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Imbróglio na concessão do Maracanã se arrasta e prejudica atletas no Rio

15 set 2015 - 09h14
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O governo do estado do Rio de Janeiro está disposto a custear as reformas do Estádio de Atletismo Célio de Barros caso a Concessionária Maracanã S.A. não cumpra o contrato atual de exploração do Complexo Esportivo do Maracanã. A previsão de reabertura é o primeiro semestre de 2017. Mas a postura tem uma explicação. A remodelação do acordo entre as partes, válido por 35 anos, já se arrasta há cinco meses e parece longe de um acerto. Enquanto isso, atletas que utilizavam as instalações do entorno seguem desamparados.

Desde maio, a Maracanã S.A. se manifesta da mesma forma quando questionada sobre os novos termos da contrapartida que ela deverá oferecer ao estado para explorar o complexo esportivo. O valor inicial era de R$ 594 milhões, mas passou a ser rediscutido, uma vez que a concessionária alegou falta de lucro. Chegou-se a especular até que o Estádio do Maracanã e o Ginásio do Maracanãzinho poderiam ser devolvidos à administração pública, mas a possibilidade foi descartada.

Procurada pelo LANCE! na última segunda-feira, a Maracanã S.A. afirmou que está, ao lado do governo do estado, “em fase final de assinatura do aditivo contratual referente ao contrato de concessão, que definirá o escopo e cronograma das obras incidentais”. O documento vai estabelecer um novo valor a ser investido em troca da exploração comercial do complexo esportivo.

Em maio, o secretário estadual da Casa Civil do Rio de Janeiro, Leonardo Espíndola, anunciou que a contrapartida da concessionária cairia para cerca de R$ 120 milhões, o que representaria redução de quase cinco vezes em relação ao total previsto no edital de licitação. Naquela época, as duas partes já afirmavam que a assinatura de um aditivo estava próxima. Até agora, nada aconteceu.

– Quem vai bancar o Célio de Barros é a concessionária. Mas o governo precisa ter isso como prioridade. Se ela não cumprir, o estado vai realizar – disse o secretário estadual de Esporte e Lazer do Rio, Marco Antônio Cabral, na última segunda-feira.

O Célio de Barros foi fechado em 2013 devido aos preparativos da cidade visando à Copa do Mundo de 2014. Com exceção de um bloco de arquibancada, o estádio precisou ser destruído para a criação de um espaço que pudesse abrigar as estruturas temporárias de transmissão de TV do torneio. Atualmente, o local funciona como um estacionamento e recebe até festas.

 Estádio de Atletismo Célio de Barros virou estacionamento para a Copa do Mundo (Foto: Reprodução)

Para ser reaberto, o Célio de Barros necessita de uma nova pista, com gastos estimados pelo governo estadual em cerca de R$ 2 milhões. A obra passou a ser vista com mais urgência do que a do Parque Aquático Julio Delamare, que acabou fora da Olimpíada do Rio após a indefinição sobre quem pagaria pela reforma.

O imbróglio sobre as instalações esportivas do Complexo do Maracanã se arrasta desde 2013. Inicialmente, o Célio de Barros e o Julio Delamare seriam demolidos para a construção de um edifício-garagem e de um centro comercial, que serviriam como fonte de receitas para a concessionária, formada por Odebrecht e AEG. Mas o ex-governador Sérgio Cabral, pai de Marco Antônio, voltou atrás após uma série de protestos contra as demolições. Por isso a alegação de falta de lucro por parte das empreiteiras.

Além dos equipamentos esportivos, outros espaços do entorno foram afetados após a assinatura de um primeiro aditivo ao contrato, em janeiro do ano passado. As demolições da Escola Municipal Friedenreich, com a construção de uma nova escola municipal em terreno próximo ao Maracanã, e do prédio do antigo Museu do Índio, também foram canceladas.

Como se não bastasse, as duas partes parecem fora de sintonia diante dos questionamentos da imprensa. Enquanto a Maracanã S.A. segue afirmando que o novo aditivo ao contrato está em fase final de assinatura, o governo estadual diz que não há qualquer previsão para a remodelação do contrato. Só quando o imbróglio for solucionado e as instalações readequadas, o esporte poderá ter esperanças de se desenvolver.

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