possibilidade de fazer um carro vencedor, ainda mais com dois bons pilotos. Então, acho que a Ferrari melhorou, mas vive um momento em que, para bater a Mercedes, ainda tem alguns degraus pela frente.

Nota da Redação: Sebastian Vettel (ALE), da Ferrari, venceu duas corridas nesse ano (Malásia e Hungria), sendo que o time não vencia desde 2013.

L! - Qual o seu objetivo na F-1?

FM - Penso na vitória. Continua fazendo parte do meu pensamento e do meu trabalho: voltar a vencer, disputar um título, é isso que está dentro do meu pensamento. Quando não acontecer mais, é hora de pensar em fazer outra coisa. Enquanto você está em uma equipe competitiva, onde vê uma evolução e se vê importante para o time, não dá para pensar em fazer outra coisa. Na hora que eu já não tiver mais isso e não tiver a chance de estar em uma equipe competitiva, aí sim é hora de pensar em fazer outra coisa. Essa hora chega para todos.

L! - Como você vê as mudanças de regras para os próximos anos?

FM - Espero que a Fórmula 1 melhore. Sou a favor de mudanças que vão melhorar o show e trazer mais emoção para as pessoas que estão em casa e lá (no circuito) assistindo. Mudanças são importantes enquanto são inteligentes, e não apenas mudar para nada. Temos uma mudança importante para 2017, um trabalho importante em cima disso. Sou a favor, mas é importante que sejam feitas algumas mudanças para favorecer ultrapassagens, e não deixá-las mais complicadas. As pessoas teriam mais prazer em assistir. E ter outra equipe vencendo seria importante. Quando a Mercedes não está na frente, as pessoas ficam felizes. Ninguém quer uma equipe só vencendo.

NR: Para 2016, as equipes poderão escolher os pneus que querem usar em cada prova. Já para 2017, as mudanças incluem um pacote com aparência mais agressiva, redução de peso, pneus diferentes, motores mais barulhentos e cogita o retorno do reabastecimento, banido em 2009.

L! - Dá para a Fórmula 1 voltar a ser como era antes?

FM - Acho que volta de reabastecimento seria algo interessante. Eu prefiro. Mas não acredito que isso vá acontecer. As mudanças estão sendo feitas por outro lado. Mas é importante que elas sejam positivas. A mudança que as pessoas mais querem ver é mais competição e não ter uma equipe só vencendo. Isso é o principal. E tomara que isso aconteça para as pessoas terem mais prazer em acompanhar a Fórmula 1.

L! - Como você viu toda a situação envolvendo o acidente do Jules Bianchi e o seu falecimento?

FM - Acho que é muito triste o que aconteceu com o Jules, o acidente dele. A gente tem um risco na Fórmula 1, mas o piloto bater em um trator não tem a ver com o que estamos acostumados. Uma batida na largada, em uma ultrapassagem, no guard rail, um erro, fazem parte do nosso mundo. Mas o trator na pista em um momento como aquele, chovendo... Sem dúvida muito mudou desde aquele tempo. Temos o Safety Car virtual, por exemplo, que se existisse à época, aquele acidente não teria acontecido. E o Jules era muito próximo. Conheci ele quando ele ainda estava no kart. Nosso empresário é o mesmo. E isso me deixa mais triste. Prefiro não falar sobre o relatório da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) porque não foi dessa maneira que saiu. Foi um relatório do que aconteceu. Não apontaram só o Jules como culpado... Prefiro não comentar.

NR: Jules Bianchi chocou-se com um trator que retirava um carro na lateral da pista durante o GP de Suzuka (JAP). Em coma, o francês morreu nove meses depois. Em seu relatório, a FIA afirmou que o piloto não desacelerou o suficiente para evitar perder o controle do carro na pista molhada.

L! - Quem foi seu melhor amigo na Fórmula 1 e seu principal rival?

FM - Rival eu acho que todos. O Fernando Alonso, o Lewis Hamilton... Acho que todos são rivais. Talvez o Alonso por ter passado um tempo um pouco difícil com ele como companheiro de equipe, não só como rival, mas dentro da equipe também. Eu sempre tive uma relação muito próxima com a maioria dos pilotos. Mas amizade, amizade forte, é difícil de ter. Tenho uma relação muito próxima com o (Pastor) Maldonado, já que ele morou muitos anos no meu prédio. Agora ele mudou, mas a gente vai junto para algumas corridas. Ele é latino também, minha esposa é amiga da dele... Então temos uma relação bem próxima. Antes, eu tinha uma relação boa com o Rubinho (Barrichello) quando ele ainda corria, a gente estava sempre junto. Mas amizade próxima, é um pouco mais difícil na Fórmula 1. É um meio bem competitivo, e a própria categoria não ajuda. É proibido entrar na equipe do outro. Então o meio não ajuda a criar uma relação muito próxima.

L! - Quem são os pilotos do futuro para Fórmula 1? Acredita que a categoria tem bons prospectos?

FM - Temos muitos pilotos bons. Tanto os profissionais já experientes, como os jovens. Ainda mais agora com a entrada do (Max) Verstappen, que tem só 17 anos e muito talento. O Daniel Ricciardo é excepcional. O Valtteri Bottas. E espero que o Felipe Nasr tenha um futuro muito bom na Fórmula 1, até porque minha hora vai chegar daqui a pouco (risos).

13 ANOS DE HISTÓRIA

O início

Em sua primeira temporada na Fórmula 1, pela Sauber, Massa pontuou três vezes, com dois sextos lugares e um quinto.

......................

Grande passo

Em 2006, o brasileiro assinou com a Ferrari para substituir Rubens Barrichello. Logo na primeira temporada, venceu duas corridas e subiu ao pódio em outras cinco oportunidades, terminando o ano em terceiro.

......................

Triste fim

Massa disputou o título com Lewis Hamilton, da McLaren, em 2008. Na última prova do ano, no Brasil, Felipe precisava vencer e torcer para o inglês chegar em sexto, o que acontecia até a última curva, quando Hamilton garantiu uma ultrapassagem que lhe deu o título por um ponto.

......................

O acidente

Em 2009, na Hungria, Massa sofreu um grave acidente, quando uma mola do carro de Barrichello se soltou e atingiu seu capacete. O piloto chegou a ficar em coma.

......................

Recomeço

Em 2014, após quatro fracas temporadas na Ferrari, Massa assinou com a Williams. Ocupa a sexta posição nesse ano.

Lance!
Compartilhar
Publicidade
Publicidade