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Cicinho x Marcos: o santo palmeirense engolido por pombos sem asas

10 jul 2015 - 08h11
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Os comandados de Paulo Autuori tinham uma convicção em 2005: enfrentar times brasileiros no mata-mata da Copa Libertadores da América seria péssimo. Afinal, o eficiente 3-5-2 são-paulino já estava há mais de um ano em evidência e não seria surpresa para os rivais.

Quis o destino que um brasileiro aparecesse no caminho logo nas oitavas de final, obrigando o Tricolor a se reinventar, a sair do lugar-comum. Do banco, Autuori, desfez o trio de zaga e confundiu o ataque do Palmeiras. No campo, um lateral-direito usou a canhota para mandar a bola no ângulo e deixar o pentacampeão Marcos cheio de dores no chão.

– Ali foi o passo mais importante rumo ao título. E, por se tratar de um clássico, sabíamos que de lá sairia o campeão. Tenho até hoje que aquele gol foi o mais especial da minha carreira, pela beleza e pela importância. Era amigo do Marcos e ele me falva: “Onde aquela bola entrou não existe! Fiquei todo dolorido depois de me esticar e cair” – relembra o herói são-paulino.

O herói é Cicinho, último grande lateral-direito tricolor. Da Turquia, onde defende o Sivasspor, o antigo camisa 2 prova que não apagou nem um segundo sequer dos confrontos com o Palmeiras. E não são poucos momentos: o golaço no Palestra Itália e outro no Morumbi, de falta, em seu centésimo jogo pelo São Paulo.

Cicinho vibra após eliminar o Palmeiras no Morumbi (Foto: Ari Ferreira)

– O gol no primeiro jogo nos rendeu uma ótima condição e o que fechou o 2 a 0 em casa foi o de número dez mil da história da Libertadores. Sabia que a chave seria o Parque Antártica. Quando saímos com o resultado, tinha certeza que a vaga era nossa. Dentro do Morumbi não tinha jeito – vibra o ala.

Claro, Rogério Ceni também foi decisivo no Choque-Rei em gol de pênalti. Mas as noites contra os palmeirenses eram mesmo de Cicinho.

Quais as primeiras lembranças que chegam sobre os duelos com o Palmeiras?

É satisfatório lembrar de tudo. Imaginávamos a dificuldade no primeiro jogo, mas Deus me presenteou com aquele gol. Foi um gol daqueles que as pessoas falam que eu nunca mais iria acertar. E não fiz ainda mesmo (risos). Mas vou continuiar tentando até o fim da minha carreira, pode ter certeza. É o gol que mais lembro e que ainda me emociona.

Foram seus melhores jogos pelo São Paulo?

No São Paulo, não tinha jogo ruim. O time era muito bem organizado, cada um com sua responsabilidade, então eu dificilmente jogava mal. E, sem sombra de dúvidas, foi o melhor time com o qual joguei. Cada um sabia seu papel, sua limitação e ajudava o outro. Não tinha nenhuma grande estrela, mas tinha apenas jogadores dispotos.

De onde veio a amizade com o Marcos, sua grande vítima?

Tinha uma loja de carros de um amigo na Avenida Sumaré e eu sempre encontrava ele por lá, tomava café... O Marcão contava as histórias dele, brincava, mas após aquele gol no Parque Antártica ele falou meio sério: "Se precisar de emprego um dia, mostra só seus jogos contra o Palmeiras". Ele falava que não tinha como a gente não ganhar deles. "É só ver os quero-queros dos dois times. Lá no São Paulo eles têm o campo deles, voam com o peito aberto, felizes. Aqui têm a cabeça baixa, aí fica difícil". Ele era muito engraçado e me elogiou bastante.

Relembre as fichas dos dois jogos contra o Palmeiras:

FICHA TÉCNICA

PALMEIRAS 0X1 SÃO PAULO

Local: Palestra Itália, em São Paulo (SP)

Data: 18 de maio de 2005

Árbitro: Sálvio Spínola (SP)

Cartões amarelos: Gláuber e Osmar (PAL); Cicinho e Luizão (SAO)

GOL: Cicinho, 14'/2ºT (0-1)

PALMEIRAS: Marcos; Gabriel, Daniel e Gláuber (Osmar, 20'/2ºT); Bruno, Marcinho Guerreiro (Alceu, 20'/2ºT), Correa, Juninho Paulista e Lúcio; Marcinho e Washington. Técnico: Paulo Bonamigo.

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Cicinho, Fabão, Lugano e Júnior; Renan, Mineiro, Josué e Danilo; Grafite (Diego Tardelli, 26'/2ºT) e Luizão (Edcarlos, 44'/2ºT). Técnico: Paulo Autuori.

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO 2X0 PALMEIRAS

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)

Data: 25 de maio de 2005

Árbitro: Sálvio Spínola (SP)

Cartões amarelos: Rogério Ceni, Grafite, Luizão e Alê (SAO); Gabriel, Cristian, Nen, Magrão e Washington (PAL)

Cartão vermelho: Josué (SAO)

GOLS: Rogério Ceni, 36'/2ºT (1-0); Cicinho, 48'/2ºT (2-0)

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Cicinho, Fabão, Lugano e Júnior; Renan, Mineiro (Edcarlos, 42'/2ºT), Josué e Danilo; Grafite (Diego Tardelli, 27'/2ºT) e Luizão (Alê, 44'/2ºT). Técnico: Paulo Autuori.

PALMEIRAS: Marcos; Gabriel (Cristian, 16'/2ºT), Daniel e Nen; Correa (Ricardinho, 39'/2ºT), Alceu, Magrão, Juninho Paulista e Lúcio; Marcinho e Washington (Osmar, 27'/2ºT). Técnico: Paulo Bonamigo.

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