Desempenho do atletismo vira preocupação após time ganhar só um ouro no Pan
O Pan de Toronto serviu, entre muitas coisas, para jogar uma ducha de água fria na equipe brasileira de atletismo que disputará no próximo mês o Campeonato Mundial em Pequim (CHN).
Apesar de conquistar 13 medalhas e ficar atrás apenas da natação em quantidade de pódios dentro da delegação verde e amarela, o time obteve apenas um ouro, com Juliana dos Santos, na prova dos 5.000m. Para piorar, foi no atletismo que o Brasil mais levou atletas para o Pan: 80.
Outros dados reforçam o desempenho abaixo do esperado. Em número de vitórias em Toronto, o atletismo ficou atrás de esportes bem menos tradicionais e com equipes mais enxutas, como tiro esportivo (três ouros), tênis de mesa (2) e canoagem velocidade (2). E empatou com luta olímpica, levantamento de peso e até mesmo o boliche.
– Esperávamos um número maior de medalhas, tanto no total como em ouros. No entanto, devemos considerar que esta edição do Pan foi a mais forte no atletismo desde Indianápolis em 1987, nos Estados Unidos. É natural, assim, que as dificuldades tenham sido maiores em Toronto do que nas edições anteriores – justificou José Antonio Marins Fernandes, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Desde os Jogos Pan-Americanos de Cáli, em 1971, que o Brasil conseguia pelo menos duas láureas douradas na modalidade. Tal campanha ligou o sinal de alerta dentro do Comitê Olímpico do Brasil.
Juliana dos Santos foi a única medalhista de ouro do Brasil no atletismo no Pan de Toronto (Foto: AFP)
– Existem o que chamamos de pontos de atenção. Cada confederação tem sua independência, sempre foi assim. Este é um ano difícil, há vários campeonatos mundiais, os atletas e seus treinadores precisam montar um ciclo para atingir o pico, e podem não ter montado isso para o Pan. Nosso principal foco é 2016. Mas há sim um ponto de atenção no atletismo, para ver o que podemos fazer para a Olimpíada – disse Marcus Vinicius Freire, diretor executivo de esportes do COB.
Se o atletismo foi a grande decepção brasileira no Pan, parte das modalidades “pequenas” mostraram evolução em Toronto.
O tênis de mesa, por exemplo, conquistou sete das oito medalhas possíveis, sendo duas de ouro.
A canoagem também brilhou em suas duas versões, no slalom e na velocidade. Foram 14 pódios no total, com destaque para os jovens canoístas Isaquias Queiroz (21 anos) e Ana Sátila (19 anos), campeões na competição.
O Pan de Toronto também teve impacto importante na Olimpíada Rio-2016. No Canadá, o Brasil garantiu vagas nos Jogos com Hugo Calderano (tênis de mesa), Felipe Wu (tiro esportivo) e o time masculino de hóquei sobre grama, entre outros competidores.
